USO DE JOGOS EM INTERVENÇÕES NAS NECESSIDADES ESPECIAIS DE CRIANÇAS: UMA PROPOSTA SUSTENTÁVEL

        

No que se refere às crianças com dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, é essencial realizar intervenções personalizadas, uma vez que cada indivíduo enfrenta desafios específicos que exigem abordagens distintas. Essas intervenções precisam ser adaptadas para promover o desenvolvimento de habilidades diárias, sejam elas cognitivas, motoras ou sensoriais. Dessa forma, é fundamental compreender que jogos didáticos e educativos não servem apenas para recreação, mas também desempenham um papel crucial no desenvolvimento social, psicológico e cognitivo, a exemplo de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e/ou Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Figura 1: Tecnologias educacionais sustentáveis

Fonte: Autores, 2024.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, da Associação Americana de Psiquiatria (APA), O TDAH é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento, que se manifesta por uma combinação de sintomas, incluindo desatenção, hiperatividade e impulsividade, em níveis excessivos e prejudiciais para a faixa etária do indivíduo (Brasil, 2022). 

Portanto, conforme o sistema de classificação adotado, a prevalência global de TDAH em crianças e adolescentes é estimada entre 3% e 8%, segundo Brasil (2022). Por outro lado, no Brasil, ainda não existem estudos específicos sobre a prevalência do TEA na população. No entanto, estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que o país pode ter mais de 2 milhões de pessoas com autismo (Brasil, 2024).

O TEA é uma condição que influencia a maneira como os indivíduos se comportam e se comunicam. Ele se define como um transtorno de saúde que apresenta dificuldades nas habilidades sociais, comportamentos repetitivos, e desafios na fala e na comunicação não verbal (Brasil, 2024).

Em ambos casos, os sintomas começam na infância e podem continuar ao longo da vida. Consequentemente, quando o transtorno não é identificado, essas crianças podem ser rotuladas como preguiçosas, desatentas ou inquietas. No entanto, no ambiente em que vivem, muitos responsáveis não compreendem a situação e acabam desconsiderando ou não adotando estratégias para lidar com elas.

Uma das abordagens mais eficazes para motivar crianças, segundo Guerra (1996) e Garganta (2000), é o uso de jogos adaptados. Quando integrados de maneira adequada aos conteúdos científicos, esses jogos tornam a aprendizagem mais dinâmica, pois oferecem aos alunos a oportunidade de resolver problemas, estimulando o desenvolvimento do raciocínio por meio de desafios e estímulos.

Assim, é importante que o educador desenvolva e utilize jogos adaptados, além de implementar estratégias de ensino que promovam uma aprendizagem significativa. Isso ajuda a reduzir as barreiras impostas pela deficiência e facilita a inserção dessas crianças em ambientes de aprendizagem enriquecedoras, moldados por sua cultura. Neste contexto, tecnologias educacionais, como a Torre de Londres, a Torre de Hanói e o Tangram, são essenciais para o desenvolvimento infantil.

Tais tecnologias atuam no desenvolvimento do raciocínio lógico, coordenação motora, criatividade, resolução de problemas, bem como concentração e proporcionam divertimento para a criança, fatores essenciais no que diz respeito ao processo de aprendizagem. Elas representam a utilização de novas metodologias de ensino, que favorecem o aproveitamento do indivíduo, seja na sala de aula ou em terapias ocupacionais (Silva et al., 2023). 

  Levando em consideração esses aspectos, é necessário pensar na produção dessas tecnologias. Uma das maneiras que podem ser empregadas é através do reaproveitamento do papel e dos resíduos de poda por meio de processos biotecnológicos simples, empregando medidas sustentáveis e de baixo custo para favorecer e facilitar o acesso a essas tecnologias. A perspectiva sustentável é o ideal do momento, que busca reduzir os danos ambientais causados pela intensa exploração do homem aos recursos naturais e visa alcançar o desenvolvimento sustentável para o mundo (Lima et al., 2019).



REFERÊNCIAS


BRASIL. Ministério da Saúde. Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/02-4-dia-mundial-de-conscientizacao-sobre-o-autismo-3/. Acesso em: 12 ago. 2024.


BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 29 de dezembro de 2022. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 dez. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/pcdt/arquivos/2022/portaria-conjunta-no-14-pcdt-transtorno-do-deficit-de-atencao-com-hiperatividade-tdah.pdf. Acesso em: 12 ago. 2024.


DA SILVA, C. A. R.; NETO, A. F.; SILVA, et al. O jogo Torre de Hanói como ferramenta mediadora no ensino de potências: um estudo com os alunos do 6º ano do ensino fundamental nível II. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, São Paulo, p. 1–18, 2023. Acesso em: 12 ago. 2024.


GARGANTA, J. Acerca da investigação dos fatores do rendimento em futebol. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 146-158, jul./dez. 1996. Acesso em: 08 ago. 2024.


GUERRA, M. Recreação e lazer. Porto Alegre: Sagra–DC Luzzatto, 1996. Acesso em: 08 ago. 2024.



Eixo Temático: Tecnologias cuidativo-educacionais para pessoas com necessidades especiais.


Texto produzido por Maria Amélia Lopes Martins, José Fellipe Lima Araruna, Kaline Oliveira de Sousa, Maria Fernanda Quaresma, Laísa de Sousa Marques e Vivian Lira Ferreira, sob orientação do Professor Dr. José Ferreira Lima Júnior.




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