BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO PARA O SISTEMA CARDIOVASCULAR DE PESSOAS QUE AMAMENTAM
A amamentação é reconhecida e recomendada desde os tempos bíblicos como a forma ideal de nutrir bebês nos primeiros meses de vida. Entretanto, o desenvolvimento de alimentos artificiais para a alimentação infantil começou a ganhar força, especialmente na segunda metade do século XVIII. Esse progresso foi motivado pelo advento da Revolução Industrial devido a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da aplicação de processos tecnológicos na fabricação de produtos alimentares (Caminha et al., 2010).
FONTE: IntraMED, 2022
A alimentação infantil, seja natural ou artificial, sempre foi influenciada pelo valor social dado à amamentação. Com o passar do tempo, especialmente após a Revolução Industrial, as mulheres começaram a se afastar dessa prática. As primeiras tentativas de alimentação artificial levaram a elevadas taxas de mortalidade infantil, o que era preocupante para o Estado. Essa necessidade impulsionou a busca por alternativas que acabaram contribuindo para a redução da amamentação e a ascensão da alimentação artificial (Castilho; Barros Filho, 2010).
O aleitamento materno protege e revigora o sistema imunológico do bebê contra a obesidade, diabetes e infecções, e as pesquisas apontam benefícios até para os que só amamentam no primeiro mês (Toma; Rea, 2008). Além de todos esses benefícios para o recém-nascido, o ato de amamentar pode reduzir os riscos das mães de sofrerem de alguma doença cardiovascular. Acredita-se que o risco diminui porque, durante a amamentação, as mulheres reduzem os depósitos de gordura no corpo. Contudo, os pesquisadores sugerem que o efeito é mais complexo e que a liberação de hormônios, estimulada pela amamentação, também desempenha um papel crucial.
De acordo com o estudo divulgado no Journal of the American Heart Association, constatou-se que mulheres que amamentam têm 9% menos chance de desenvolver uma cardiopatia em seu futuro, e mais se ela amamentar por mais de seis meses. Esse percentual pode chegar a 18% em casos de mulheres que geram e amamentam seu segundo filho em um período prolongado (Peters et al., 2017).
Em uma revisão intitulada "A gravidez e seu impacto na saúde cardiovascular materna e dos filhos," que reuniu oito estudos realizados entre 1986 e 2009 em vários países, como China, Noruega e Estados Unidos, e publicada no Journal of the American Heart Association, foi destacado que amamentar reduz o risco cardiovascular das mulheres em 11%, com ênfase especial na redução do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além disso, foi observado que 14% das mulheres pesquisadas apresentaram uma diminuição do risco de desenvolver doenças coronarianas (Russell, 2022).
A conexão entre a amamentação prolongada e a redução do risco de doenças cardíacas nas mulheres é mais uma razão para manter o aleitamento materno até que a criança complete dois anos. No entanto, essa informação deve ser interpretada com cautela, pois não garante que a mulher esteja completamente isenta de desenvolver problemas cardíacos. As pesquisas ainda não identificaram quais funções cardíacas são mais influenciadas pela amamentação, nem determinaram a duração necessária do aleitamento para maximizar os benefícios.
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