Intervenções que podem diminuir a tensão do Cuidador do paciente com Doença de Alzheimer

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, universal e irreversível, caracterizado por mudanças bioquímicas, morfológicas e psicológicas que determinam mudanças funcionais no organismo, configurando-se assim, como fator de risco para doenças neurodegenerativas (LEITE; MENEZES; LYRA; ARAÚJO, 2014).
(FONTE: cmjornal.pt/sociedade/detalhe/mais_de_400_cuidadores_de_doentes_de_alzheimer_apoiados)

Existem mais de 140 tipos de doenças neurodegenerativas, dentre elas a mais comumente encontrada chama-se Doença de Alzheimer (DA), responsável aproximadamente por 50-70 % de todas as demências (MENDES; SANTOS, 2016). A DA é uma síndrome cerebral degenerativa, caracterizada por ser irreversível e progressiva, na qual atinge 25 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 90% nas que possuem mais de 60 anos. É uma condição que altera de forma dramática a autonomia do indivíduo, causando dependência e limitação cada vez maior, de modo que afeta negativamente as atividades de memória, mente e comportamento necessitando de auxílio para o desenvolvimento de atividades simples do cotidiano (MARINS; HANSEL; SILVA, 2016).

Dessa forma, é preciso considerar que o avanço da doença pode tornar o paciente cada vez mais dependente, sendo necessário um cuidador que auxilie na realização das atividades de vida diárias. Segundo Vidgal et al. (2014), é o cuidador quem vai se responsabiliza pelos cuidados prestados suprindo a incapacidade funcional do doente.

A pessoa com DA pode passar por três estágios até o fim da vida: o primeiro é caracterizado pelas percas cognitivas mais leves, como o descuido da aparência e desorientações, nesse caso, necessitam da supervisão de um cuidador; no segundo estágio, se tem percas acentuadas da cognição, o paciente demonstra perturbações severas, perda de memória e alterações emocionais como agressividade, nesse momento, ele precisa do auxilio do cuidador; no último estágio obtém-se perda de peso, delírios, alucinações e irritabilidade extrema, havendo total dependência do cuidador (BAGNE; GASPERINO, 2014).

No entanto, cuidar não significa fazer pelo outro, mas sim, ajudar nas necessidades estimulando a manutenção da autonomia, o que requer tempo e dedicação, ocasionando mudanças na rotina diária do cuidador da pessoa com DA, por necessitar dedicar maior atenção e habilidades que podem o expor ao risco de estresse e depressão pelo possível isolamento social.

Cuidar da pessoa com DA pode expor o cuidador a uma sobrecarga excessiva, levando o mesmo ao estresse cotidiano, ocasionando mal estar que pode refletir nos cuidados ofertados. Tem-se observado níveis mais elevados de depressão, problemas fisiológicos, hábitos inadequados e problemas psicológicos em cuidadores de pessoas com DA, sendo as principais afecções psíquicas e físicas a ansiedade, depressão, doenças cardiovasculares e o declínio na função imunológica (OLIVEIRA; LUCENA; ALCHIERI, 2014), emergindo a necessidade de intervenções que busquem meios de possibilitar efeitos positivos tanto para o cuidador quanto para o paciente.

As intervenções devem ser aplicadas por profissionais capacitados de forma a diminuir o estresse, promovendo conhecimentos sobre a patologia, psicoeducação, aconselhamento psicológico e incentivo a prática de exercícios físicos.

Essas intervenções mostram-se capazes de amenizar danos emocionais e físicos, pois o cuidador que entende a patologia e o processo da DA, tem maior facilidade de enxergar soluções para diminuir a sobrecarga, tornando o trabalho menos estressante, uma vez que um aparato maior de conhecimento ajuda até mesmo nas situações específicas. Já as ações psicológicas auxiliam na visualização/manejo do estresse, reforçando o autocontrole e aquisição de novas estratégias de enfrentamento, causando menos danos à saúde (OLIVEIRA; LUCENA; ALCHIERI, 2014).

Desse modo, o estresse presente nos cuidadores podem expandir outros problemas, que acabam por comprometer seu bem-estar e do doente. Por isso, se faz indispensável uma rede de suporte profissional que possa instruir os cuidadores a minimizar essa problemática, com intervenções eficazes e continuadas, que proporcionem equilíbrio físico e mental, resultando em um serviço de cuidado qualificado ofertado a pessoa com DA.
  
Referências 
BAGNE, B. M., GASPARINO, R. C. Qualidade de vida do cuidador do portador de Doença de Alzheimer. Rev enferm UERJ. Rio de Janeiro. vol. 22, n. 2, pp.258-263. 2014.

CAMARANO, A. A., KANSO, S. Perspectivas de crescimento para a população brasileira: velhos e novos resultados. Texto para Discussão nº 1426. Rio de Janeiro: Ipea, out 2009.

LEITE, C. D. S. M., MENEZES, T. L. M., LYRA, É. V. V., ARAUJO, C. M. T. Conhecimento e intervenção do cuidador na doença de Alzheimer: uma revisão da literatura. J. bras. psiquiatr. vol.63, n.1, pp.48-56. 2014.
               
MARINS, A. M. F., HANSEL, C. G., SILVA, J. Mudanças de comportamento em idosos com Doença de Alzheimer e sobrecarga para o cuidador. Esc. Anna Nery. vol.20, n.2, pp.352-356. 2016.

MENDES, C. F. M., SANTOS, A. L. S. O cuidado na doença de Alzheimer: as representações sociais dos cuidadores familiares. Saude soc. vol.25, n.1, pp.121-132. 2016.

OLIVEIRA, K. S. A., LUCENA, M. C. M. D., ALCHIERI, J. C. Estresse em cuidadores de pacientes com Alzheimer: uma revisão de literatura. Estud. pesqui. psicol. Rio de Janeiro. vol.14, n.1, pp. 47-64. 2014.

VIDGAL, F. C. et al. Satisfação em cuidar de idosos com alzheimer: percepções dos cuidadores familiares. Cogitare Enferm. vol. 19, n. 19, p. 768-775, Out/Dez; 2014.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Rayara Ribeiro e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.

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