OUTUBRO LARANJA: MÊS DA CONSCIENTIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

Você sabe o significado do Outubro Laranja? Se sua resposta for sim, faça uma reflexão para compreender qual contribuição está sendo realizada. Caso a resposta seja não, a seguir iremos esclarecer tal significado para melhor compreensão. 

O Outubro Laranja é uma campanha internacional voltada para a conscientização do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) promovida por alguns países como os Estados Unidos, com destaque para a desmistificação e redução dos estigmas que estão associados ao TDAH, oportunizando o acesso a recursos e apoio a esse público e seus familiares. Para isso, é necessário compreender a importância do diagnóstico precoce, o reconhecimento dos sintomas e propor à sociedade discussões acerca da temática para combater a desinformação.

Fonte: Imagens google.

À vista disso, o laço laranja é o símbolo escolhido para representar essa campanha, a seleção se deu pelo fato do laranja ser uma cor vibrante que expressa em sua essência a hiperatividade e agitação, características que são particulares ao transtorno em comento. 


Vale ressaltar que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento com etiologia ainda é incerta, porém estudos mostram influência de múltiplos fatores (genéticos, neuroquímicos e psicossociais) para seu desenvolvimento. Tem como principal característica a tríade de sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade, que de maneira geral se manifestam na infância ou adolescência, podendo continuar durante a vida adulta do indivíduo (Castro, 2018). 


De acordo com o Ministério da Saúde, entre 5% a 8% da população têm TDAH, sendo o transtorno mais comum entre as crianças, principalmente em idade escolar. Na infância, o diagnóstico precoce é fundamental para a qualidade de vida da criança, contribuindo positivamente para o seu desenvolvimento e inserção social (BRASIL, 2022).


Embora que, atualmente as informações sobre essa temática sejam mais difundidas, ainda há a persistência de alguns mitos na sociedade. Isso se deve ao peso histórico de alguns julgamentos estereotipados sobre o comportamento dessas crianças que muitas vezes foram rotuladas equivocadamente como “mal-educadas”, “preguiçosas”, “irresponsáveis”, “problemáticas”, por desconhecimento ou despreparos de pessoas envolvidas no cuidado e ensino, refletindo diretamente na qualidade de vida dessas crianças (Oliveira et. al, 2020). 


Essas situações podem influenciar negativamente para o desenvolvimento de características nos comportamentos relacionados ao sentimento de rejeição durante as interações sociais, tendo como resposta a baixa autoestima e dificuldades de socializar, gerando prejuízos ao desenvolvimento neuropsicomotor dos infantes. Portanto, ações voltadas para o conhecimento do TDAH auxiliam na redução dos estigmas que a sociedade tem em relação a esse transtorno (Bertoldo; Feijó; Benetti, 2018). 


Amplificando a luta para esses indivíduos por meio da disseminação de informações sobre o TDAH, o Brasil passou a contar com a Lei nº 14.420/2022, que dispõe sobre a Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH com início a partir de 1° de agosto de cada ano para tratar sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces em indivíduos com TDAH (BRASIL, 2022b). Além disso, o dia 13 de julho é comemorado mundialmente como  o dia da consciência sobre TDAH.  


No entanto, é necessário sempre esclarecer e discutir com a sociedade sobre a importância de compreender o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade para quebrar tabus e preconceitos ainda enraizados para que assim possamos contribuir para a inclusão social e qualidade de vida dessas pessoas. 


Por fim, trazemos para vocês alguns mitos e verdades sobre o TDAH: 


1° O TDAH afeta apenas crianças?

Mito. Apesar de ser diagnosticados mais comumente na infância, o TDAH pode evoluir e seguir na fase adulta, podendo esses adultos apresentarem dificuldade de controle emocional, causando prejuízos na vida social, acadêmica e profissional (Oliveira, 2022)


2° Um indivíduo com TDAH pode apresentar apenas a desatenção, porém não ter impulsividade e hiperatividade?
Mito. O que caracteriza o TDAH é a presença da tríade (desatenção, impulsividade e hiperatividade), caso o indivíduo não apresente as três características seria interessante avaliar outras causas para o aparecimento das sintomatologias (Bertoldo; Feijó; Benetti, 2018)


3° O diagnóstico do TDAH é difícil de ser fechado?

Verdade. Existem outros problemas de saúde que podem ser confundidos com o TDAH, entre eles ansiedade ou dislexia. Além do mais, o diagnóstico é voltado para a clínica do paciente e por uma equipe multiprofissional, não há exames laboratoriais ou de imagem que detectem o transtorno (Oliveira et. al, 2020). 


REFERÊNCIAS

BERTOLDO, L. T. M.; FEIJÓ, L. P.; BENETTI, S. P. C. Intervenções para o TDAH infanto-juvenil que incluem pais como parte do tratamento. Psic. Rev. São Paulo, v. 27, n. 2, p. 427-452, 2018. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/psicorevista/article/view/33454/27262


BRASIL, Ministério da Saúde. Entre 5% e 8% da população mundial apresenta Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Brasília, 2022a. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/entre-5-e-8-da-populacao-mundial-apresenta-transtorno-de-deficit-de-atencao-com-hiperatividade.


BRASIL. Senado Federal. LEI N° 14.420, de 20 de julho de 2022. Institui a Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Brasília, 2022b. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/36099997/publicacao/36105535


CASTRO, Carolina Xavier Lima; DE LIMA, Ricardo Franco. Consequências do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na idade adulta. Revista Psicopedagogia, v. 35, n. 106, p. 61-72, 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862018000100008


OLIVEIRA, M. L. T. Os impactos dos sintomas do TDAH no adulto. Rebena-Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v. 4, p. 26-46, 2022.


OLIVEIRA, Q. S. et al. Diagnosticado com TDAH: e agora professor?. Revista Nursing, v. 23, n. 264, p. 4036-4041, 2020. Disponível em: https://www.revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/709/868

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