Sintomas e complicações clínicas nos pacientes infectados pelo Sars-Cov-2 (Coronavírus)


O COVID-19 consiste numa patologia altamente transmissível causada pela infecção do coronavírus SARS-CoV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave). A principal via de transmissão desse patógeno se dá principalmente através de gotículas respiratórias, embora outras possibilidades de contágio são analisadas. Devido à alta infectividade, a doença afeta atualmente mais de 200 países, configurando-se como uma pandemia segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A sua gravidade varia de uma gripe branda a uma pneumonia abrupta, insuficiência respiratória e morte (GUPTA et al., 2020).

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Os pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 exibem uma variedade de manifestações clínicas. Numa Síndrome Gripal típica, os sintomas podem variar desde um quadro leve e assintomático (principalmente em jovens adultos e crianças) até uma apresentação grave, incluindo sepse e parada respiratória. Em geral, os sintomas comuns são febre alta, tosse seca, dispneia, calafrios, dor muscular, dor de cabeça, dor de garganta, rinorreia, dor no peito, produção de expectoração, fadiga, hemoptise, náusea/vômito e diarreia. Nos casos mais graves, os indivíduos são acometidos por uma pneumonia severa, aumentando consideravelmente a taxa de mortalidade (LEE et al., 2020).

As principais complicações que surgem ao longo da infecção são de ordem respiratória, como a pneumonia e a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda – SARA. A falência da função respiratória mostra-se mais perigosa em idosos, necessitando da suplementação de oxigênio na fase intensa, enquanto outra parte dos pacientes evolui para a SARA, sendo necessário um suporte invasivo do ventilador mecânico. Por isso, pacientes testando positivo para SARS-CoV-2 podem mostrar alterações radiográficas avançadas do pulmão, encontrando-se opacidades pulmonares em vidro fosco indicando pneumonia após 7 a 10 dias da infecção.  Observa-se que esses problemas geralmente são mais leves em pacientes pediátricos (PAL et al., 2020).


Considerando que na patogênese da doença o vírus invade as células hospedeiras através do receptor ECA2 (enzima conversora de angiotensina 2), que é altamente abundante no tecido pulmonar, sabe-se que a ECA2 também é expressa em células endoteliais. O impacto de esse fator estar no surgimento de outras complicações sistêmicas relacionadas ao endotélio, provocando disfunção de múltiplos órgãos como lesão cardíaca aguda, trombose (coagulopatias), doenças renais, embolia pulmonar, distúrbios cerebrovasculares e neurológicos. Particularmente nas doenças renais, a severidade das lesões pode levar a necessidade de se realizar a hemodiálise para auxiliar a função renal prejudicada. Isso explicaria o porquê de muitas comorbidades, como hipertensão e diabetes serem apontadas como potenciais fatores de risco para o agravamento da infecção (SARDU et al., 2020).

Há também relato de casos de pacientes infectados pelo Sars-Cov-2 cujo único sinal e sintomas observados foram um quadro de conjuntivite. O coronavírus possui a capacidade de afetar os olhos humanos, representando outra porta de entrada para esse vírus, o que aumentaria as chances de provocar manifestações patológicas oculares. Essa característica explicaria a ocorrência de casos de conjuntivite aguda, na qual nos indivíduos que apresentaram essa condição foram descritos uma hiperemia conjuntival, epífora, corrimento e fotofobia (SCALINCI; BATTAGLIOLA, 2020).

Referências


GUPTA, R. et al. Considerações clínicas para pacientes com diabetes em épocas de epidemia de COVID-19. Diabetes e síndrome metabólica , v. 14, n. 3, p. 211, 2020.

LEE, Y. et al. Prevalência e duração da perda aguda de olfato ou paladar em pacientes com COVID-19. Journal of Korean Medical Science , v. 35, n. 18, 2020.

PAL, M. et al. Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus-2 (SARS-CoV-2): Uma Atualização. Cureus , v. 12, n. 3, 2020.

SARDU, C. et al. Hipertensão, trombose, insuficiência renal e diabetes: COVID-19 é uma doença endotelial? Uma avaliação abrangente das evidências clínicas e básicas. Journal of Clinical Medicine , v. 9, n. 5, p. 1417, 2020.

SCALINCI, S. Z.; BATTAGLIOLA, E. T. A conjuntivite pode ser o único sinal e sintoma de apresentação do COVID-19. IDCases , p. e00774, 2020.


Texto produzido pelo acadêmico de Farmácia José Isaac Alves de Andrade e pela Prof. Dra. Rafaelle Cavalcante de Lira.



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