Morte e morrer aos profissionais da saúde

Um estudo de Borges e Mendes (2012), traz uma entrevista na qual um profissional de saúde afirma tratar pacientes em fase terminal de maneira diferenciada dos demais, pelo fato de ter medo de no momento da assistência prestada, o paciente vim a óbito. Com isso, este profissional alega realizar seus procedimentos rapidamente, evitando contato demasiado.
Esta situação descreve o reflexo das fragilidades na formação dos profissionais de saúde a respeito das dimensões humanas. De acordo com as autoras supracitadas, esse tema não é trabalhado de maneira adequada na formação acadêmica. Por conseguinte, há despreparo dos alunos para enfrentarem a morte e o morrer, fenômeno comum aos profissionais da saúde em seu cotidiano assistencial, porém ainda permeado de mitos e tabus.

Sendo assim, o problema aqui discutido mostra que a despreparação para lidar com a morte e o morrer ocasiona interferência no cuidado direto prestado ao paciente, bem como nos familiares.

Existe o mecanismo de defesa “fuga”, que consiste no ato de evitar determinada situação, almejando fugir dos estímulos gerados por aquela circunstância. Este problema poderia ser evitado se na academia fosse trabalhado de maneira intensificada temas como ontologia, epistemologia e metafísica, onde a significação da morte e do morrer pudesse ser apreendida, diminuindo a ocorrência de mecanismos de defesa geradores de negligência.

Sendo assim, se faz necessário a elaboração de novos modelos de formação de pessoas que trabalhem mais intensamente as profundas questões filosóficas que são deixadas de lado na contemporaneidade. A fuga destes problemas parece banal, mas assim como em um efeito dominó, o despreparo para as questões da vida e do universo pode ser responsável pela morte de um ser humano.

Vivenciar a realidade de morte nas instituições de saúde é uma ação complexa, portanto, deve-se atuar de maneira consciente, ética e responsável, ajudando para a modificação de comportamentos e posturas em relação ao paciente terminal e às suas famílias.

Uma possível negligência no momento de mecanismo de defesa desses profissionais, como a fuga, estabelece uma inadequada apreensão dos sinais e sintomas por esses profissionais. Deste modo, deve-se dispensar mais debates e discussões sobre a prática do assistir no processo de morrer, a fim de que esta seja realizada de maneira humanizada, além de desvelar o fenômeno da morte em todo o ciclo de vida.

Referências

BORGES, M. S.; MENDES, N. Representações de profissionais de saúde sobre a morte e o processo de morrer. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 65, n. 2, p. 324-31, 2012.
SOARES CANTIDIO, F.; VIEIRA, M. A.; DE SENA, R. R. Significado da morte e de morrer para os alunos de enfermagem. Invest. educ. enferm,  Medellín, v. 29, n. 3, p. 407-18 Nov.  2011.  


Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Paloma Gurgel e pelo Professor Me. Marcelo Costa

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