A importância da autonomia e independência frente a violência contra a pessoa idosa

O processo de envelhecimento está presente nos países desenvolvidos e/ou em desenvolvimento, fato relacionado a mudanças demográficas, que impulsionaram o maior número de pessoas idosas, quando comparadas aquelas com idades mais jovens.




Trata-se de um processo natural e inerente ao ser humano, podendo vir acompanhado por particularidades, como a perda da cognição, humor/comportamento, mobilidade e comunicação (MOREIRA, 2013). Condição que pode aumentar os índices de violência contra os idosos, que em grande parte tendem a partir do próprio ambiente domiciliar, seja por agressões sofridas pelos cuidadores familiares e/ou empregados (BRITO, 2017).

A violência se configura como um acontecimento completo, multicausal e histórico que pode afetar indivíduos, famílias, comunidades, bem como a sociedade de forma integral. Sua superação envolve diferentes componentes sociais e exige diversos olhares e modalidades de intervenção (BRASIL, 2012).

A violência ao idoso se configura por diversas formas, sendo elas:
       Físicos - como empurrões, golpes, queimaduras, administração de medicamentos de maneira abusiva e quaisquer outras ações que ocasionem dor física.
       Psicológicos - são comportamentos que podem provocar danos psicológicos, tais como: intimidar, infantilizar, humilhar, ameaçar, desmoralizar, isolar, insultar e chantagear.
       Sexual - qualquer tipo de contato sexual sem consentimento.
       Exploração material ou financeira - uso abusivo de fundos ou bens de propriedade da pessoa idosa, tais como: uso indevido de fundos, transferência de dinheiro, venda de objetos, assinatura forjada em cheques ou outros documentos legais/financeiros.
       Abandono - quando quem tem responsabilidades em prestar cuidados ao idoso o larga e/ou não o ampara, sejam familiares ou não.
       Negligência - caracterizada como omissão ou ineficiência das necessidades básicas da pessoa idosa, como não prestar cuidados de higiene e alimentação adequada, não procurar acompanhamento médico, mesmo havendo necessidade, entre outros. (DIAS, 2017)

Esses diversos tipos de violência, além de influenciar na qualidade de vida, também podem ocasionar consequentemente na perda de autonomia e independência da pessoa idosa, que muitas vezes nem percebe que isso acontece ou simplesmente aceita essa perda como consequência do envelhecimento (BRITO, 2017).

Desta forma, trabalhar a autonomia e independência da pessoa idosa torna-se importante, por possibilitar-lhe maior autoconfiança para assumir suas decisões e posicionamentos, ressignificando sua própria existência frente a essa nova etapa de vida (SILVEIRA, 2009).

A autoaceitação do idoso como tal é de suma importância para que ele venha a ter um envelhecimento ativo e saudável, ademais, torna-se importante a aceitação do envelhecimento por parte da família, bem como o respeito a autonomia do idoso, para que haja melhor compreensão da condição do idoso como pessoa digna de exercer seus direitos (BRITO, 2017), podendo possibilitar também, a partir dessa compreensão, a diminuição das situações de violência contra essa população.

A aceitação do indivíduo frente ao envelhecimento pode ser favorecida quando na vida adulta há contato efetivo com idosos e, quando ao se atingir a sexta fase da vida se tem contato com outras pessoas dessa mesma faixa etária, o que ajuda na melhor compreensão e enfrentamento de possíveis alterações cronológicas (PEREIRA; FREITAS; FERREIRA, 2014).

Desse modo, torna-se importante cuidar das pessoas idosas na perspectiva de estimular mecanismos de comunicação com si próprio e com o outro, enfatizando o envelhecimento como uma fase evolutiva inevitável da vida, que pode ser vivida sem medos ou restrições.


Referências:
BRITO, A.C.M; ARAÚJO, JD; TEMOTEO, R.C.A. A Influência da Capacidade de Decisão da Pessoa Idosa na Qualidade de Vida: um Estudo Reflexivo. Anais V Congresso Internacional de Envelhecimento Humano (CIEH). Ciência e Representações da Longevidade. Maceió, Alagoas. V. 1, n. 1. Novembro, 2017.

DIAS, Gabriela. Violência contra a pessoa idosa. Powerpoint, Color. Secretaria de Estado da Saúde. Santa Catarina. Abril, 2017.

MOREIRA RM, SANTOS CES, COUTO ES, TEIXEIRA JRB, SOUZA RMMM. Qualidade de vida, saúde e política pública de idosos no Brasil: uma reflexão teórica. Rev. Kairós Gerontologia. V. 16, n. 1, p. 27-38. Março, 2013.

PEREIRA, R. F; FREITAS, M. C.; FERREIRA, M. A. Velhice para os adolescentes: abordagem das representações sociais. Rev. bras. enferm.  Brasília, v. 67, n. 4, p. 601-609.  Agosto, 2014.

Secretaria Municipal da Saúde. Documento norteador para a atenção integral às pessoas em situação de violência do município de São Paulo. [Internet]. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde; 2012.

SILVEIRA, N. D. R. A pessoa idosa: educação e cidadania / Nadia Dumara Ruiz Silveira, Maria Cristina Bortolozzo, Dirce Maran de Carvalho; [coordenação geral Áurea Eleotério Soares Barroso]. - São Paulo: Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social: Fundação Padre Anchieta, 2009.

Texto elaborado pelos acadêmicos de Enfermagem Bruno Freire Braun Chaves, Gustavo de Sousa Lira e Maria Rafaela Dias de Freitas, pela Enfermeira Alêssa Cristina Meireles de Brito e pela professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Contate-nos

A inserção de atividades sobre habilidades sócio emocionais nas escolas em tempo integral

O impacto do racismo estrutural na resposta ao HIV/AIDS