Desmitificando o discurso falacioso dos “prejuízos” da vacinação

Os vírus e as bactérias são responsáveis por desenvolver diversas doenças, da mesma forma que podem proteger o organismo desses agravos quando introduzidos no corpo de forma atenuada ou inativa, ou seja, por meio de compostos biológicos conhecidos como vacinas. Estas conferem imunidade, uma vez que o contato com compostos manipulados desenvolverá anticorpos ainda que não se tenha contraído a doença.
(FONTE: https://www.mdsaude.com/wp-content/uploads/como-funciona-vacinas.jpg)
Entre as maiores conquistas na Saúde Pública, durante os anos de 1900 e 1999, em primeiro lugar, encontram-se as imunizações. Juntamente com as melhorias sanitárias, as vacinas trouxeram avanços e melhorias à saúde, principalmente ao reduzir os dados de morbimortalidade da população (LEVI, 2013).

Dessa forma, percebe-se o progresso da saúde depois do surgimento dos imunobiológicos, tendo em vista o controle e até mesmo a erradicação de várias doenças por meio da imunização. Contudo, existem, de maneira equivocada, informações distorcidas e negativas acerca da vacinação, as quais focam e pregam a disseminação do não uso das mesmas. 

O médico Guido Carlos Levi (2013), relata que essas informações que são contrárias a eficácia das vacinas, geralmente têm suas origens em má-fé, erros científicos, crenças religiosas ou filosóficas e ainda por falta de informações cientificas confiáveis.  

Já a pesquisa realizada por Sandhofer et al. (2017) apontam que as causas mais comuns de recusa da vacinação são desconfiança em relação a indústria farmacêutica, falta de informação adequada e a crença de que a vacinação é, por si só, prejudicial para o sistema imunológico. 

A recusa das vacinas vem sendo motivo de preocupação entre as autoridades de saúde em virtude do receio das pessoas com possíveis efeitos colaterais, desencadeamento de doenças mais graves e segurança da vacina. Existem controvérsias em relação a essa discussão indagando o seguinte debate: até que ponto a recusa da vacina é uma questão de liberdade/autonomia ou uma questão de risco à saúde pública?

Recai sobre o profissional de saúde a responsabilidade em combater a hesitação vacinal nas comunidades em que presta cuidado, de modo que, devem deter todo o conhecimento sobre os riscos e benefícios das vacinas, fomentando a redução do risco de comportamentos que ameaçam a saúde coletiva e garantindo a saúde e o bem-estar das comunidades (JOHNSTONE, 2017).

Com o desaparecimento de doenças que antes eram comuns, também se extinguiram, em algumas famílias, a preocupação em proteger as crianças dessas enfermidades, além fomentar a desconfiança acerca dos riscos das vacinas em reaparecer algumas antigas doenças e surgir novas. Porém é necessário reconhecer que apesar de reais e raras lesões que os imunobiológicos podem causar o poder das vacinas no combate as doenças sobrepõem os reduzidos riscos (WADMAN; YOU, 2017). 


Informações verídicas sobre os benefícios da imunização e a explicação acerca dos eventuais riscos devem ser difundidas pelos responsáveis pela saúde coletiva de forma que ideias errôneas sejam desmitificadas evitando surtos epidêmicos de agravos que podem ser prevenidos por meio da vacinação e permitindo que doenças sejam controladas e erradicadas, incentivando, com isso, a qualidade de vida de todos.

Referências
JOHNSTONE, M.J. Ethics, evidence and the anti-vaccination debate. Aust Nurs Midwifery J, v.24, n.8, March, 2017.

LEVI, G. C. Recusa de vacinas: causas e consequências / Guido Carlos Levi. – São Paulo: Segmento Farma, 2013.

SANDHOFER, M. J. et al.  Vaccine hesitancy in Austria : A cross-sectional survey.Wien Klin Wochenschr, v. 129, n, 1-2,p. 56-64, January, 2017. 

WADMAN, M.; YOU, J. The vaccine wars. Science, v. 356. April, 2017.

Texto elaborado pela Profa. Esp. Mayara Evangelista e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estratégia saúde da família: porta preferencial para a resolubilidade das demandas apresentadas na comunidade

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares a relação com as práticas no âmbito da Atenção Básica