Abordagem sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Em 1906, o psiquiatra Plouller deu introdução ao termo
autismo como item descritivo do sinal clínico de isolamento. No entanto, o
primeiro conceito atribuído ao autismo, como doença clínica, se deu em 1943
pelo austríaco Leo Kanner, médico do Hospital Johns Hopkins (em Baltimore, nos
Estados Unidos), o qual analisou crianças na faixa etária de 2 a 8 anos e
chamou o transtorno de distúrbio autístico de contato afetivo (CAMARGOS Jr. et
al., 2005).
FONTE: http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/14900-transtorno-do-espectro-do-autismo-entender-e-acolher
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-5 (2014), o Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) constitui-se em um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits comunicativos, interacionais e por comportamentos repetitivos e restritos.
Ademais, conforme as Diretrizes de Atenção à Reabilitação da
Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (2014), este transtorno é
etiologicamente multifatorial; se associando ao ambiente e razões genéticas. No
que tange à etiologia ambiental, evidencia-se que agentes agressores cerebrais
das áreas relacionadas com a patogênese dos TEA podem ser um fator decisivo
para o desenvolvimento da doença, dando destaque para infecções perinatais,
parto prematuro e asfixia. Já em relação às causas genéticas, as mais comuns
são: alterações cromossômicas que podem ser detectadas pelo método convencional
(Cariótipo), representando 5% dos casos; microdeleções/microduplicações, sendo
10%; e doenças monogênicas encontradas no sistema nervoso associado ao TEA
compondo uma porcentagem de 5%. Porém, mesmo diante das existências de muitos
estudos, cerca de 70% dos casos possuem causa genética desconhecida (CHRISTIAN;
HUDA, 2011).
Além disso, vale frisar que o TEA não tem cura, e seu quadro
clínico pode variar de acordo com a idade, nível de linguagem e capacidade cognitiva.
Segundo o DSM-5, dentre os sintomas relatam-se: anormalidades na compreensão da
intenção dos outros, diminuição do contato visual interativo e uso e
compreensão atípicos de gestos.
Devido à heterogeneidade da sintomatologia e à gravidade do
TEA, o diagnóstico pode ser feito em crianças de faixas etárias distintas. O
que se observa é a idade em que os sintomas foram reconhecidos, e não a idade
em que eles realmente começaram. Outrossim, percebe-se que a prevalência é mais
abordada do que a incidência (SUSAN L. et al., 2020).
Atualmente, este transtorno vem ganhando cada vez mais
notoriedade, tendo em vista que o número de pessoas diagnosticadas com ele
aumentou bastante em comparação com os anos anteriores. Contudo, mesmo tendo
aumentado o número de diagnóstico, ainda se percebe que a maioria desses
diagnósticos ocorrem em classes socioeconômicas com melhores condições (SUSAN
L. et al., 2020).
De fato, a prevalência de crianças com autismo aumentou ao
longo do tempo, devido a isto surgem muitos questionários acerca de tal aumento
(KIM et al., 2014). A Organização Pan-Americana de Saúde aponta que existem
muitas explicações possíveis para este crescimento, incluindo maior consciência
do assunto, expansão dos critérios de diagnóstico, bem como o uso de ferramentas
diagnósticas melhores, assim como melhoria nas informações reportadas (OPAS,
2017).
Mundialmente, há uma estimativa de 1 em 160 crianças que
apresentam tal transtorno. Há grandes diferenças na prevalência relatada entre
os estudos. No entanto, alguns relatórios de pesquisa bem controlados têm
números muito maiores. Logo, a intervenção na primeira infância é essencial
para o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas portadoras deste transtorno,
sendo importante o esclarecimento sobre as informações, serviços, referências e
apoio para elas e seus familiares, a partir do momento em que são
diagnosticadas (OPAS, 2017).
Torna-se evidente, portanto, que é necessário ter um olhar
mais atencioso para identificar pessoas com esse transtorno e, com isso, poder
intervir precocemente na vida delas. Isso reveste-se de grande valor, pois
possibilita uma melhor qualidade de vida tanto para o paciente com TEA quanto
para seu cuidador, além de oferecer um maior entendimento das necessidades e
aplicações de tratamentos adequados e específicos.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed, 2014. 50-55 p. ISBN 978-85-8271-089-0.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 57-58 p. ISBN 978-85-334-2089-2.
CAMARGO Jr., W.,
et al. Transtornos invasivos do
desenvolvimento: 3o Milênio. Brasília: CORDE, 2005. 11 p. Disponível em: https://www.fcee.sc.gov.br/downloads/biblioteca-virtual/educacao-especial/cevi/241-transtornos-invasivos-do-desenvolvimento-3-milenio/file. Acesso em: 12 outubro 2020.
CHRISTIAN, P. S., HUDA, Z. Y. Schaaf Christian P, Zoghbi Huda Y. Solving the autism
puzzle a few pieces at a time. Neuron 2011; 70:
806–808. doi: 10.1016 / j.neuron.2011.05.025. Disponível em: https://www.cell.com/neuron/fulltext/S0896-6273(11)00443-0?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0896627311004430%3Fshowall%3Dtrue.
Acesso em: 11 outubro 2020.
KIM,
Y. S., FOMBONNE, E., KOH, Y. J., KIM, S.J., CHEON, K.A., LEVENTHAL, B.L.. A comparison of DSM-IV pervasive
developmental disorder and DSM-5 autism spectrum disorder prevalence in an
epidemiologic sample. J
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ORGANIZAÇÃO
PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Folha
informativa-Transtorno do espectro autista. Brasília: 2017. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?Itemid=1098.
Acesso em: 11 outubro 2020.
SUSAN L. H., et al. Identification, Evaluation, and Management of Children With Autism Spectrum Disorder. https://doi.org/10.1542/peds.2019-3447https://pediatrics.aappublications.org/content/145/1/e20193447.long
Linha de pesquisa: Tecnologias Cuidativo-Educacionais para pessoas com necessidades especiais.
Texto elaborado pelos acadêmicos Kaline Oliveira de Sousa, Francisco José Ferreira Filho e Maria Amélia Lopes Martins, sob orientação do professor Dr. José Ferreira Lima Júnior.
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