Homossexualismo NÃO!
Orientações sexuais e
identidades de gênero não hegemônicas foram alvo ao longo do século XX de
variados ataques, percebidos no discurso médico e cientifico da época sobre a patologização desses comportamentos e
cristalizados no conceito de homossexualismo. O
termo se refere à doença mental que tem como característica a atração
emocional, afetiva e/ou sexual por indivíduos do mesmo gênero, daí a
importância de excluir essa terminologia da vida cotidiana, pois mesmo que
implicitamente ela reitera o preconceito, o estigma e o entendimento da orientação
sexual como doença (BRASIL, 2017).
(FONTE: https://nerdpai.com/ser-homossexual-nao-e-doenca-mas-ser-homossexual-e-querer-se-curar-sim/)
Ainda em 1973 a
Associação Norte-Americana de Psiquiatria (APA) retirou o termo do grupo de
transtornos mentais o que representou a época grande avanço e ruptura com o
discurso vigente na prática em saúde, no Brasilo Conselho
Federal de Psicologia (CFP), em 1985 já reconhecia que a homossexualidade não
constitui doença, distúrbio ou perversão.Entretanto, ainda demoraria até que a Organização
Mundial de Saúde (OMS) fizesse o mesmo, apenas no ano de 1990 a atração por pessoas
do mesmo gênero deixou de fazer parte da Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e o termo homossexualidade se
fortaleceu para descrever essa orientação sexual e enfrentar a patologização
exercida por décadas (BRASIL, 2017; OLIVEIRA; POLIDORO, 2018).
Apesar desses avanços,
os estigmas e a compreensão da homossexualidade como doença é ainda hoje um
tema presente. São comuns propostas de “Cura
gay” muitas delas associadas a grupos religiosos fundamentalistas. Soares
(2019), apresenta em sua nota de conjuntura o fortalecimento de discursos que
remontam a década de 80 onde títulos de jornais e revistas estampavam frases
como: apeste rosa,mal de homossexuais
ataca os britânicos, homossexuais cubanos transmitem a doença, entre outras
matérias de capa, evidentemente discriminatórias, agressivas e preconceituosas.
O autor reflete sobre as mudanças positivas que ocorreram desde aquela década mas
alerta a preocupante escalada da violência e dos novos significados atribuídos a
homossexualidade, que visam novamente entender o indivíduo homossexual como
alguém a ser tratado, um doente.
Dois estudos apontam a
vertente da (re)patologização da homossexualidade, trazida à tona pelo discurso
e o embate em torno da oferta de “auxilio
terapêutico” para reverter a orientação sexual de indivíduos homossexuais.Um
relata a disputa encampada por “psicólogos
cristãos” que defendem a revogação da resolução 01/1999 do Conselho Federal
de Psicologia. Esta resolução proíbe expressamente qualquer atividade conduzida
por psicólogos que leve à patologização de identidades ou de comportamentos
homossexuais.Estes profissionais alegam que a homossexualidade deve ser
percebida como desvio moral. Outro estudo aponta um crescente discurso de políticos
ligados a instituições religiosas que visa a supressão de direitos conquistados
por casais homoafetivos, relacionando a homossexualidade a pedofilia, a
imoralidade e a criminalidade, bem como expressos em atos de censura como o
realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro a livros com temática LGBT+ na
bienal do livro de 2019 ou a censura promovida pelo Governo Federal a filmes
com essa temática (MACEDO; SÍVORI, 2018; GAMA 2019).
Diante do exposto acima
e compreendendo a saúde como espaço de acolhimento, cuidado e atenção integral
é preciso ressaltar que a livre orientação sexual tem relação direta com a autonomia,a
liberdade e a dignidade humana,implicando
no direito à igualdade.Propostas que visem de qualquer forma relativizar,
precarizar, censurar ou extinguir as conquistas LGBTQIA+ e suprimir esses direitos devem ser encaradas e combatidas
de forma incisiva.
As dimensões da
saúde sexual e dos direitos sexuais são expressamente direitos humanos.A saúde
sexual deve ser vista sob um prisma multidimensional e requer uma abordagem
positiva e respeitosa, assegurando a possibilidade de os indivíduos terem prazer
e experiências sexuais seguras, sem coerção, discriminação e violência (BRASIL,
2017).
Para a saúde sexual ser
alcançada e mantida, os direitos sexuais de todas as pessoas devem ser
respeitados,protegidos, cumpridos e sobretudo efetivados.Perspectivas como a(re)patologização
da homossexualidade não podem ser permitidas ou aceitas passivamente. A sexualidade
é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e o entendimento de
determinadas orientações como doenças é algo retrógrado, discriminatório e
cruel com o indivíduo humano. Por isso deve ser combatido com informação,
respeito a diversidade sexual, acolhimento nos espaços de promoção de cuidados
e na consolidação e criação de legislações que visem defender este aspecto da
saúde dos sujeitos, sem “ismos” ou “fobias”.
Referências:
BRASIL. Ministério
Público e a Igualdade de Direitos para LGBTI : Conceitos e Legislação. Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão, Ministério Público do Estado do Ceará.2.ed.,
Brasília, 2017.
GAMA, M. C. B.Cura Gay? Debates parlamentares sobre
a (des)patologização da homossexualidade. Sexualidad,
Salud y Sociedad - RevLatinoamericana. n. 31, p.4-27, 2019.
MACEDO, C. M. R.; SÍVORI, H. F. Repatologizando a homossexualidade:
a perspectivade"psicólogos cristãos" brasileiros no século XXI. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro,
v. 18, n. 4, p. 1415-1436, 2018.
OLIVEIRA, D. C.; POLIDORO, M. Promotores e promotoras da saúde LGBT para profissionais no SUS. 2.ed.
Porto Alegre: UFRGS, 2018.
SOARES, A. S. F. Nota de conjuntura Sobre a
(homo)sexualidade nos meiosde comunicação (1980-2010). Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde. v. 13, n. 2, p. 240-5, 2019.
Texto elaborado pelo acadêmico de Enfermagem Danilo Paulo Lima da Silva, sob orientação do professor Dr. Marcelo Costa Fernandes
Infelizmente, a patologização da homossexualidade ainda ocorre com frequência, pelos mais diversos tipos de pessoas. Algo que me chamou atenção foi o trecho que fala sobre "psicólogos cristãos" e sua conduta. Bom, sendo eu cristão, resolvi aproveitar essa chance para esclarecer algumas coisas. Um verdadeiro cristão não condena alguém por ser homossexual, porque o próprio JESUS não condenaria, mas no entanto, assim como Jesus repudia todo o pecado, o cristão também deve repudiar. Por mais polêmico que seja, segundo a Palavra de Deus, sim, o homossexualismo é pecado, mas no entanto, não é um pecado maior que os outros. A Palavra diz que Jesus ama o pecador, mas repudia o pecado, e justamente por isso que o cristão não pode oprimir, prejudicar ou ferir de forma alguma o homossexual, mas devemos acolher a TODOS, se possível ensinando o caminho do Senhor, como o próprio Jesus fazia... Espero que leiam isso, e entendam que a mensagem que Jesus prega é irrevogável, mas é de amor. Obrigado pelo espaço.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário Samuel. Nós do grupo de pesquisa acreditamos que nestes momentos de diálogo é que crescemos e caminhamos em direção de uma sociedade que respeite os sujeitos, acolha os aflitos e sobretudo ame ao próximo, o maior ensinamento cristão. Agradecemos sua atenção e seu comentário, ficamos muito felizes que acompanhe nosso trabalho. Atenciosamente nós da sublinha de pesquisa em Saúde Coletiva desejamos felicidades. Um abraço!
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