Fatores associados a incontinência urinária em mulheres idosas
O envelhecimento inegavelmente traz
consigo inúmeras propensões a novos desafios referente a patologias, as quais
podem ser evitadas ou postergadas, como é o caso da incontinência urinária
(IU), que pode afetar o envelhecimento saudável,
ocorrendo com maior frequência nas mulheres idosas.
A IU é definida como qualquer
perda involuntária de urina, sendo uma patologia causadora de múltiplos
impactos sobre as atividades diárias, interação social e percepção da própria
saúde, se relacionando diretamente com o bem-estar social e mental, impactando
na baixa autoestima, gerando problemas sexuais, vindo a afetar de modo
significativo a qualidade de vida (ALMEIDA; MACHADO, 2012).
Patologia que pode ocorrer em ambos os sexos, acometendo principalmente
as mulheres, variando por faixa etária, com maior prevalência em idosas,
podendo variar de 26,2% a 37,9%. Essa alta prevalência em idosas pode ser
devido às transformações físicas e funcionais inerentes no processo de
envelhecimento humano, como o climatério e a menopausa (TOMASI et
al., 2017).
Essa prevalência em mulheres idosas advém das diferenças
existentes, no comprimento uretral e na anatomia do assoalho pélvico, além dos
efeitos da gestação e parto nos mecanismos de continência e de alterações
hormonais, que são caracterizadas pelo esgotamento dos folículos ovarianos e
hipoestrogenismo progressivo. Apesar de muitas mulheres ainda considerarem
erroneamente a IU como um fenômeno normal do próprio envelhecimento, essa patologia
pode vir a englobar diversos domínios do ser (CARNEIRO et
al., 2019).
Quando presente, a IU pode
abranger os domínios físico, psicológico e social, evoluindo negativamente em
decorrência de agressões externas, uma vez que a IU caracteriza-se como o resultado final de
diversos fatores de risco subjacentes. Já a manutenção da continência depende
dentre outros fatores, da cognição, de adequada mobilidade e de um ambiente
apropriado e seguro (KESSLER et al., 2018).
Quando a mobilidade é reduzida e a idosa encontra-se em um
ambiente domiciliar inapropriado, é possível perceber maior dificuldade da idosa para ir ao
banheiro, o que amplia o risco de quedas. Além disso, observa-se perda urinária
ao espirrar ou tossir, sintomas presente muitas vezes há anos, não sendo
indicativo à busca por tratamento, em face ao desconforto e vergonha de se ter
interação social, o que acaba afetando o psicológico da mulher idosa (FERREIRA;
KAWASARA; BATISTA,
2019).
Preocupação
que desperta a necessidade de políticas públicas que viabilizem maior acesso à
informação e serviços de atenção a saúde que ofertem prevenção e/ou tratamento
para a IU, em especial na Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada do
Sistema Único de Saúde.
Na
APS, é necessário fortalecer orientações fornecidas por profissionais de saúde,
com intuito de promover o autocuidado e percepção de saúde da mulher idosa, a
fim de transmitir saberes de modo claro e objetivo, com linguagem fácil e
acessível, como (TOMASI et al., 2017):
• Orientação alimentar e atividade
física;
• Exercícios de fortalecimento
pélvico;
• Envolver parceiro/família no
cuidado;
• Educação em saúde sobre o tema;
• Solicitar diário miccional;
• Orientar ingestão de líquidos;
• Micção programada e;
• Verificação das medicações
utilizadas como na HAS e DM
Além
dessas orientações, é de extrema importância o tratamento fisioterapêutico na
reabilitação dessas mulheres, tendo como objetivo aumentar a resistência dos
músculos do assoalho pélvico, visando a prevenção da evolução da IU,
contribuindo na redução da frequência, gravidade da doença ou retardo da
necessidade de cirurgia.
Os
exercícios de fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico podem ser
realizados com, por exemplo: cones vaginais, que são dispositivos que diferem
em tamanho, forma e peso; e o biofeedback,
o qual tem como objetivo melhorar os processos fisiológicos pela
conscientização corporal da musculatura perineal e a eletroestimulação, que
reestabelece as conexões entre as fibras musculares promovendo aumento do tônus
e melhora na sua função (FERREIRA; KAWASARA; BATISTA, 2019).
Dado isso, é visível à necessidade do conhecimento sobre dos fatores causadores da IU em cada pessoa, de modo a planejar ações direcionadas de prevenção, orientação e tratamento para que se amenize o impacto da incontinência, ofertando o tratamento adequado de forma a possibilitar maior qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, P. P.; MACHADO, L. R. G. A prevalência de incontinência
urinária em mulheres praticantes de jump. Fisioter. mov. v.25, n.1, p.55-65, 2012.
CARNEIRO,
J. A. et al. Prevalência
e fatores associados à incontinência urinária em idosos não institucionalizados.
Cad.
Saúde Colet. v.25,
n.3, p.268-277, 2017.
FERREIRA, C. L.; KAWASARA, K. T.; BATISTA, P. A. Prevalência de
incontinência urinária em idosas de instituição de longa permanência. Fisioter. Bras. v.20, n.6, p.773-81,
2019.
KESSLER, M. et al. Prevalência de incontinência urinária em idosos
e relação com indicadores de saúde física e mental. Rev. bras. geriatr. gerontol. v.21, n.4, p.397-407,
2018.
TOMASI, A. V. R. et al. Incontinência urinária em idosas: práticas
assistenciais e proposta de cuidado âmbito da atenção primária de saúde. Texto contexto - enferm. v.26,
n.2, e6800015, 2017.
Texto elaborado pelo Acad. de Enf. Gustavo de Souza Lira e pela Prof. Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.
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