Você conhece a relação entre a Tuberculose (TB) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)?

     A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa transmitida por aerossóis infecciosos da fala, tosse e espirro contendo os bacilos do Mycobacterium tuberculosis que afeta desde os pulmões (tuberculose pulmonar) aos demais órgãos do corpo, como as meninges, ossos, articulações e pleura (tuberculose extrapulmonar). A magnitude da doença pode atingir a diferentes pessoas, em especial os grupos mais vulneráveis, como as pessoas vivendo com vírus da imunodeficiência humana (HIV), que possuem 28X mais chances de adquirir a doença (Brasil, 2019).

Fonte: https://images.app.goo.gl/Q9V7jRQntHKaS1da9


O HIV compromete o sistema imunológico, afetando principalmente as células de defesa, como os lifócitos T-CD4+, responsáveis por proteger o organismo contra doenças e infecções, logo, falhas nessas células corrobora para maior suscetibilidade a doenças, dentre elas a TB (Brasil, 2017). A qualidade de vida daqueles que convivem com a coinfecção TB-HIV é comprometida, podendo gerar isolamento social, sentimentos de desmotivação em relação ao tratamento e receios de sofrer discriminação, tendo em vista o estigma associado as doenças (Carvalho et at., 2021).

Sobretudo, a TB é considerada um dos principais motivos de óbito em pessoas vivendo com HIV (PVHIV), logo, ressalta-se a importância da oferta da investigação para TB nesses indivíduos, assim como a testagem oportuna para HIV em pessoas infectadas por TB, independente da forma clínica, uma vez que diagnósticos tardios tendem a resultar em piores desfechos na coinfecção (Brasil, 2022).

Outrossim, a infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB) que refere-se à imunidade parcial contra o bacilo onde há a infecção, no entanto, não há presença de sintomas e transmissibilidade, a pessoa com esse tipo de infecção permanece saudável por muitos anos antes de desenvolver a tuberculose ativa, as PVHIV possuem mais chances de adquirir a ILTB e avançar para o estágio ativo da TB, além das chances de desenvolverem formas mais graves e extrapulmonares, por essa razão necessitam do tratamento e diagnóstico para ILTB (Brasil, 2017).

Nesse sentido, para diagnóstico da tuberculose são recomendados o teste rápido molecular (TRM-TB), que pode identificar a doença e a resistência ao fármaco rifampicina, a baciloscopia de escarro, exames de imagem como a radiografia de tórax, o teste de cultura e avaliação de fragmentos de tecidos a partir de biópsias (sendo mais recomendado para casos extrapulmonares), a prova tuberculínica (PT) e o IGRA, recomendados para diagnóstico da ILTB. O diagnóstico clínico acompanha os sintomas de tosse, febre, perda de peso e sudorese noturna, sendo apresentados pelo grau de imunossupressão e necessitando investigação para TB quando presentes, além disso, em PVHIV a presença da tosse deve ser investigada independente do tempo de duração (Brasil, 2019).

O tratamento da TB para PVHIV segue os critérios do tratamento básico preconizado dividido em fase intensiva com o uso de 4 fármacos durante 2 meses (rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol) e fase de manutenção com o uso de 2 fármacos durante 4 meses (rifampicina e isoniazida), sendo o monitoramento de interações medicamentosas de extrema importância, pois a coinfecção requer os tratamentos anti-TB e antirretrovirais. Ademais, como uma das principais formas de obter a cura da TB destaca-se a adesão ao tratamento, sendo possível também a cura em PVHIV, quando o tratamento é manejado de maneira adequada, portanto, investigar falhas, interações, abandono e reações aos medicamentos são imprescindíveis, assim como a utilização do TARV uma vez que impede recidivas da TB e reduz as chances de morbimortalidade, devendo ser incluido sempre que houver a presença da TB ativa (Brasil, 2019).

Segundo o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, como estratégias de cuidados ao paciente com a coinfecção recomenda-se ações colaborativas entre TB-HIV, teste oportuno para todas as pessoas com TB, rastreio desta em todas as visitas ao paciente com HIV, diagnóstico e tratamento da infecção latente, o início do TARV e os cuidados a pessoa com a coinfecção em um mesmo serviço (Brasil, 2019). A articulação de ações entre os programas de controle permite uma atenção voltada as particularidades do paciente contribuindo para resultados positivos, diagnosticar precocemente ambas as infecções e iniciar os tratamentos de maneira adequada são meios importantes para atenuar os casos de TB (Bastos et al., 2020).

Portanto, na busca pelo controle da tuberculose é necessário direcionarmos um olhar integral para aqueles que estão mais suscetíveis a esta, ampliar o atendimento e tratar de maneira adequada para se obter a cura. Ademais, conhecer a relação entre as duas condições permite a elaboração de estratégias de cuidado e ressalta a importância da prevenção para ambas as infecções. 

 

REFERÊNCIAS:

Manual de Recomendações e Controle da tuberculose no Brasil 2a ed — Ministério da Saúde. Disponível em:<https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/tuberculose/manual-de-recomendacoes-e-controle-da-ttuberculose-no-brasil-2a-ed.pdf/view>.

Boletim Epidemiológico Coinfecção TB-HIV 2022 — Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: <https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2022/coinfeccao-tb-hiv/boletim_coinfeccao_tb_hiv_2022.pdf/view>.

Carvalho MV, Silva AR, Taminato M, Bertolozzi MR, Fernandes H, Sakabe S, et al. A coinfecção tuberculose/HIV com enfoque no cuidado e na qualidade de vida. Acta Paul Enferm. 2022;35:eAPE02811.

PREVENÇÃO, P.; DIAGNÓSTICO, E.; DA. GUIA BÁSICO. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/09/1015762/guiabasicotbhiv.pdf>.

Bastos SH, Taminato M, Tancredi MV, Luppi CG, Nichiata LY, Hino P. Coinfecção tuberculose/HIV: perfil sociodemográfico e saúde de usuários de um centro especializado. Acta Paul Enferm. 2020;33:eAPE20190051.

SILVA, D. R. et al. Consenso sobre o diagnóstico da tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Jornal brasileiro de pneumologia: publicacao oficial da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisilogia, v. 47, n. 2, p. e20210054, 2021.

 



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