Uma das características da síndrome metabólica é a hipertensão, que tal aprender um pouco mais sobre o assunto?
A síndrome metabólica (SM) pode ser
compreendida como o conjunto de alterações metabólicas inter-relacionadas que
propiciam o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes
(MENDES et al, 2019).
Fonte: https://gracecottage.org/news/2018/12/free-blood-pressure-clinic-at-grace-cottage/attachment/high-blood-pressure-clip-art/
Entre as manifestações da SM, devemos destacar
a hipertensão arterial (HA), que pode ser entendida como uma doença crônica
definida por níveis pressóricos elevados, em que os benefícios do tratamento,
medicamentoso ou não, superam os riscos associados. A HA é uma condição
multifatorial, que depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e
sociais. É caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial (PA), ou
seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD)
maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas
ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva (BARROSO et al,
2021).
Por se tratar de condição
frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais
e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o
principal fator de risco modificável com associação independente, linear e
contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e
morte prematura. Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos
sistemas cárdio-circulatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal,
intolerância à glicose, e diabetes melito (DM). (FOROUZANFAR, 2017; CAREY et al,
2018).
Na SM algumas alterações são marcantes
e nos ajudam a entender a origem da HA. O paciente portador, geralmente
apresenta um estado de hipersensibilidade do tecido adiposo aos
glicocorticóides (cortisol, cortisona, etc), conferindo uma maior capacidade de
vasoconstrição arterial. A aterosclerose, por muitas vezes presente, também
atua nesse sentido ao diminuir o calibre dos vasos sanguíneos. Ademais, é
destacado o aumento da angiotensina (agente vasoconstritor), retenção de sódio,
redução dos níveis do fator vasodilatação derivado do endotélio e aumento dos
níveis do peptídeo vasoconstritor endotelina-1(FERRARI, 2017).
O controle da HA inicia-se com a
detecção e observação contínua, não devendo ser diagnosticada com base em uma
única medida da pressão arterial. Após sua confirmação, deve ser classificada
como hipertensão primária ou secundária, verificação do prejuízo dos órgãos
alvos e levantamento de outros fatores de risco cardiovasculares. (LACKLAND, 2013).
Podemos destacar o exercício físico
aeróbio, realizado regularmente, como promotor de importantes adaptações
autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular. Entre
essas adaptações, a redução nos níveis de repouso da pressão arterial é
especialmente importante no tratamento da hipertensão arterial de grau leve a
moderado, já que, por meio do treinamento físico, é possível para o paciente
hipertenso diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos ou mesmo
ter sua pressão arterial controlada sem a adoção de medidas farmacológicas.
(RONDON, 2003).
É preciso que haja uma
mudança no estilo de vida do paciente hipertenso que vá além da inclusão de
atividades físicas, mas que também englobe alterações em outros aspectos como a
alimentação, recreação e sono. Estudos mostram impactos positivos
significativos na vida dos portadores da doença a partir da adoção de práticas
saudáveis. Nesse contexto, faz sentido o apoio e o incentivo à adoção e hábitos
de vida saudáveis, de maneira não restrita aos pacientes mas integrando o grupo
familiar a fim da promoção da saúde para o conjunto (CARDOSO et al, 2019).
REFERÊNCIA
BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial–2020. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia, v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021.
CARDOSO,
Saoraya Lopes et al. Hipertensão arterial: mudança de hábitos para adesão ao
tratamento arterial hypertension: change of habits for adherence to treatment. Rev
Interfaces, v.7, n. 1, p.
219-223, 2019.
CAREY, Robert M. et al. Prevention and control of hypertension: JACC health promotion series. Journal of the American College of Cardiology, v. 72, n. 11, p. 1278-1293, 2018.
FERRARI, Carlos Kusano Bucalen. Atualização: fisiopatologia e clínica da síndrome metabólica. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 36, n. 4, p. 90-95, 2007.
FOROUZANFAR, Mohammad H. et al. Global burden of hypertension and systolic blood
pressure of at least 110 to 115 mm Hg, 1990-2015. Jama, v. 317,
n. 2, p. 165-182, 2017.
KAHN, Richard et al. A síndrome metabólica. The
Lancet , v. 366, n. 9501, pág. 1921-1922, 2005.
Comentários
Postar um comentário