Desenvolvimento Socioemocional de Crianças com Altas Habilidades


A legislação brasileira aponta que “são considerados alunos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam potencial elevado e grande envolvimento com áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas, tais como as áreas intelectual, acadêmica, psicomotora, de liderança e de criatividade, associados a um alto grau de motivação para a aprendizagem e para a realização de tarefas em assuntos de seu interesse” (SÃO PAULO, 2012).



A contemporaneidade social brasileira, seja no que se refere a profissionais da saúde, da educação e demais envolvidos na construção socioeducativa, ainda possui uma visão ainda equivocada acerca das altas habilidades e superdotação, onde essa perspectiva está entrelaçada, infelizmente, por uma série de estereótipos e crenças errôneas e preconceituosas junto ao senso comum. Ademais, há também percepções distorcidas dos próprios profissionais, inclusive na área da Educação Especial e da saúde, o que prejudica o atendimento, a assistência e o ensino desta população. Portanto, torna-se importante a discussão, objetivando esclarecimentos e a desmistificação do tema, sempre buscando ampliar os conhecimentos dos profissionais para mudar a realidade e aumentar o leque de possibilidades do ensino e da assistência no Brasil (AMARAL, 2018).
Em consonância, ao se analisar as potencialidades existentes em cada ser humano, é inegável a importância da família durante o processo de desenvolvimento, de adaptação e de compreensão das crianças portadoras de altas habilidades/superdotação, onde no Brasil têm-se demonstrado que a trajetória familiar é acompanhada por muitas resistências e dificuldades durante o processo de aceitação social e atendimento educacional especializado. Os pais sofrem quando são informados sobre a superdotação ou alta habilidade do filho, podendo apresentar reações de pavor, preocupação, incerteza, culpa, responsabilidade, medo, alívio e insegurança sobre como proceder para a vida do filho (FERREIRA, 2017).
No Brasil existe o Decreto 7.611 que assinala sobre o atendimento especializado ser compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos suplementares à formação de estudantes com altas habilidades/superdotação. Essas atividades devem ser compreendidas para a promoção de estímulos e experiências investigativas que sejam compatíveis com os interesses e as necessidades apresentadas pelo estudante alvo, fundamentadas em ações planejadas e preparadas, de modo que se proporcione uma troca de conhecimentos, investigação de temas variados, desenvolvimento de distintas habilidades, envolvimento em trabalhos no contexto real e condução de experimentos (RANGNI, 2017).
Portanto, a discussão dessa temática trouxe à tona a reflexão de que as altas habilidades/superdotação não se restringem a um fator único, antes, porém, é um fenômeno multidimensional e complexo, que extrapola os limites de classe social, gênero, raça, nacionalidade ou genética. Logo, sendo assim, as crianças identificadas como alto-habilidosas precisam ser compreendidas em suas potencialidades, talentos, capacidades e multifatores culturais presentes em suas vidas, bem como serem incentivados e motivados para o desenvolvimento de sua capacidade de interação social, maximizando assim seu desenvolvimento educacional, emocional e social.



REFERÊNCIAS:

AMARAL, D. de F. C. et al. Um novo olhar para as altas habilidades/superdotação no município de São José dos Pinhais – pr. Revista Expressão Católica. V. 7, N. 1. Jan – Jun; 2018.

FERREIRA, D. M. Altas habilidades/superdotação e família: levantamento e análise de produções acadêmicas. Série-Estudos. V. 22, n. 44, p. 239-253, Campo Grande, MS, jan./abr. 2017.

RANGNI, R. A. et al. Identificação de educandos com altas habilidades: o laudo clínico é essencial? Revista Educação Especial. V. 30,  n. 58, p. 313-324. Santa Maria, RS maio/ago. 2017.

SÃO PAULO (Estado). Resolução nº 81, de 7 de agosto de 2012. São Paulo, Disponível em: <http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/81_12.HTM?Time=9/6/2012>. Acesso em: 02 dez. 2019.

Texto elaborado pela Acad. Enf. Geórgia Gabrielle Gonçalves Ferreira e orientado pelo Prof. Dr. José Ferreira Lima Júnior.

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