Altas Habilidades/Superdotação

As características e peculiaridades das crianças com altas habilidade/superdotação ainda são bastante desconhecidas pela sociedade.  Isso é bastante prejudicial para elas, tendo em vista que a falta de conhecimento por parte dos diferentes setores sociais sobre esse tema pode influenciar diretamente o desenvolvimento de crianças com essa condição. Desta forma, para que esse desenvolvimento ocorra satisfatoriamente, os familiares e educadores são fundamentais nesse processo de formação do indivíduo (VIRGOLIM, 2007). 


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Nesse sentido, o psicólogo David Lewis argumenta que para o bom sucedimento de toda criança ela deve ter os seguintes papeis: ser aventureira, artista e atleta. Aventureira no sentido de buscar novos desafios, conhecer novas pessoas e outras realidades. Artista com o intuito de inovar, usar as ideias recebidas das novas experiências como matéria prima para criar novas perspectivas, conceitos, enfim, não ser passivo ao mudo ao seu redor. E, por fim, atleta com o fito de ter a anseia de busca sempre dar o seu melhor (LEWIS, 1987).

Contudo, como mencionado acima, esses papeis defendidos por Lewis, não dependem exclusivamente das características inatas da criança. Acima de tudo, é necessário um contexto propício para o desenvolvimento delas, e a variação delas é que vai definir o adulto que ela será. De fato, Benjamin Bloom relatou em suas pesquisas que pais de crianças que as encorajam/apoiam, criam recursos educacionais, além do ambiente escolar e estimulam o engajamento nas áreas de interesse do filho, tendo grandes chances de influenciar o desenvolvimento da inteligência e o potencial de seus filhos de forma positiva ( BLOOM, 1985).  

A princípio, toda essa necessidade de uma atenção especial com crianças que possuem altas habilidades pode parecer estranha ao público leigo, visto que o senso comum acha que elas já nascem com as habilidades totalmente desenvolvidas. Entretanto, Bloom também confirma em seus estudos que é preciso investir na educação, principalmente logo no início da vida, de crianças com essa condição, pois caso contrário, estaríamos perdendo talentos. Além disso, os primeiros instrutores dessas crianças devem agir de forma carinhosa e afetiva, respeitar a velocidade de aprendizagem da criança, ensiná-las por meio de métodos lúdicos, priorizar o indivíduo em vez do coletivo e integrar os pais no contexto da aprendizagem. Assim, o papel do educador não deve ser pré-determinado, visto que a criança nunca deve ser passiva ao ensino (MARTINS; CHACON, 2016).

Nesse contexto, é notório que o processo educacional de uma criança com essa condição vive inúmeras barreiras na atualidade brasileira. As maiorias das escolas priorizam o coletivo em detrimento do indivíduo, e assim acabam descartando os “diferentes”. Isso é consequência de inúmeros fatores, dentre os quais se podem citar: falta de professores especializados, escassez de materiais de ensino adequado, ausência de currículos e programas direcionados, inexistência de cursos de pós-graduação voltados ao ensino desse público e, principalmente, a falta de pesquisa no âmbito educacional envolvendo essas crianças (VIRGOLIM, 2007).

Assim, muitas escolas criam uma separação errônea no modo como o ensino é aplicado para as turmas regulares e para as turmas especializadas, ou seja, não há a inclusão efetiva das crianças superdotadas no ambiente regular de ensino, o que gera um atendimento não integral a elas. Portanto, nota-se que é  essencial haver um  debate sobre o tema das altas habilidades nos mais diferentes setores sociais, para que com isso seja possível extinguir “tabus” e propiciar um desenvolvimento autônomo e adequado para as crianças com essa condição, findando em uma sociedade que saiba aproveitar da melhor maneira possível as individualidades de cada uma.

REFERÊNCIAS

BLOOM, B.S. Developing talent in young people. Nova Iorque: Ballantine, 1985.

LEWIS, D. Mentes Abertas: Dê a seus filhos um futuro mais brilhante. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987.

MARTINS, B.A.; CHACON, M.C.M. Características de Altas Habilidades/Superdotação em Aluno Precoce: um Estudo de Caso. Rev. bras. educ. espec.,  Marília ,  v. 22, n. 2, p. 189-202,  June  2016.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382016000200189&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 12  Set.  2020.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382216000200004.

VIRGOLIM, A.M.R. Altas Habilidades/ Superdotação: Encorajando Potenciais. Brasília: Ministério da Educação, 2007. ISBN 978-85-60331-13-0.


 Linha de pesquisa: Tecnologias Cuidativo-Educacionais para pessoas com necessidades especiais.

Texto elaborado pelos acadêmicos Francisco José Ferreira Filho, Kaline Oliveira de Sousa e Maria Amélia Lopes Martins, sob orientação do professor Dr. José Ferreira Lima Júnior.




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