PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) E SUA IMPORTÂNCIA NA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO SEXUAL DO HIV EM RELAÇÕES CONSENTIDAS.

 

            A profilaxia pós-exposição (PEP) é uma das medidas de prevenção da transmissão sexual do vírus HIV, que consiste no uso de medicação profilática após uma exposição com risco de infecção. A PEP é uma das estratégias oferecidas pelo Ministério da Saúde, definida sob a perspectiva de uma prevenção combinada, método que associa diferentes formas e ações conjuntas visando a prevenção da infecção pelo vírus HIV (BRASIL, 2021).

É indicada somente em situação de emergência e não como método principal de prevenção, portanto, não deve substituir o uso da camisinha e não deve ser utilizada de forma excessiva, visto que seus efeitos colaterais podem ser nocivos à saúde. Ademais, se expor de forma frequente aumenta potencialmente o risco de infecção pelo HIV (CASTOLDI et al., 2020).

A prescrição da PEP para exposições sexuais consentidas ocorre após uma avaliação do profissional de saúde e depende da correlação entre o tipo de exposição e o status sorológico do parceiro. Também é necessário que a pessoa exposta teste negativo para o HIV no momento do atendimento (FILGUEIRAS, 2018). Sua eficácia diminui à medida que o tempo passa, portanto, quanto mais cedo iniciar a profilaxia, mais chances de prevenção, compreendendo um prazo máximo de 72 horas (CASTOLDI et al., 2020).

A PEP é oferecida gratuitamente pelo SUS, geralmente em serviços de urgência e emergência. Para se obter a eficácia a medicação deve ser tomada por 28 dias seguidos, reduzindo as chances de contágio. Os medicamentos administrados são preferencialmente a associação de Tenofovir (TDF), Lamivudina (3TC) e Dolutegravir (DTG), com o objetivo de impedir que o vírus atinja o sistema imunológico (SCHECHTER, 2016). 

O usuário deve ser acompanhado pela equipe de saúde durante e após a utilização do esquema medicamentoso, para realização de avaliação laboratorial, testagem para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e análise da toxicidade dos medicamentos. As orientações sobre as medidas de prevenção devem ser reforçadas a cada consulta, como o uso de preservativo, o não compartilhamento de seringas e agulhas, além da contraindicação de doação de sangue, órgãos, tecidos ou esperma (CORNELY et al., 2021).



Fonte: Google Imagens

Mesmo possuindo grande eficácia, sua utilização ainda é limitada no meio social, haja vista que se trata de uma ferramenta pouco conhecida em virtude da desinformação acerca dos aspectos que envolvem o HIV. Quando a PEP é utilizada, muitas vezes ocorre a descontinuidade do tratamento, interrompendo o processo profilático e aumentando o risco da pessoa contaminar-se com o vírus HIV (NASCIMENTO, 2021). 

É de extrema importância disseminar informações relacionadas à PEP para a população de maneira geral, principalmente para os grupos com maiores índices de contaminação pelo HIV, ou seja, gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, pessoas que usam álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade e trabalhadoras (es) do sexo. Destaca-se, também, a importância da ampliação do acesso à PEP, por meio do fortalecimento das ações de saúde.


Texto produzido pelos acadêmicos de enfermagem, Bárbara Furtado Mandelli, Matheus Alves Barros e Rodrigo Marcelino Zacarias de Andrade, orientados pela professora Ms. Maria Mônica Paulino do Nascimento.


Eixo temático: Tecnologias cuidativo-educacionais. HIV/AIDS. Gestão e inovação em saúde.

Linha de Pesquisa: Tecnologias cuidativo-educacionais: interlocuções na saúde, formação e educação. 



REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

CASTOLDI, Luciana et al. Profilaxia pós-exposição ao HIV em populações vulneráveis: estudo longitudinal retrospectivo em um ambulatório da rede pública do Rio Grande do Sul, 2015-2018. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, p. e2020646, 2021.

FILGUEIRAS, Sandra Lúcia; MAKSUD, Ivia. Da política à prática da profilaxia pós-exposição sexual ao HIV no SUS: sobre risco, comportamentos e vulnerabilidades. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), p. 282-304, 2018.

MARTINS, D. C. J. NASCIMENTO, W. G. Profilaxia Pós Exposição ao HIV: A PEP como Prevenção em Situação de Risco perante os Profissionais de Saúde. III Conbracis, v. 108, n. 1615, 2018.

SCHECHTER, Mauro. Profilaxia pré e pós-exposição: o uso de drogas antirretrovirais para a prevenção da transmissão sexual da infecção pelo HIV. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 2, n. 4, p. 112-117, 2016.

SOUZA, Camilla Borges Lopes et al. A importância da Assistência de Enfermagem na Profilaxia Pós Exposição de Risco ao HIV. Revista Atenas Higeia, v. 3, n. 2, p. 24-27, 2021.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS). Como deve ser realizada a profilaxia pós-exposição (PEP) ocupacional e sexual? Porto Alegre:/ TelessaúdeRS-UFRGS; 6 Ago 2021 [Acesso em: 13/08/2022]. Disponível em:https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/ps-rofilaxia-pos-exposicao/.


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