Síndrome de Asperger e Autismo

         Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM-V), a Síndrome de Asperger (SA) está incluída no que hoje é conhecido como Transtorno do Espectro Autista. O Autismo e a SA, são os transtornos mais conhecidos e apresentam características semelhantes, porém, existem algumas distinções entre elas que podem auxiliar na diferenciação de seu diagnóstico (DULCEY; MARTÍNEZ; ZABALA, 2017). Segundo o DSM-V, os relatos de prevalência dessa síndrome são de dois a quatro a cada 10.000 pessoas, esse valor é considerado relativamente baixo por conta do impasse existente entre esses diagnósticos (KLIN, 2006).

Fonte: https://www.news-medical.net/health/Asperger-Syndrome-7c-Symptoms-Diagnosis-Treatment-Support-(Portuguese).aspx

            A SA é considerada uma doença neurobiológica, que se apresenta desde o nascimento. Ela se manifesta em três domínios funcionais específicos, que são conhecidos como Tríade de Wing, sendo eles: Capacidade de relação social, competências de comunicação e flexibilidade mental e comportamental. Esses campos admitem as características apresentadas pelas pessoas com SA, alguns exemplos são: pouca capacidade de se comportar no contexto social, alta capacidade de inteligência em áreas não comuns, o que os destaca em meio aos seus colegas, entre outros (ALONSO; GAÑETE; BERNÁRDEZ-GÓMEZ, 2019).

A literatura diz que existem inúmeras semelhanças entre a SA e o Autismo clássico, ambas apresentam graus de dificuldade na coordenação motora, resistência à mudança e comportamentos altamente repetitivos. No entanto, o que visibiliza a diferença entre esses transtornos, é o curso de desenvolvimento que cada um assume, pois a SA está marcada pela falta de qualquer retardo clinicamente significante no que diz respeito à linguagem falada ou a percepção dela, no desenvolvimento cognitivo, na curiosidade sobre ambientes e nas habilidades de autocuidado (KLIN, 2006).

            O diagnóstico para a Síndrome de Asperger continua a ser clínico por não existir um marcador biológico que permita a sua detecção. Os atuais manuais utilizados para constatar esses transtornos, acabam por priorizar o diagnóstico dado ao Autismo, uma vez que o desenvolvimento cognitivo e linguístico normal não resgata a SA, pois o atraso cognitivo e linguístico não é obrigatório para diagnosticar o Autismo e assim essas condições são usadas como sinônimas (VÁSQUEZ; DEL SOL, 2017). É bastante comum que o termo SA seja empregado como sinônimo para o Autismo em crianças que possuem um QI mais elevado que os demais.

            Os indivíduos com SA assumem algumas posições como, encontrar-se socialmente isolados, mas sem ocorrer inibição da presença dos demais, é comum o desenvolvimento da linguagem prolixa, e de monólogos com adultos sobre algum assunto específico. Alguns podem ainda desenvolver outros transtornos como o de ansiedade ou de humor (KLIN, 2006).

            É importante que haja uma diferenciação mais eficaz, capaz de distinguir ambas as condições. Segundo Martins, Fernandez e Palha 2018, a identificação desses transtornos acontece na idade pré-escolar, e geralmente esse diagnóstico é atribuído ao Autismo Clássico, porém, algumas crianças após um determinado período conseguem apresentar uma melhoria na comunicação bem significativa, o que se aproxima das características da SA, facilitando a sua identificação.

            Ainda que anormalidades significativas não sejam comuns a pessoas com SA, para Klin 2006, existem três aspectos que podem auxiliar nesse diagnóstico. Primeiro, a linguagem geralmente é marcada pela Prosódia Pobre, a fala pode sofrer alterações de velocidade, ser muito rápida, ou muito lenta, e também sofrer mudanças de volume constantemente. Em segundo, a fala pode transparecer um sentido de frouxidão de associações e incoerências. E por último, a fala pode também ser marcada com uma verbosidade, pois a criança ou adulto com SA, pode falar incansavelmente sobre um assunto favorito.

 REFERÊNCIAS

ALONSO, F. T; GAÑETE, A. P; BERNÁRDEZ-GÓMEZ, A. Juan, un niño con síndrome de Asperger: estudio de caso de una buena práctica de inclusión educativa a través del aprendizaje cooperativo. Revista Brasileira de Educação Especial, Bauru, v. 25, n. 1, 2019. https://doi.org/10.1590/s1413-65382519000100006 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382019000100085&lang=pt Acesso em: 20 fev. 2021.

DULCEY, C. B; MARTÍNEZ, L. A. D; ZABALA, M. E. Z. Cribado del síndrome de Asperger en estudiantes de dos ciudades de Colombia utilizando las escalas CAST y ASSQ. Psicogente, Barranquilla, v. 20, n. 38, 2017. http://dx.doi.org/10.17081/psico.20.38.2554 Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0124-01372017000200320&lang=pt Acesso em: 20 fev. 2021.

KLIM, AMI. Autism and Asperger's syndrome: an overview. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 28, 2006. https://doi.org/10.1590/S1516-44462006000500002 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000500002 Acesso em: 06 mar. 2021.

MARTINS, A; FERNANDES, A; PALHA, M. Síndrome de Asperger - Revisão Teórica. Acta Pediátrica Portuguesa, v. 31, n. 1, p. 47-53, 2018. Disponível em: https://pjp.spp.pt//article/view/5325/4086 Acesso em: 22 fev. 2021.

RIVERO, O. H; ÁGUILA, L. D. R; ÁLVAREZ, M. L. ¿Síndrome de Asperger o buena evolución del autismo infantil?. Medicentro Electrónica, Santa Clara, v. 19, n. 4,  2015. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1029-30432015000400011&lang=pt Acesso em: 20 Fev. 2021.

VÁSQUEZ, B; DEL SOL, M. Características neuroanatómicas del síndrome de Asperger. International Journal of Morphology, Temuco, v. 35, n. 1, 2017. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-95022017000100060 Disponível em:  https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-95022017000100060&lang=pt Acesso em: 22 fev. 2021.

 

             Linha de pesquisa: Tecnologias Cuidativo-Educacionais para pessoas com necessidades especiais.

Texto elaborado pelos acadêmicos Maria Amélia Lopes Martins, Kaline Oliveira de Sousa e Francisco José Ferreira Filho, sob orientação do professor Dr. José Ferreira Lima Júnior.

 

 

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