E como ficam as crianças vítimas de Violência doméstica em meio a pandemia do novo Corona Vírus?



Você já parou para pensar que as famílias que só se viam uma vez no dia, depois do trabalho, agora na quarentena estão sendo obrigadas a conviver 24 horas juntas? Que as famílias de casais que estão separados com filhos menores de idade, precisam se deslocar com frequência da casa de um responsável para a casa do outro, mesmo com o distanciamento social? E pior que isso tudo: Você já refletiu sobre as crianças que sofrem violência doméstica e estão sendo obrigadas a conviver o dia inteiro de isolamento com o seu agressor? Apesar de soar um tanto comovente, a realidade é que o ambiente doméstico é o de maior potencial para a ocorrência de atos violentos contra a criança, tornando 

                               
                              FONTE: https://observatorio3setor.org.br/noticias/ongs-chamam-atencao-para-violencia-contra-criancas-no-brasil/

A violência doméstica contra as crianças (que são para o Ministério da Saúde as pessoas com idade entre 0 e 9 anos) se constitui hoje, um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo inteiro. Mundialmente há propensões e previsões para que a violência intrafamiliar contra a criança cresça durante o atual estado pandêmico. O convívio familiar prolongado durante o período de distanciamento social – exigido pelas grandes autoridades mundiais de saúde -  favoreceu esse aumento, pelo fato de ter diminuído a rede apoio para cuidar das crianças (como creches, escolas, clubes, professores, parentes, etc.) e em contra partida, aumentou a responsabilidade dos pais (BRASIL, 2020; DAHLBERG; KRUG, 2007; SILVA; OLIVEIRA, 2020).

Muitos fatores de risco para violência contra a criança estão cada vez mais presentes no dia a dia das famílias durante essa quarentena, como o desemprego, as dificuldades econômicas, o convívio com as crianças por longos períodos de tempo, a labilidade emocional que este momento de incertezas acaba por acarretar. Vivenciar as dúvida, os medos, as incertezas, e tantas outras situações, sentimentos e emoções podem não ser o maior de todos os problemas, pelo fato de estarem atrelados a vivência humana. O problema é quando a tentativa de fugir de tudo isso, vem através da violência, como um mecanismo de compensar o estresse gerado por esses sentimentos e emoções, nas pessoas da família que são mais vulneráveis, como as crianças (MAGALHAES et al., 2020; MENEZES; AMORIM, 2020).

A violência é o uso de força ou poder contra si mesmo ou contra outras pessoas, que provoque perdas, morte, lesões físicas, psicológicas, emocionais ou espirituais. A violência doméstica contra a criança pode ser definida como ações ou omissões praticadas por familiares da criança (pai, mãe, padrasto, madrasta, tios, avós, primos, etc.) ou responsáveis, que resulta no abuso de poder e na negação do direito de proteção do adulto para com a criança e mais ainda, culmina na objetificação da infância e na interferência no seu desenvolvimento saudável (GUERRA; JÚNIOR; AZEVEDO, 1992; LONGO, 2003).

            A violência doméstica contra a criança pode ser do tipo física, psicológica, sexual ou negligência. A violência física acontece pelo uso de força física e envolve beliscões, puxões de cabelo, tapas, surra, ferimento com armas, castigo físico, obrigar a criança a fazer tarefas domésticas de adulto. A violência sexual envolve a busca por estimulação sexual e acontece quando tocam o corpo da criança sem a sua permissão, quando a beijam ou a abraçam de maneira forçada ou expõem uma parte sexual do corpo a uma criança. A violência psicológica acontece através de maus tratos emocionais, quando gritam a criança, a humilham, a chamam palavrões, não escutam sua opinião, dizem que ela não é capaz de conseguir algo, cobram demais dela ou esperam resultados que ela enquanto criança não pode alcançar, a ameaçam. A violência do tipo negligência é quando familiares e/ou responsáveis não cuidam das crianças de modo a garantir seus direitos básicos enquanto ser humano (direito de acesso a saúde, educação, lazer, proteção, alimentação, moradia, etc.), omitindo a responsabilidade que precisam ter enquanto adultos (AZEVEDO; GUERRA, 2001; BRASIL, 2002; BRASIL, 2013).

Dados do ano de 2016 mostram a faixa de idade das crianças que são mais acometidas por cada tipo de violência no Brasil, sendo que: As violências do tipo física e também a negligência atingem principalmente crianças menores de 1 ano, as violências do tipo sexual e psicológica atingem principalmente crianças de 5 a 9 anos (BRASIL, 2020).

Quando o agressor confunde o carinho e ternura da criança com os seus desejos e satisfações adultas, a criança se percebe submissa e frágil. Com sua personalidade ainda imatura associada ao trauma das experiências vivenciadas, a criança se sente perversa e culpada pelos atos violentos. É a partir de então que passa a acreditar que é merecedora de tanto sofrimento e se sente amedrontada e envergonhada em falar sobre os atos de violência com pessoas que possam denunciar o seu agressor. Também acontece que essas crianças podem ser ameaçadas para permanecer em silêncio ou podem até mesmo serem sufocadas por um pedido de socorro que não é ouvido, deixando a criança em dúvida sobre o que vivenciou e se questionando se realmente houve a agressão ou era apenas um pesadelo (PORTOLANI; SCIARRA, 2020; SILVA; OLIVEIRA, 2020).

Isso tudo leva a criança a um amadurecimento antecipado demais, por que de repente, um familiar adulto que a criança tinha como referência e dele despendia emoções, reações e cuidados, a torna cada mais impotente, insegura, amedrontada, a cada ato de violência dentro de um ambiente que em sua expectativa deveria ser um ambiente seguro. Sem a figura dos adultos protetores, essa criança vítima de violência doméstica precisa assumir sozinha o papel de pai, mãe ou responsável, assumindo um comportamento autodefensivo. A partir deste ponto, surgem os comportamentos de fuga das demais pessoas (sejam elas adultos ou crianças), sentimentos de ansiedade, tristeza, agressividade, baixa autoestima, etc., que podem culminar em adoecimento biopsicossocial e até mesmo suicídio (ASSIS; FERREIRA, 2012; OLIVEIRA, 2010; MAGALHAES et al., 2020; PORTOLANI; SCIARRA, 2020).

A violência contra a criança está totalmente ligada a visão desvalorizada que os adultos tem sobre a criança e a infância. Vivemos em uma sociedade adultocêntrica, na qual os adultos construíram ao longo da história uma visão de infância na versão miniatura e é sempre inferior ao adulto. Ora é vista como ser frágil, ora é vista como “pestinha”. Há sempre um sentido de vê-la nessa condição de dubiedade. Essa visão sobre a infância, tira dela o direito de ser protagonista da sua própria história, de ser ouvida nas decisões relacionadas a sua vida e fere os direitos humanos da Criança (LONGO, 2003; MINAYO, 2001; UNICEF, 2006).

A história da humanidade se firmou sobre a política da violência contra a criança, indo da prática de infanticídio, espancamento, incesto e opressão veladas das sociedades antigas a repetição dessas mesmas práticas de maneira muito mais naturalizada e consciente. Hoje, apesar da precariedade de monitoramento epidemiológico (da denúncia ao acompanhamento da vítima) aos casos de violência doméstica contra acriança a nível mundial, muitos trabalhos vem sendo feitos por grandes e pequenas instituições de saúde, defesa e educação, rumo a desnaturalização e prevenção da violência contra a criança. Entraves neste processo consiste nos pais e familiares justificam seus comportamentos violentos como uma estratégia para educar e disciplinar as crianças, resolver conflitos familiares, esperando em troca a obediência delas, o respeito e a disciplina. Adultos conscientes sabem que educar não é tarefa fácil, é preciso estabelecer limites e principalmente enxergar e respeitar a criança como um ser de direitos e deveres, que ela é, e que, apesar de suas limitações, nunca será inferior ao adulto. É preciso enxergar a criança como um ser com alto poder crítico-reflexivo que jamais pode ser ignorado ou subestimado, um ser precioso e que vivencia uma fase de desenvolvimento que será decisiva para todas as demais fases do ciclo vital 


REFERÊNCIAS

ASSIS, F.R.E.R., FERREIRA, E.B. Repercussões da violência doméstica contra crianças e adolescentes. 

AZEVEDO, M. A.; 

AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. Violência psicológica doméstica: Vozes da Juventude. São Paulo: IEditora, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia COVID-19: violência doméstica e familiar na COVID-19. 23 Abr., 2020.

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno de Atenção domiciliar. Ministério da saúde, Brasil, 2013.

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Violência doméstica contra a criança e o adolescente. Ministério da saúde, Recife, 2002.

DAHLBERG, L.L.; KRUG, E.G. Violência: um problema global de saúde pública. Ci

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). Direitos Negados. A Violência contra a Criança e o Adolescente no Brasil. Brasília, 2006.

GUERRA, V.N.A.; JÚNIOR, M.S.; AZEVEDO, M.A. Violência doméstica contra crianças e adolescentes e Políticas de atendimento: do silencio ao compromisso. 

LONGO, C.S. A Punição Corporal Doméstica de Crianças e Adolescentes. 2002. 225f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

MAGALHAES, J. R. F. 

MENEZES, J.B.; AMORIM, A.M.A. Os impactos do COVID-19 no direito de família e a fratura do diálogo e da empatia. 

MINAYO, M.C.S. Violência contra crianças e adolescentes: questão social, questão de saúde. 

OLIVEIRA, M.P.C. Abuso Sexual de meninos: Estudo das consequências psicossociais na adolescência. 2010. 139 f. Tese (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

PORTOLANI, T.P.; SCIARRA, A.M.P. A violência infantil com destaque ao abuso sexual sob intervenções psicanalíticas. 

SILVA, E.R.A.; OLIVEIRA, V.R. Proteção de crianças e adolescentes no contexto da Pandemia da covid-19:Consequências e medidas necessárias para o enfrentamento. 

   

    


    Uma realização:

   

Comentários

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