As especificidades de saúde às mulheres negras

Existe uma grande disparidade de facilidade no acesso a saúde com relação às mulheres brancas e negras no Brasil. Isso acontece pelo fato que o preconceito ainda está, por vezes instituído nos serviços de saúde, como reflexo da própria sociedade brasileira, levando a desigualdade no atendimento, tanto pela etnia como pelo gênero e condições socioeconômicas.
(FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDo8wLXXLjXt7cbST7SIYl0KP_DTBn1kduY8m1RNMd9MOpIBtuC-8iLyTplreTH43i9NCO0HzNlT9yO_bQAHarjfZ7flEJgkTYQddIQHOkdyRUDzD483fO1LLO_6phsaiqYva2pz4Pc_8/s1600/mulheres+negras.jpg)

Em busca de melhoria no acesso à saúde à população negra, aconteceram várias reivindicações, que tiveram início desde a abolição da escravidão e tornaram mais intensos na segunda metade do século XX, com grande ênfase nos movimentos populares de saúde. Esses movimentos influenciaram e tiveram também influências da Reforma Sanitária e da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), porém não foram suficientes para acabar com as barreiras interpostas pelo racismo que dificultam o acesso aos serviços (WERNECK, 2016).

Na pretensão de responder às demandas da população negra no âmbito da saúde, o governo em parceria com o movimento negro elaboraram a Política Nacional de Saúde Integral à População Negra (PNSIPN), que foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 2007. Essa política foi uma grande conquista na ampliação dos direitos desse grupo social (BRASIL, 2007).

Algumas doenças são mais prevalentes nesse seguimento populacional, em especial as mulheres, dessa forma é necessário que se tenha um olhar mais aprofundado nessas especificidades, levando em consideração as desigualdades enfrentadas por elas na prevenção e tratamento desses problemas de saúde.

As doenças mais comuns entre as mulheres negras são relacionadas às Doenças Hipertensivas Específicas da Gravidez (DHEGs), doença falciforme em mulheres em idade fértil, violência doméstica e no trabalho, além de Miomas, Câncer de Colo de Útero, Diabetes e Hipertensão arterial, o que levam as negras a uma maior exposição à gestação de alto risco (BRASIL, 2005; VIEGAS, VARGAS, 2016).

Tendo em vista que essas doenças são mais prevalentes nas negras, cabe aos profissionais e as autoridades de saúde uma abordagem especial, levando em consideração todas as outras dificuldades que são enfrentadas por essas mulheres perante a sociedade, respeitando os princípios da universalidade, integralidade e equidade, objetivando diminuir os índices de mortalidade das mulheres desse seguimento melhorando a qualidade no atendimento enfatizando os riscos para consequentemente oferecer tratamento adequado e eficaz.

Com o propósito de tentar sanar esses problemas a Politica Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher traz em seus objetivos específicos algumas metas para a promoção da saúde da mulher negra como, por exemplo, melhorar o registro e produção de dados; capacitar profissionais de saúde; implantar o Programa de Anemia Falciforme (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade fértil e no ciclo gravídico-puerperal; incluir e consolidar o recorte racial/étnico nas ações de saúde da mulher, no âmbito do SUS; estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da mulher das secretarias estaduais e municipais de saúde com os movimentos e entidades relacionados à saúde da população negra (BRASIL, 2004).

Dessa forma as especificidades de saúde das mulheres negras devem fazer parte da produção do cuidado dos serviços de saúde fazendo com que a assistência a essas mulheres seja efetiva e eficaz, de maneira horizontal e com acessibilidade de maneira democrática.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Perspectiva da Equidade no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal: Atenção à Saúde das Mulheres Negras / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.- Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.- Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

VIEGAS,D.P; VARGA, I.V.D. Promoção à saúde da mulher negra no povoado Castelo, Município de Alcântara, Maranhão, Brasil. Saúde Soc. São Paulo, v.25,n.3, p.619-630, 2016.

WERNECK, J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. São Paulo, v.25,n.3, p.535-549, 2016.

Texto elaborado pela Enfermeira Mayara Evangelista e pelo Professor Dr. Marcelo Costa.

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