Fatores associados a incontinência urinária em mulheres idosas

O envelhecimento inegavelmente traz consigo inúmeras propensões a novos desafios referente a patologias, as quais podem ser evitadas ou postergadas, como é o caso da incontinência urinária (IU), que pode afetar o envelhecimento saudável, ocorrendo com maior frequência nas mulheres idosas.

A IU é definida como qualquer perda involuntária de urina, sendo uma patologia causadora de múltiplos impactos sobre as atividades diárias, interação social e percepção da própria saúde, se relacionando diretamente com o bem-estar social e mental, impactando na baixa autoestima, gerando problemas sexuais, vindo a afetar de modo significativo a qualidade de vida (ALMEIDA; MACHADO, 2012).

(Fonte: https://portalamigodoidoso.com.br/wp-content/uploads/2013/02/incontinemcia-urinaria-2-702x336-696x333.jpg)

Patologia que pode ocorrer em ambos os sexos, acometendo principalmente as mulheres, variando por faixa etária, com maior prevalência em idosas, podendo variar de 26,2% a 37,9%. Essa alta prevalência em idosas pode ser devido às transformações físicas e funcionais inerentes no processo de envelhecimento humano, como o climatério e a menopausa (TOMASI et al., 2017).

Essa prevalência em mulheres idosas advém das diferenças existentes, no comprimento uretral e na anatomia do assoalho pélvico, além dos efeitos da gestação e parto nos mecanismos de continência e de alterações hormonais, que são caracterizadas pelo esgotamento dos folículos ovarianos e hipoestrogenismo progressivo. Apesar de muitas mulheres ainda considerarem erroneamente a IU como um fenômeno normal do próprio envelhecimento, essa patologia pode vir a englobar diversos domínios do ser (CARNEIRO et al., 2019).

Quando presente, a IU pode abranger os domínios físico, psicológico e social, evoluindo negativamente em decorrência de agressões externas, uma vez que a IU caracteriza-se como o resultado final de diversos fatores de risco subjacentes. Já a manutenção da continência depende dentre outros fatores, da cognição, de adequada mobilidade e de um ambiente apropriado e seguro (KESSLER et al., 2018).

Quando a mobilidade é reduzida e a idosa encontra-se em um ambiente domiciliar inapropriado, é possível perceber maior dificuldade da idosa para ir ao banheiro, o que amplia o risco de quedas. Além disso, observa-se perda urinária ao espirrar ou tossir, sintomas presente muitas vezes há anos, não sendo indicativo à busca por tratamento, em face ao desconforto e vergonha de se ter interação social, o que acaba afetando o psicológico da mulher idosa (FERREIRA; KAWASARA; BATISTA, 2019).

Preocupação que desperta a necessidade de políticas públicas que viabilizem maior acesso à informação e serviços de atenção a saúde que ofertem prevenção e/ou tratamento para a IU, em especial na Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada do Sistema Único de Saúde.

Na APS, é necessário fortalecer orientações fornecidas por profissionais de saúde, com intuito de promover o autocuidado e percepção de saúde da mulher idosa, a fim de transmitir saberes de modo claro e objetivo, com linguagem fácil e acessível, como (TOMASI et al., 2017):

• Orientação alimentar e atividade física;

• Exercícios de fortalecimento pélvico;

• Envolver parceiro/família no cuidado;

• Educação em saúde sobre o tema;

• Solicitar diário miccional;

• Orientar ingestão de líquidos;

• Micção programada e;

• Verificação das medicações utilizadas como na HAS e DM

Além dessas orientações, é de extrema importância o tratamento fisioterapêutico na reabilitação dessas mulheres, tendo como objetivo aumentar a resistência dos músculos do assoalho pélvico, visando a prevenção da evolução da IU, contribuindo na redução da frequência, gravidade da doença ou retardo da necessidade de cirurgia.

Os exercícios de fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico podem ser realizados com, por exemplo: cones vaginais, que são dispositivos que diferem em tamanho, forma e peso; e o biofeedback, o qual tem como objetivo melhorar os processos fisiológicos pela conscientização corporal da musculatura perineal e a eletroestimulação, que reestabelece as conexões entre as fibras musculares promovendo aumento do tônus e melhora na sua função (FERREIRA; KAWASARA; BATISTA, 2019).

Dado isso, é visível à necessidade do conhecimento sobre dos fatores causadores da IU em cada pessoa, de modo a planejar ações direcionadas de prevenção, orientação e tratamento para que se amenize o impacto da incontinência, ofertando o tratamento adequado de forma a possibilitar maior qualidade de vida.


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, P. P.; MACHADO, L. R. G. A prevalência de incontinência urinária em mulheres praticantes de jump. Fisioter. mov. v.25, n.1, p.55-65, 2012.

CARNEIRO, J. A. et al. Prevalência e fatores associados à incontinência urinária em idosos não institucionalizados. Cad. Saúde Colet. v.25, n.3, p.268-277, 2017.

FERREIRA, C. L.; KAWASARA, K. T.; BATISTA, P. A. Prevalência de incontinência urinária em idosas de instituição de longa permanência. Fisioter. Bras. v.20, n.6, p.773-81, 2019.

KESSLER, M. et al. Prevalência de incontinência urinária em idosos e relação com indicadores de saúde física e mental. Rev. bras. geriatr. gerontol. v.21, n.4, p.397-407, 2018. 

TOMASI, A. V. R. et al. Incontinência urinária em idosas: práticas assistenciais e proposta de cuidado âmbito da atenção primária de saúde. Texto contexto - enferm. v.26, n.2, e6800015, 2017.

Texto elaborado pelo Acad. de Enf. Gustavo de Souza Lira e pela Prof. Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.

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