Polifarmácia e automedicação em Idosos
O Brasil é considerado um país
envelhecido, sendo sua população idosa, cerca de 19 milhões, correspondendo a
10, 7% da população total (IBGE, 2010). Entre esses, a maior prevalência de
doenças crônicas os tornam grandes consumidores dos serviços de saúde, sendo
considerado o grupo mais medicalizado da sociedade, contribuindo com
aproximadamente 25,0% do total de vendas de medicamentos (SANTOS et al.,
2013).
O uso correto de medicamentos
proporciona inegáveis benefícios terapêuticos, porém seu consumo elevado ou de
forma errônea, acarreta riscos eminentes à saúde. Em média, os idosos utilizam diariamente
dois a cinco medicamentos, caracterizando a polifarmácia (ARAÚJO; GALATO, 2012),
aumentando as chances de interações medicamentosas e toxidade, principalmente,
na população idosa que é particularmente mais sensível aos efeitos das
medicações (OLIVEIRA et al., 2012). Concomitante, essa prática contribui para
piora das condições de saúde física e mental de idosos aumentando os riscos às
condições globais (NEVES et al., 2013).
(FONTE: http://andif.com.br/imagens/noticias/saude.jpg) |
O que pode contribuir com
esses efeitos, é que durante a terceira idade modificações orgânicas e
fisiológicas interferem diretamente na saúde das pessoas idosas, uma vez que
estes apresentam menor capacidade de metabolização de fármacos, sofrendo com
maior frequência os efeitos adversos e redução da eficácia terapêutica (NEVES
et al., 2013).
O uso contínuo de medicamentos
combinado a alterações fisiológicas constitui um grave problema de saúde
pública, uma vez que associado a isso, muitos idosos praticam a automedicação,
influenciado em grande parte por amigos e familiares (ARAÚJO; GALATO, 2012).
Essa prática trás riscos a
saúde, e em maior grau a população idosa, podendo mascarar doenças, retardar
diagnósticos e exacerbar efeitos de medicações, comprometendo ainda mais a
polifarmácia.
O crescimento e difusão da
automedicação têm sido influenciados por fatores econômicos, políticos e
culturais, que estão relacionados a uma grande disponibilidade de produtos,
publicidade irresponsável, qualidade da assistência à saúde insuficiente e
acessibilidade dificultada aos serviços da rede pública (SILVA et al., 2013).
Assim, profissionais da saúde
são peças fundamentais na sensibilização da população idosa, quanto ao uso
correto de medicamentos, os quais só devem ser utilizados mediante prescrição.
O desenvolvimento de um
trabalho de educação em saúde na atenção primária, onde sejam enfocados os
pontos negativos da automedicação e consequências da polifarmácia, possuindo
como público alvo não somente os idosos, mas sim toda a comunidade e
principalmente aos familiares de idosos é fundamental para compreensão e
fragmentação desta prática.
Por fim, ressalta-se a
necessidade de investir em atividades educativas de cunho informativo, a fim de
estreitar vínculos com idosos, familiares e comunidade. Portanto, é de suma importância
proporcionar conhecimento, buscando redução de agravos à saúde e em
concomitância automedicação.
Referências
ARAÚJO, P.L.; GALATO, Dayani. Risco
de fragilização e uso de medicamentos em idosos residentes em uma localidade do
sul de Santa Catarina. Rev. Bras.
Geriatr. Gerontol, Rio de janeiro; vol.15, n.1, p.119-126, 2012.
IBGE. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Censo
demográfico 2010: resultados preliminares. Rio de Janeiro; 2010.
NEVES, S.J.F. et al. Epidemiologia do uso de medicamentos entre
idosos em área urbana do Nordeste do Brasil. Rev Saúde Pública; vol.47, n.4, p. 759-68, 2013.
OLIVEIRA, M.A. et al. Automedicação em idosos residentes em
Campinas, São Paulo, Brasil: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro; vol.28,
n.2, p.335-345, 2012.
SANTOS. et al. Consumo de medicamentos por idosos, Goiânia, Brasil. Rev Saúde Pública; vol.47, n.1, p. 94-103,
2013.
SILVA, J.A.C. et al. Prevalência de automedicação e os fatores associados
entre os usuários de um Centro de Saúde Universitário. Rev Bras Clin Med, São Paulo; vol.11,
n.1, p.27-30, 2013.
Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Lana Linard e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.
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