As especificidades de saúde às mulheres negras
Existe uma grande disparidade de facilidade no
acesso a saúde com relação às mulheres brancas e negras no Brasil. Isso
acontece pelo fato que o preconceito ainda está, por vezes instituído nos
serviços de saúde, como reflexo da própria sociedade brasileira, levando a
desigualdade no atendimento, tanto pela etnia como pelo gênero e condições
socioeconômicas.
Em busca de melhoria no acesso à saúde à população negra, aconteceram várias reivindicações, que tiveram início desde a abolição da escravidão e tornaram mais intensos na segunda metade do século XX, com grande ênfase nos movimentos populares de saúde. Esses movimentos influenciaram e tiveram também influências da Reforma Sanitária e da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), porém não foram suficientes para acabar com as barreiras interpostas pelo racismo que dificultam o acesso aos serviços (WERNECK, 2016).
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Em busca de melhoria no acesso à saúde à população negra, aconteceram várias reivindicações, que tiveram início desde a abolição da escravidão e tornaram mais intensos na segunda metade do século XX, com grande ênfase nos movimentos populares de saúde. Esses movimentos influenciaram e tiveram também influências da Reforma Sanitária e da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), porém não foram suficientes para acabar com as barreiras interpostas pelo racismo que dificultam o acesso aos serviços (WERNECK, 2016).
Na pretensão de responder às demandas da população
negra no âmbito da saúde, o governo em parceria com o movimento negro
elaboraram a Política Nacional de Saúde Integral à População Negra (PNSIPN),
que foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 2007. Essa política foi uma
grande conquista na ampliação dos direitos desse grupo social (BRASIL,
2007).
Algumas doenças são mais prevalentes nesse
seguimento populacional, em especial as mulheres, dessa forma é necessário que
se tenha um olhar mais aprofundado nessas especificidades, levando em
consideração as desigualdades enfrentadas por elas na prevenção e tratamento
desses problemas de saúde.
As doenças mais comuns entre as mulheres negras são
relacionadas às Doenças Hipertensivas Específicas da Gravidez (DHEGs), doença
falciforme em mulheres em idade fértil, violência doméstica e no trabalho, além
de Miomas, Câncer de Colo de Útero, Diabetes e Hipertensão arterial, o que
levam as negras a uma maior exposição à gestação de alto risco (BRASIL, 2005; VIEGAS,
VARGAS, 2016).
Tendo em vista que essas doenças são mais
prevalentes nas negras, cabe aos profissionais e as autoridades de saúde uma
abordagem especial, levando em consideração todas as outras dificuldades que
são enfrentadas por essas mulheres perante a sociedade, respeitando os
princípios da universalidade, integralidade e equidade, objetivando diminuir os
índices de mortalidade das mulheres desse seguimento melhorando a qualidade no
atendimento enfatizando os riscos para consequentemente oferecer tratamento
adequado e eficaz.
Com
o propósito de tentar sanar esses problemas a Politica Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher traz em seus objetivos específicos algumas metas
para a promoção da saúde da mulher negra como, por exemplo, melhorar o
registro e produção de dados; capacitar profissionais de saúde; implantar o
Programa de Anemia Falciforme (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das
mulheres em idade fértil e no ciclo gravídico-puerperal; incluir e consolidar o
recorte racial/étnico nas ações de saúde da mulher, no âmbito do SUS; estimular
e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da mulher das secretarias
estaduais e municipais de saúde com os movimentos e entidades relacionados à
saúde da população negra (BRASIL, 2004).
Dessa forma as especificidades de
saúde das mulheres negras devem fazer parte da produção do cuidado dos serviços
de saúde fazendo com que a assistência a essas mulheres seja efetiva e eficaz, de
maneira horizontal e com acessibilidade de maneira democrática.
Referências
BRASIL.
Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Perspectiva da Equidade no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade
Materna e Neonatal: Atenção à Saúde das
Mulheres Negras / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas.- Brasília: Ministério da Saúde,
2005.
BRASIL.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da
mulher: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra/
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.- Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
VIEGAS,D.P;
VARGA, I.V.D. Promoção à saúde da
mulher negra no povoado Castelo, Município de Alcântara, Maranhão, Brasil. Saúde Soc. São Paulo, v.25,n.3,
p.619-630, 2016.
WERNECK, J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. São Paulo, v.25,n.3, p.535-549,
2016.
Texto elaborado pela Enfermeira Mayara Evangelista e pelo Professor Dr. Marcelo Costa.
Texto elaborado pela Enfermeira Mayara Evangelista e pelo Professor Dr. Marcelo Costa.
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