Escorbuto ou Mal da Angola - a endemia das grandes navegações
Imagine você sendo um marinheiro das grandes
navegações de Pedro Álvares Cabral ou Vasco da Gama, no século XVI, onde se
passava meses em alto mar, restrito a péssimas condições de higiene e alimentação
desprovida de verduras e frutas frescas. Nessas condições, você seria mais um
dos marinheiros sujeitos a adquirir escorbuto.
Porém, o que seria escorbuto? O Escorbuto, também
conhecido como Mal da Angola, local onde os homens começavam a adoecer durante
as excursões marítimas, sendo uma das mais antigas doenças conhecidas, com
registros no Velho Testamento, pergaminhos Egípcios e Grécia, resulta do baixo
consumo de alimentos ricos em Vitamina C.
A vitamina C também conhecida como
ácido ascórbico,
corresponde ao grupo das vitaminas hidrossolúveis e, como a maioria delas, não
se armazena no corpo, sendo eliminada em pequenas quantidades através da urina.
O ácido ascórbico é necessário para a síntese de
colágeno funcionalmente ativo, fundamental para a produção de fibrinas que
atuam no processo de reparação do tecido conectivo e a cicatrização de
feridas. O déficit de vitamina C leva à
baixa produção de colágeno, resultando em manifestações clinicas e intensas
debilidades físicas. Os sinais de deficiência em indivíduos bem nutridos
só aparecem após quatro a seis meses de baixa ingestão (valores menores que 10
mg/dia), quando as concentrações plasmáticas e dos tecidos diminuem
consideravelmente. Os sintomas mais característicos da doença são:
- Equimoses e
petéqueias;
- Hemorragia Ocular;
- Deformidades
Dentárias;
- Perda de apetite e
falta de energia nos membros e articulações;
- Histeria e Depressão;
O
ácido ascórbico também atua em diferentes processos biológicos no ser humano, entre
eles no Sistema
Imunológico, proporcionando motilidade leucocitária, quimiotaxia,
atividade bactericida e transformação linfocítica; stress oxidativo, realizando a inativação de
radicais livres, que podem destruir as membranas celulares através da
peroxidação lipídica; doenças cardíacas, reduzindo
o endurecimento arterial e a agregação plaquetária, entre outros.
A necessidade
diária de vitamina C é estimada entre 25 mg e 30 mg por 1.000 kcal
(FAO/OMS,1998), que devem ser obtidas por meio da ingestão de alimentos de
origem vegetal e frescos, que possuam altas concentrações de vitamina
C. Porém, se faz necessário manter o controle da ingestão desta vitamina,
pois, se houver a redução brusca das concentrações de vitamina C após um longo período de ingestão, poderá
ocorrer o chamado Escorbuto de Rebote.
A necessidade
diária de vitamina C pode ser encontrada
nos alimentos comuns do dia a dia de uma pessoa. Segue abaixo uma tabela com os
valores referenciais:
Alimentos
|
Vitamina
C (mg/100g)
|
Acerola
|
1677,5
|
Pimentão vermelho cru
|
190,0
|
Goiaba
|
184,0
|
Brócolis crú
|
93,2
|
Brócolis cozidos
|
74,6
|
Repolho crú
|
57,0
|
Laranja
|
53,2
|
Couve-flor crua
|
46,4
|
Limão
|
46,0
|
Caju
|
40,0
|
O importante da
dieta é a variedade alimentar, sempre procurando alimentos ricos em Vitamina C,
frescos e sem a presença de agrotóxicos. Desta forma, o organismo fica bem suprido
de suas necessidades diárias, proporcionando melhores condições físicas,
fisiológicas e mentais.
Referências
BANA,
F. C. Vitamina C: Revisão da Aplicação
Clínica. Disponível em:<
http://www.nutricaoclinica.com.br/textos-cientificos/NC/vitamina_C_aplicacao_clnica.htm>.
Acesso em 11 de Junho de 22014.
LEHNINGER, A. L.; NELSON, K. Y. Princípios de Bioquímica. 4. ed. São
Paulo: Sarvier, 2006.
VANNUCCHI,
Helio; ROCHA, Marcele de Moraes. Ácido
Ascórbico (vitamina C). São Paulo: ILSI Brasil - International Life
Sciences Institute do Brasil, 2012.
Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Paulo Nascimento e pelo Professor Dr. Éder Freire
Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Paulo Nascimento e pelo Professor Dr. Éder Freire
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