Considerações sobre a COVID-19 e a saúde da mulher no seu ciclo gravídico-puerperal
Declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), a doença causada pelo
Fonte: https://centroalliance.com.br/gravidez-bebes-e-coronavirus-o-que-podemos-fazer-nesse momento/ |
Historicamente, as gestantes manifestaram maior suscetibilidade às infecções virais epidêmicas e pandêmicas relatadas na saúde pública, tais como gripe espanhola, gripe asiática, H1N1 e a SARS, com taxa de letalidade alta (ABARZÚA-CAMUS, 2020). Considerando as variações fisiológicas intrínsecas à gravidez e puerpério mais o histórico epidemiológico, o Ministério da Saúde (MS) classificou gestantes e puérperas como grupos de risco para a COVID-19, nome dado a doença causada pelo novo coronavírus (BRASIL, 2020a).
O manejo clínico de gestante com confirmação de diagnóstico é padrão com avaliação da condição materna, idade gestacional e viabilidade fetal (BRASIL, 2020b). A sintomatologia tem espectro variável, com sintomas típicos, os mais identificados são tosse, febre, dispneia e fadiga, atípicos ou ausente (SMITH et al., 2020).
Durante a triagem, no momento da admissão para o parto, a gestante e o acompanhante devem ser testados para esclarecimento de suspeita ou diagnóstico de Covid-19 (BRASIL, 2020c). O MS preconiza condutas para organização do fluxo de leitos e cuidados para a gestante sem infecção, suspeita ou diagnosticada em centro obstétrico:
Quadro 1:
Fonte: Ministério da Saúde (2020) |
No que diz respeito à internação da gestante suspeita, é fundamental uma departamentalização de áreas na maternidade segundo caráter assistencial com planejamento prévio para atender emergências, pré-parto, parto, recuperação, alto risco e puerpério, com as adaptações possíveis, além disso, as medidas de distanciamento devem permanecer para qualquer gestante, parturiente e puérpera, e suspeita ou diagnóstico confirmado indica necessidade de isolamento (ABARZÚA-CAMUS, 2020).
Sem comprovação científica de transmissão vertical via parto vaginal, este tipo de parto pode ser realizado em parturientes com diagnóstico de covid-19 e condição estável, e a cesárea deve ser optada em circunstâncias desfavoráveis ao parto vaginal e de emergência (DASHRAAT et al., 2020).
A alta segura pós-parto inclui algumas condições, a saber: puérperas com diagnóstico ou suspeita recebem alta mediante condição estável e fator social aceitável, também são dirigidas orientações para evitar a transmissão para o recém-nascido (RN), para isto, recomenda-se distanciamento de pelo menos um metro do berço e ambiente privado, outros cuidados incluem etiqueta respiratória, higienização das mãos antes do contato com o RN e sempre ao tocar em nariz e boca, e o uso da máscara é indicado para circulação em áreas do domicílio e ao amamentar (BRASIL, 2020a).
Sobre a prática da amamentação, sabendo que o aleitamento materno promove inúmeros benefícios ao RN e que não há transmissão vertical por esta via, a Sociedade Brasileira de Pediatria (2020) determinou que a amamentação permanece sendo indicada para recém-nascidos, inclusive em ambiente hospitalar, aliada a algumas questões de segurança, como higienizar as mãos antes e após cada mamada.
As maternidades e os demais serviços de saúde são orientados a organizar-se de maneira a garantir a segurança biológica de parturientes, recém-nascidos e acompanhantes com base nos estudos científicos atuais acerca da doença COVID-19 e suas repercussões em todos os setores. Após a alta, a atenção primária à saúde (APS) deve assegurar o acompanhamento materno e neonatal com visitas domiciliares e vigilância constante da saúde materna e do RN (BRASIL, 2020a).
REFERÊNCIAS
ABARZÚA-CAMUS , Fernando. COVID-19 y Embarazo.
BRASIL. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 13/2020-COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Brasília, 2020a. Disponível em:
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações para manejo de pacientes com COVID-19. Brasília, 2020b. Disponível em:
BRASIL. Ministério da Saúde.
DASHRAAT, Pradip et al. Coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic and pregnancy. American Journal of Obstetrics and Gynecology. 2020 Jun;222(6):521-531. Disponível em:
SMITH, Vinayak et al. “Maternal and neonatal outcomes associated with COVID-19 infection: A systematic review.” PloS one vol. 15,6 e0234187. Disponível em:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Aleitamento materno em tempos de COVID-19: recomendações na maternidade e após a alta. 2020. Disponível em:
Texto elaborado pela Acad. de Enf. Irlla Jorrana Bezerra Cavalcante, orientado pela Professora Mestra Maria Berenice Gomes Nascimento
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