A Humanização como instrumento administrativo para o cuidado de saúde no Centro Cirúrgico

Frente a formação profissional generalista, o profissional de saúde brasileiro vem ampliando seus campos de especialização, a fim de aprimorar a assistência ofertada. Dentre as especializações, destaca-se a atuação no centro cirúrgico, ou perioperatória, responsável pela assistência nos períodos pré operatório, transoperatório e pós operatório, permeados na perspectiva da individualização e continuidade do cuidado.
Em relação aos cuidados ofertados no Centro Cirúrgico, citam-se a assistência aos transplantados. No que diz respeito à história, o primeiro transplante realizado no Brasil é datado de 1965: o transplante renal, que consiste em um tratamento que pode proporcionar substituição da função renal, preservando a vida, e assim, possibilitando melhor qualidade ao paciente crônico, por contemplar como objetivos básicos o aumento da longevidade e redução da morbidade. Dentre os centros de transplantes de destaque a nível mundial, cita-se o Brasil, Estados Unidos, China, e Índia (GARCIA; HARDEN; CHAPMAN, 2012) e estes, possibilitam o desenvolvimento de um cuidado científico, frente ao estabelecimento do diagnóstico, planejamento da assistência e prescrição de cuidados ao paciente, determinando um eficaz planejamento do cuidar, função inerente a um bom administrador.

No tocante ao ato de administrar, esta linha de raciocínio, remete-nos a tomada de decisões a fim de obter êxito nas ações do serviço permeadas além do planejamento, pela organização, execução e controle (WALDOW, 2004). Para tal uma das ferramentas indispensáveis, perpassa a implementação de ações humanizadas e ajustadas conforme as mudanças descritas na evolução dos cuidados de saúde, e, que serão acompanhadas e avaliadas em sua efetividade.

Desta forma, o desejo de humanização deve ser estimulado desde a graduação para que os discentes, futuros profissionais de amanhã, sejam facilitadores do processo de recuperação, possibilitando o reestabelecimento da saúde, uma vez que a humanização pode gerar qualidade no ambiente de trabalho, responsabilidades com direitos e deveres intrínsecos a função desempenhada, além de promover, no âmbito biopsicossocial o bem estar tanto do paciente quanto de seus familiares. Portanto, sugere-se que a humanização, funcione como filosofia da assistência no Centro Cirúrgico, estimulando um agir profissional pautado na essência e na ética, a fim de, promover a saúde, voltada para a concretização de conversas, orientações, e esclarecimento de dúvidas, antes da execução do procedimento, diminuindo possíveis tensões e ansiedades, a fim de gerar confiança entre profissional e paciente, estimulando sua segurança (OLIVEIRA, 2001).

Pela complexidade e iminente risco de vida no centro cirúrgico, a humanização enquanto instrumento de gestão administrativa possibilita um direcionamento relevante das ações de saúde, conduzindo um olhar para individualidade de cada ser, integrando a aliança entre cuidar e ética, conferindo a possibilidade da utilização de métodos simples como afetividade, compreensão e escuta ao longo de toda assistência ofertada ao paciente cirúrgico, conferindo-lhe respeito e dignidade.

Referências
BEDIN, E.; RIBEIRO, L.B.M.; BARRETO, R.A.S.S. Humanização da assistência de enfermagem em centro cirúrgico. Revista Eletrônica de Enfermagem,  Goiânia, v. 07, n. 01, p. 118-27, 2005.

CHRISTOVAM, B.P. Gerência do cuidado de enfermagem em cenários hospitalares: a construção de um conceito [tese doutorado]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2009.

CINTRA, V.; SANNA, M.C. Transformações na administração em enfermagem no suporte aos transplantes no Brasil. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 58, p. 78-81, 2005.

GARCIA, G.G.; HARDEN, P.; CHAPMAN, J. The global role of kidney transplantation. J Bras Nefrol, v. 34, p. 1-7, 2012.

GOMES, J.R.A.A; GORGOZINHO, M.M.; LOURENCCINI, J.C.; HORAN, L.M.A. prática do enfermeiro como instrumentador cirúrgico. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 18, p. 54-63, 2013.

OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: Conceitos, Metodologia, Práticas. 15 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2001.

SCHERMERHORN, J.R.J. Administração. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 1999.

WALDOW, V.R. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. .1ªed. Petrópolis: Vozes, 2004.

Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Romeryto Almeida e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.

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