Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares a relação com as práticas no âmbito da Atenção Básica
A Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICS) foi apresentada
pelo Ministério da Saúde como uma forma de enfrentamento ao modelo tradicional
vigente, visto a incapacidade de resolução de algumas doenças, a morbidade
relacionada aos tratamentos e ausência do uso de tecnologias leves (SAAD; MEDEIROS, 2009), sendo um política
que converge com os princípios e diretrizes da Atenção Básica, cujo cerne é
buscar a reorientação do modelo de atenção à saúde, com práticas que atendam as
diversas necessidades de saúde dos atores sociais do território de
atuação.
Segundo Silva e Tesser (2013), a PNPICS visa a autocura, além
da abordagem holística e centrada no indivíduo, acarretando na diminuição da excessiva
medicalização, tão presente em nosso cotidiano.
(FONTE: laboratorioterra.com/2013/09/no-sus-tem-praticas-integrativas-voce.html) |
Foi aprovada por
meio da Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Sua criação deu-se a partir do
objetivo de atender às recomendações de diretrizes de várias Conferências
Nacionais de Saúde e às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). (BRASIL,
2006). As categorias contempladas são: Medicina Tradicional Chinesa-Acupuntura;
Homeopatia; Fitoterapia; Medicina Antroposófica e Termalismo-Crenoterapia,
descritas a seguir:
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) - ACUPUNTURA: A Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) surgiu há milhares de anos e fundamenta-se nas
teorias: Yin-yang e cinco movimentos. O Yin-yang defende a divisão do mundo em
duas forças complementares. O objetivo principal da medicina chinesa é de
equilibrar essas forças. Já a teoria dos cinco movimentos atribui a todas as
coisas e fenômenos da natureza e do corpo uma das cinco energias: água; fogo;
terra; metal e madeira. A MTC abrange atualmente oito métodos de tratamento,
dentre eles, o mais popular é a acupuntura. Esta consiste no emprego de técnicas
que permitem o estímulo preciso em determinados locais do corpo através da
introdução de agulhas filiformes e metálicas.
HOMEOPATIA: A homeopatia foi trazida ao Brasil por
Benoit Muree, por volta de 1840. Consiste em uma terapia que visa a integridade
da força vital, a qual rege o ser humano. Acredita-se que o processo de
adoecimento esteja relacionado ao desequilíbrio dessa força. A cura pela
homeopatia é baseada em três princípios: a lei dos semelhantes; experimentação
no homem sadio e uso de ultradiluições. Fundamenta-se na utilização empírica de
doses pequenas e ultradiluídas da substância que causou o adoecimento, através
de experimentos em pessoas sadias e da observação de seus possíveis efeitos
adversos, o que determinará a utilização no tratamento dos doentes. A homeopatia é considerada por algumas
pessoas um tratamento livre de efeitos colaterais. Porém, esta terapia possa
causar efeitos, tanto benéficos quanto maléficos à saúde. Deste modo, é
necessário que os profissionais da saúde se aproximem da comunidade para
conhecer o uso destas práticas, buscando produzir, de modo compartilhado, novas
opções de manejar as necessidades de saúde do indivíduo, com utilização de
tecnologias leves e criação de encontros que acarretem em protagonismo dos
usuários (FELIPETTE LIMA et al, 2015).
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA: A fitoterapia
é um método terapêutico muito antigo e está fundamentada no acúmulo de
informações por sucessivas gerações (BRASIL, 2006). É uma terapia caracterizada
pela utilização de plantas medicinais, em suas diferentes formas farmacêuticas,
sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.
MEDICINA ANTROPOSÓFICA: A antroposofia
tem base vitalista e defende a ideia de que o homem é composto por corpo, alma
e espírito. Visa o cuidado integral à saúde, buscando o equilíbrio entre essas
forças.
TERMALISMO SOCIAL/CRENOTERAPIA: O termalismo é
a utilização de água mineral com finalidade terapêutica. É um dos procedimentos
mais antigos, sendo utilizado desde a época do império Grego. Destaca-se pela
promoção de ações de revalorização, fiscalização e controle dos mananciais,
assim como incentivo à realização de pesquisas na área, propostas a partir da
resolução nº 347 de 07 de outubro de 2004 pelo Conselho Nacional de Saúde.
Percebe-se
que as PNPICS contribuem para a saúde de diversas maneiras, na prevenção de
doenças, manutenção e recuperação da saúde. Isso se dá pela forma humanizada e
integral que essas práticas se baseiam para realizar o atendimento à população.
Segundo Silva e Teles (2013), o modelo tradicional apresenta-se mais restrita à
queixa principal, tendo seu atendimento limitado. Em contrapartida, na Atenção
Básica, há um acompanhamento por mais tempo, de forma longitudinal, o que
promove novas possibilidade de produção de cuidado, de maneira mais sensível e
integral.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS / Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. -
Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
FELIPETTE LIMA, J. et al. Uso de terapias integrativas e
complementares por pacientes em quimioterapia. av.enferm., Bogotá
, v. 33, n. 3, p. 372-380, Sept. 2015
SAAD, M.;
MEDEIROS, R. Terapias Complementares-Cuidados para Evitar Cuidados Adversos. Einstein: Educ Contin Saúde; v. 7, p.
42-3, 2009.
SILVA, E. D. C.; TESSER, C. D. Experiência de pacientes com
acupuntura no Sistema Único de Saúde em diferentes ambientes de cuidado e
(des)medicalização social. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 29, n. 11, p. 2186-2196, nov. 2013.
Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Fabrícia Vidal e pelo Professor Dr. Marcelo Costa.
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