Competências do líder para o gerenciamento de conflitos no âmbito da saúde

Nas relações de trabalho existentes no campo da saúde é possível identificar a existência de conflitos, algo inerente das relações humanas e profissionais que nem sempre é bem visto, pois geralmente retoma recordações ruins que são carregadas de más resoluções. Por isso, é essencial saber gerenciá-los para que venham a ser considerados algo construtivo para o processo de trabalho e saudáveis para a organização, visto os efeitos positivos que podem ser apontados quando bem solucionados. Dentro deste cenário o enfermeiro tem se tornado peça chave por deter aptidões importantes para o bom desfecho dos mesmos.
Embora efeitos negativos também possam ser apontados na geração de conflitos como dificuldade da comunicação e da relação entre as partes envolvidas, tendência para baixa qualidade na tomada de decisão, desvio do objetivo principal e falta de confiança, ainda podem ser assinalados os efeitos positivos quando o mesmo é bem sucedido, caracterizando uma oportunidade para análise do problema sob o olhar de diferentes panoramas, sendo possível o compartilhamento de liderança com crescimento individual e grupal, desenvolvimento de negociação, entre outros.

Nas instituições de saúde o trabalho é desempenhado por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar sendo o conflito algo comum que pode surgir no cotidiano dos profissionais. Geralmente ele é percebido por muitos como algo ruim, podendo ser considerado negativo e destrutivo para as relações da equipe. No entanto, o modo pelo qual ele é gerenciado muda seu desfecho, podendo torná-lo benéfico e construtivo.

Com os avanços alcançados na saúde nos últimos anos, se tem exigido cada vez mais novas competências e habilidades dos profissionais da saúde, principalmente do enfermeiro que desempenha atividades de assistência, educação, pesquisa e gerência. Esta por sua vez está intimamente atrelada ao enfermeiro, pois o mesmo exerce atividades dentre as quais necessita coordenar uma equipe, visando atingir um objetivo em comum: assistência efetiva, eficaz e de qualidade.

Para tanto, o enfermeiro pode deparar-se com diversos conflitos em que se faz necessária a sua resolução, onde o objetivo comum perpassa as diferentes visões dos atores envolvidos, cada um com suas aspirações, visões e necessidades diferentes, e por isso o enfermeiro líder necessita agrupar e encontrar a melhor solução satisfazendo as necessidades dos clientes, dos profissionais e da instituição.

Portanto o enfermeiro desempenha papel fundamental para que haja resolutividade, visto que muitas vezes ele desempenha o papel de líder de uma equipe sendo necessário possuir perfil para o exercício desta função, corroborando dessa forma para que seja realizada uma assistência efetiva, eficaz e de qualidade, seu objetivo primordial.

Quanto a liderança, esta pode ser definida, de acordo com Robbins (2002), como a habilidade do indivíduo exercer influência sobre um grupo na busca de alcançar os objetivos que são compartilhados e comuns a todos, podendo ser inata, adquirida ou aperfeiçoada durante a construção da sua formação profissional, caracterizando um instrumento facilitador para o gerenciamento de conflitos.

Assim, é algo que pode contribuir para resolução de conflitos dentro da equipe, segundo Ciampone e Kurcgant (2012), é não deixar o lado emocional interferir e agir de forma racional, refletindo na implicância da tomada de decisão por extinto. Desta forma, o enfermeiro como líder precisa partir do pressuposto das abordagens contemporâneas psicossociais e psicodinâmicas, procurando entender os posicionamentos divergentes, discutindo-os de forma transparente para que as partes envolvidas possam ganhar.

Dentre as formas de gerir esses conflitos a solução integrativa de problemas se adequa melhor na busca de uma alternativa mais favorável, pois a partir da utilização de estratégias de comunicação eficaz é possível o convencimento que direciona a melhor solução (CIAMPONE; KURCGANT, 2012). Portanto, é preciso ser pró ativo e ter a capacidade de negociação de forma planejada com uma visão ampla do problema a fim de adotar um estilo de compromisso que satisfaça a necessidade de ambas as partes sem esquecer-se do objetivo principal, a qualidade dos serviços oferecidos no campo da saúde.

Faz-se necessário assumir a responsabilidade frente ao processo de trabalho, buscando estratégias de conhecimento e aperfeiçoamento das habilidades técnicas, administrativas e relacionais para ser possível enfrentar e solucionar problemas com maiores oportunidades de êxito. Ao mesmo tempo em que lhe incumbe o papel de promover o empoderamento com sua equipe fazendo dela uma aliada rumo ao alcance dos objetivos comum às instituições de saúde.

Referências
CIAMPONE, M. H. T.; KURCGANT, P. Gerenciamento de Conflitos e Negociação. In: KURCGANT, P. (org.) Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012.

ROBBINS, S.P. Comportamento organizacional. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall; 2002.

SILVA, V.L.S.; CAMELO, S.H.H. A competência da liderança em enfermagem: conceitos, atributos essenciais e o papel do enfermeiro líder. Rev. enferm. Rio de Janeiro: v. 21, p. 533-9, 2013.

Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Mike Douglas e pela Professora Me. Fabiana Ferraz

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