Trabalho Interdisciplinar: Instrumento Administrativo da Gerência do Cuidar na Atenção Básica à Saúde
Com a implantação
no ano de 1994, a Estratégia de Saúde da Família é um modelo destinado à
resolutividade da saúde e prevenção de doença, que visa à reorganização do
sistema de saúde vigente na época: o modelo biomédico. Caracteriza-se como um
conjunto de ações de reabilitação, prevenção e promoção da saúde, focadas na
perspectiva da família e da comunidade a partir do trabalho de uma equipe
interdisciplinar no âmbito da Atenção Básica à Saúde (BRASIL, 2010).
A Atenção Básica deve
ser o contato preferencial dos usuários com o Sistema Único de Saúde, uma vez
que é a principal porta de entrada das redes de atenção à saúde, tendo por desafio
a (re)construção, nos espaços de formação e de capacitação contínua, da visão
sobre a relação do trabalho em equipe/interdisciplinaridade para ser possível
(re)pensar no cuidado à saúde como mais que “um ato, uma atitude” (BOFF, 1999).
O trabalho
interdisciplinar na Estratégia de Saúde da Família necessita de requisitos
administrativos como o planejamento para o desenvolvimento de ações junto a
comunidade, associada a um contínuo acompanhamento profissional pautado em
subsídios teóricos que favoreça um replanejamento e avaliação conjunta, fortalecendo
a essência da interdisciplinaridade, que implica no compromisso dos
profissionais de saúde em interagir saberes para consequente transformação do
processo saúde doença e manutenção e melhoria da qualidade de vida (DIAS et
al., 2014).
Para o cumprimento
dessas etapas, espera-se que o planejamento considere tanto a estrutura
organizacional quanto os determinantes biopsicossocioespirituais que permeiam a
comunidade e usuários, para que não haja comprometimento das atividades e
resultados esperados. Para assim, ser possível a superação de ideias centradas
na totalidade e em dicotomias mecânicas, sugerindo uma nova postura do agir e
cuidar em saúde isenta de concorrência entre saberes (SANTOS, 2002).
A
interdisciplinaridade caracteriza-se como instrumento administrativo que
colabora com os saberes diversos, possibilitando e auxiliando a gerência das
ações do cuidado num contexto de setores heterogêneos que conduz as interações
entre profissionais/profissionais/comunidade/usuários, isto é, reciprocidade
entre as relações, a fim de alcançar a ruptura do modelo biomédico de
assistência à saúde, ainda vigente nos dias atuais (SILVA et al., 2012).
Referências
BOFF, L. Saber
cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
BRASIL.
Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Evolução do credenciamento
e implantação da estratégia Saúde da Família. Brasília, 2010.
DIAS, M. S. A. et
al. Intersetorialidade e Estratégia Saúde da Família: tudo ou quase nada a ver?
Cien Saude Colet, v. 19, n. 11, p. 4371-82, 2014.
SANTOS, B. S.
Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista
Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, v. 63, n. 1, p. 106-12, 2011.
SILVA, L. M. S.
et al. Trabalho interdisciplinar na estratégia saúde da família: enfoque nas
ações de cuidado e gerência. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n.
esp.2, p. 784-8, 2012.
Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Romeryto Coelho e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.
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