REAÇÕES HANSÊNICAS TIPO 1: COMO IDENTIFICAR
Reações hansênicas tipo 1: como
identificar
Reações hansênicas são
eventos de elevação da atividade da doença hanseníase, com agravamento clínico
que pode acontecer de maneira aguda antes, durante ou depois do final do
tratamento com a poliquimioterapia (PQT). Contudo, ainda não há um procedimento
terapêutico específico capaz de impossibilitar a ocorrência desses fenômenos,
nem um esquema de tratamento que consiga ser eficaz em todos os casos. É ainda,
durante esses episódios, que ocorre a piora das lesões neurológicas
inalteráveis e, consequentemente, o aumento das incapacidades e complicação
(BRASIL, 2017).
Tais reações resultam da
inflamação aguda ocasionada pela resposta do sistema imunológico do hospedeiro
que ataca o bacilo, podendo ser resumidas ao tipo 1, também conhecida como
reação reversa e tipo 2, denominada de eritema nodoso hansênico. Embora não
ocorram em todos os pacientes, essas reações ainda podem ser encontradas
frequentemente, principalmente nos pacientes Multibacilares (MB) (BRASIL,
2014).
A reação reversa (tipo 1)
ocorre devido à exacerbação da resposta das células do sistema imunológico em
um indivíduo com boa capacidade para eliminar os bacilos. (BRASIL, 2014). O
exame histopatológico desta é caracterizado pelo surgimento de granulomas
formados por abundantes células epitelioides e por células gigantes bi ou
multinucleadas (ALVES; FERREIRA; NERY, 2014).
Sabe-se que uma
inflamação em uma lesão de pele pode ser incômoda, mas raramente é grave; por
outro lado, uma inflamação em um nervo pode causar danos graves e
irreversíveis, como a perda da função, oriunda do edema e da pressão no nervo
(WHO et al., 2020).
Quanto aos sinais e
sintomas das reações hansênicas do tipo 1, esses podem ser divididos pela forma
que afetam o indivíduo, sendo lesões na pele e lesões nos nervos. O quadro
clínico de pacientes com lesões na pele pode indicar a reação reversa quando:
há o aparecimento abrupto de novas lesões até 5 anos após a alta, podendo essas
serem pápulas, manchas e/ou placas; inchaço ou avermelhamento de lesões antigas
outrora causadas pela hanseníase; além do edema de extremidades (mãos, pés)
e/ou face (BRASIL, 2017).
Assim, é de fundamental
importância que haja o rápido diagnóstico e também o manejo dessas reações, que
compreendem maior causa de lesões nos nervos periféricos e aumento das incapacidades.
EDEMA DE EXTREMIDADES REACIONAL:
Fonte: BRASIL, 2014
PLACAS ULCERADAS:
Fonte: BRASIL, 2014
PLACAS ERITEMATO-EDEMATOSAS:
Fonte: BRASIL, 2014
A manifestação das reações do tipo 1
nos nervos é caracterizada por maior sensação de dor nos nervos, piora dos
sinais neurológicos quanto a perda de sensibilidade ou diminuição da força
muscular, dor espontânea ou à palpação de nervo periférico com ou sem
espessamento, além da neurite reacional (BRASIL, 2014).
NERVO ESPESSADO POR
NEURITE REACIONAL:
Fonte: BRASIL, 2014
Portanto, é de suma
importância que exames completos, incluindo avaliações da função neural e o
escore olho-mão-pé, que permite avaliar de forma mais sensível alterações
funcionais e/ou sensitivas do paciente, sejam realizados no início e no final
do tratamento com PQT, acompanhado de vigilância pós-tratamento para
identificação, registro, monitoramento e fornecimento de suporte personalizado
aos indivíduos que apresentarem maior risco de desenvolver reações ou aumento
da incapacidade e que necessitem de cuidados contínuos.
A reação hansênicas tipo
2 será abordada posteriormente, fique atento as nossas publicações!
REFERÊNCIAS:
ALVES, E. D.; FERREIRA, T. L.; NERY, I. Hanseníase: avanços e desafios.
Brasília: Nesprom, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Hanseníase na atenção básica. Fundação Oswaldo Cruz & SE/UNA–SUS, 2014.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Leprosy hansen disease: management of reactions and prevention of disabilities: technical guidance. 2020. Disponível em: <https://www.who.int/publications/i/item/9789290227595>. Acesso em: 05, agosto de 2022.
Texto elaborado pela Acad. Enfermagem Silvana Vidal
Oliveira de Assis, sob a orientação de Professora Dra. Fabiana Ferraz Queiroga
Freitas.
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