Medicações utilizadas na gestação: conhecer para prevenir riscos da automedicação

O consumo de medicamentos durante a gravidez tem sido bastante discutido no decorrer dos anos, tendo em vista seus potenciais riscos para a mãe e para o feto. O período gestacional é um fenômeno fisiológico, embora algumas situações exijam intervenções medicamentosas para assegurar a saúde do binômio mãe e filho.
(FONTE: webconsultas.com/sites/default/files/styles/encabezado_articulo/public/temas/medicamentos-embarazo.jpg)
Existem alguns medicamentos que são recomendados pelo Ministério da Saúde com o intuito de prevenir anemia durante a gestação e assegurar a perfeita formação do tubo neural, são eles, respectivamente, o sulfato ferroso, administrado a partir do diagnóstico da gravidez e o ácido fólico, por vezes prescritos até mesmo no período pré-gestacional (BRASIL, 2012).

Outros fármacos são frequentemente utilizados durante esse período a fim de controlar alguns sintomas que são comuns no ciclo gravídico, assim como também, doenças previamente estabelecidas na mãe ou adquirida durante a gravidez. Dentre os principais problemas maternos que necessitam de intervenção farmacológica estão diabetes mellitus, diabetes gestacional, hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, problemas respiratórios, toxoplasmose, sífilis, ansiedade, alterações nos sistemas renal, hepático e ginecológico (BJORN et al., 2011).

Os profissionais responsáveis por prescrever medicamentos durante a gestação, devem agir com cautela e apresentarem pleno conhecimento sobre possíveis efeitos colaterais e adversos que possam acarretar em danos à gestante e ao feto, outro fato que os profissionais devem atentar é quanto as orientações dos riscos da automedicação durante esse período criterioso na vida da mulher.

Sabe-se que grande parte dos medicamentos atravessa a barreira placentária e chegam até a corrente sanguínea do feto, sujeitando a efeitos maléficos, como por exemplo, mal formações congênitas, perda fetal, retardo do crescimento, carcinogênese e outros fenômenos teratogênicos (BRASIL, 2008). Grande parcela das gestantes faz o uso de medicamentos sem prescrição com o intuito de melhorar sintomas causados pelas alterações fisiológicas da gravidez.

Tal prática é resultado da escassez de informações fornecidas acerca dos riscos do consumo de medicamentos durante a gestação. A utilização de fármacos de forma irracional por meio de automedicação ou de prescrições sem parâmetros técnicos-científicos é constatada em diversos países. O problema da automedicação em gestantes está diretamente relacionado às consultas do pré-natal, como mostra um estudo realizado na cidade de Recife-PE, onde se revela que a maioria das mulheres que se automedicavam durante o período gravídico fizeram um menor numero de consultas de pré-natal (ARAÚJO et al., 2013).

Desse modo, é de responsabilidade das equipes de saúde acompanharem o uso de medicamentos durante a gestação objetivando a redução de danos à saúde da mãe e do feto, utilizando práticas de educação em saúde que auxiliem a gestante a conhecer quais os riscos e cuidados relacionados aos fármacos, proporcionando bem estar para a mulher e seu filho (COSTA, et al.,2017).

Referências
ARAÚJO, D.D. et al. Consumption of medicines in high-risk pregnancy: evaluation of determinants related to the use of prescription drugs and self-medication. Braz J Pharm Sci.v.49,n.3,p.491-9, 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2008: Rename 2006. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

BJORN,A.M., et al. Use of prescribed drugs among primiparous women: an 11-year population-based study in Denmark. Clin Epidemil. v.3,n.1,p.149-56,2011.

COSTA, B.D. et al. Utilização de medicamentos antes e durante a gestação. Cad. Saúde Pública. v.33,n.2,2017.

Texto elaborado pela Enfermeira Mayara Evangelista e pelo Prof. Dr. Marcelo Costa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Contate-nos

A inserção de atividades sobre habilidades sócio emocionais nas escolas em tempo integral

O impacto do racismo estrutural na resposta ao HIV/AIDS