Urgências Obstétricas: Atenção aos distúrbios hipertensivos
Dentre
todas as urgências obstétricas as doenças hipertensivas na gravidez, incluindo
a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), têm provocado muita
preocupação no Brasil e no mundo, uma vez que suas complicações são
responsáveis por elevadas taxas de mortalidade materna.
(FONTE: jornalmedico.pt/media/k2/items/cache/6353fb5df6c5b9281b8a01caa756e13d_L.jpg) |
De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010), morte materna está
relacionada a morte da grávida ou após 42 dias do término da gravidez, por
qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez, ou ainda por alguma
conduta relacionada a ela, sendo excluído fatores acidentais ou incidentes.
As
principais causas de mortalidade materna no Brasil são: hipertensão arterial
seguida por hemorragias, infecção puerperal, aborto e doenças do aparelho
circulatório complicadas no parto ou puerpério. Sendo assim, um grave problema
de saúde pública, atingindo desigualmente as regiões brasileiras (OMS, 2010).
A
toxemia gravídica é considerada a doença mais importante em Obstetrícia, sendo
multissistémica e costuma ocorrer na 2ª semana de gestação, caracterizada
classicamente por hipertensão e proteinúria. Incide em 10% das grávidas,
principalmente primíparas, sendo a maior causa de mortalidade materna e
perinatal, já que essa situação pode piorar ou se apresentar pela primeira vez
no pós-parto (REZENDE, 2014).
Ainda
de acordo com o autor supracitado, a hipertensão na gravidez é classificada em quatro
categorias: (a) pré-eclâmpsia/eclâmpsia; (b) hipertensão crônica (de qualquer
causa); (c) hipertensão crônica com pré-eclampsia superajuntada; e (d) hipertensão
gestacional.
A
pré-eclâmpsia ocorre como forma isolada ou associada à hipertensão arterial
crônica, e a hipertensão gestacional. A pré-eclâmpsia isolada ou superposta à
hipertensão arterial crônica é o tipo de hipertensão que determina os piores resultados
maternos e perinatais (ROBERTS, 2003).
Hipertensão
arterial crônica é aquela que está presente antes da ocorrência da gestação ou
diagnosticada antes da 20ª semana, ou ainda a hipertensão arterial
diagnosticada pela primeira vez durante a gestação (a partir da 20ª semana), e
que se mantém além da 12ª semana após o parto (FEBRASGO, 2011).
A
elevação da pressão sanguínea após 20 semanas de gestação na ausência de
proteinúria e de outras alterações sistémicas é definida como hipertensão
gestacional. A pré-eclâmpsia superajuntada é a hipertensão crônica que está
associada a pré-eclâmpsia (REZENDE, 2014).
Cerqueira
et al. (2014), afirmam que a eclâmpsia está
associada à alta mortalidade materna e todas as síndromes hipertensivas
relacionam-se à alta mortalidade fetal. A sobreposição da
pré-eclâmpsia/eclâmpsia à hipertensão arterial crônica duplica ou triplica a
mortalidade fetal. Destacando o pré-natal adequado (completo) como uma forma
eficaz de prevenção às complicações gravídicas-puerperais, reduzindo
diretamente a mortalidade materna e fetal.
A
morbidade materna grave é uma medida de avaliação dos cuidados obstétricos e
está diretamente relacionada com a mortalidade, possibilitando, dessa forma,
uma auditoria efetiva do sistema de saúde (REZENDE, 2014).
Embora
o acesso e a disponibilidade de profissionais para a assistência tenham se
ampliado, ainda se observa fragilidade na prestação de serviços, sentindo a
necessidade de colocar em discussão o modelo de atenção obstétrica e neonatal
hegemônico no país, que mesmo com o avanço na melhoria da atenção ao pré-natal,
parto e nascimento, a redução da morbimortalidade materna e neonatal permanece
como um desafio (BRASIL, 2017).
Observa-se
então, uma fragmentação da qualidade das ações dos serviços de saúde,
principalmente na garantia da integralidade e equidade do cuidado,
proporcionando assim, lacunas e uma organização fragilizada voltada as
urgências obstétricas com maior ênfase às doenças hipertensivas na gestação.
Desta forma, evidencia-se a importância do fortalecimento do pré-natal de
qualidade e a implementação eficaz das políticas de saúde voltadas ao acolhimento
e classificação de risco obstétrico ao público que necessita dessa atenção.
Referências
BRASIL,
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Manual de
acolhimento e classificação de risco em obstetrícia / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
CERQUEIRA, G. S. G. et al. Evolução
materna e fetal de gestações acompanhadas de síndromes hipertensivas em um
hospital público terciário. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de
Sorocaba, [S.l.], out. 2014. ISSN 1984-4840. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/20996>. Acesso em: 12
nov. 2018.
FEBRASGO – Comissões Nacionais Especializadas Ginecologia
e Obstetrícia. Manual de Orientação:
Gestação de Alto Risco, 2011.
REZENDE, J.; MONTENEGRO, C.A.B. Obstetrícia fundamental. 13ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
ROBERTS, J.M, PEARSON, G.D, CUTLER, J.A, LINDHEIMER, M.D.
Summary of the NHLBI Working Group on Research on Hypertension during
Pregnancy. Hypertens
Pregnancy.
v. 22, n. 1, p.109-27, 2003.
Texto elaborado pela Enfermeira Fernanda Thamy e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.
Texto elaborado pela Enfermeira Fernanda Thamy e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.
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