Papel da insulina na regulação do metabolismo da glicose e sua relação com o Diabetes Mellitus
A
insulina é um hormônio peptídico secretado pelas células beta do pâncreas principalmente
em resposta ao aumento na concentração sérica da glicose, fonte energética
primária do metabolismo humano. Em conjunto com o glucagon, outro hormônio
secretado pelo pâncreas, a insulina promove a manutenção dos níveis de glicose
em uma faixa estreita, de modo que, a desregulação desse controle pode
favorecer condições patológicas como Diabetes Mellitus (DM), doenças
cardiovasculares, nefropatia e outras (NEWSHOLME, 2014).
(FONTE:
http://www.askmi.com.br/blog_2014/wp-content/uploads/2016/12/AskMi1.jpg)
Para
entender como funciona o mecanismo de regulação da glicose promovido pela
insulina, partiremos de como é feita sua excreção. Após uma refeição rica em
carboidratos, a glicose sanguínea é aumentada pela absorção intestinal e, ao
chegar no pâncreas, é absorvida pelas células beta através dos receptores
GLUT-2. Uma vez dentro da célula, a glicose
é oxidada e entra na glicólise. O aumento do catabolismo da glicose, promove o
aumento na concentração de ATP, induzindo o fechamento dos canais de potássio
controlados por ATP. Por consequência, ao ser reduzido o efluxo de potássio (K+),
a membrana da célula se despolariza e os canais de cálcio (Ca2+)
dependentes de voltagem são abertos.Com isso, há a elevação dos níveis de Ca2+citosólico
promovendo a liberação da insulina por exocitose (JOSHI, 2007).
Após ser liberada, a insulina promove o aumento
da captação de glicose pelo tecido adiposo e muscular. Sua interação com
receptores de membrana estimula uma cascata de reações que culminam na expressão
de proteínas transportadoras de glicose, a GLUT-4. Uma vez alta a concentração
sérica da glicose, no fígado, a sinalização promovida pela insulina aponta para
a necessidade de produzir estoques, na forma de glicogênio,através da ativação
da glicogênio-sintase, e ainda para a não degradação dos estoques existentes,
por meio da inibição da glicogênio-fosforilase. Por outro lado,
como resultado indireto do aumento da oxidação da glicose, há a formação
excessiva de acetil-CoA, não necessária para a produção de energia, sendo
utilizada para a síntese de ácidos graxos, exportados do fígado para o tecido adiposo
como triacilgliceróis (TAG) de lipoproteínas plasmáticas.Esses TAG são armazenados no tecido
adiposo em forma de gordura, bem como excedentes advindos do excesso de
glicose, por estímulo insulínico (NELSON, 2018).
Nesse
contexto, desordens metabólicas que interferem na atuação ou produção da insulina
levam à instalação de um quadro hiperglicêmico crônico, instaurando a DM e suas complicações. Segundo aInternational Diabetes Federation, em 2017, no mundo,
aproximadamente 425 milhões de adultos entre 20 e 79 anos são diabéticos, sendo
a previsto o aumento desse número para 629 milhões até 2045. Assim, como
problema de saúde mundial, faz sentido o encorajamento de programas promotores
de educação em saúde voltados a hábitos que ajudam no controle glicêmico e
reduzem a ocorrência da DM.
Referências:
JOSHI, Shashank R.; PARIKH, Rakesh M.; DAS, A. K.
Insulin-history, biochemistry, physiology and pharmacology. Journal-Association
of Physicians of India, v. 55, n. L, p. 19, 2007.
NELSON, David
L.; COX, Michael M. Princípios de Bioquímica de Lehninger-7. ArtmedEditora, 2018. p.929 -970.
NEWSHOLME, Philip et al. Nutrient regulation of
insulin secretion and action. JournalofEndocrinology, v. 221, n. 3, p. R105-R120,
2014.
Texto elaborado
pelo acadêmico de Medicina José Vinicius de Souza Almeida e pela professora Dra. Rafaele
Cavalcante Lira.
Muito didático.
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