Impactos psicológicos da quarentena na população idosa


Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, tomou-se conhecimento do surgimento de um novo coronavírus causador de uma nova doença, a Covid-19, caracterizada como altamente transmissível e letal, em alguns casos.

(FONTE: https://br.vida-estilo.yahoo.com/isolamento-saude-mental-idosos-080007322.html)


Essa nova doença amplamente disseminada acarretou diversos efeitos sociais, econômicos e psicológicos em todo o mundo e, diante da situação de pandemia, a quarentena passou a ser recomendada como principal método de impedir a propagação do vírus (VASCONCELOS et al., 2020).
A quarentena ou isolamento social, como é popularmente conhecida, trata-se de um período de restrição da circulação de pessoas potencialmente expostas a determinado agente infeccioso (SMITH; FREEDMAN, 2020). Embora usados como sinônimos, enquanto que quarentena se refere a indivíduos saudáveis ou assintomáticos que são isolados no período de incubação do vírus, o termo de isolamento diz respeito a aqueles que possuem infecção e são isolados das pessoas saudáveis para evitar a transmissão (COOMES et al., 2020).
Desde que chegou ao Brasil, sendo o primeiro caso confirmado em 26 de fevereiro de 2020, estados e municípios decretaram emergência de saúde pública, determinando que os locais com aglomerações de pessoas fossem fechados e a população orientada a ficar em casa, sem contato com pessoas fora do seu ciclo de convívio, para não serem vetores do vírus para aquelas pessoas mais vulneráveis, como por exemplo, os idosos (BRASIL, 2020).
A rápida progressão da doença e a disseminação de informações, por vezes errôneas, acabam sendo elementos facilitadores para mudanças comportamentais que, por sua vez, podem acarretar em adoecimento psicológico (QIAN  et al., 2020; LIMA et al., 2020).
Um estudo mostra que as medidas de restrições impostas como forma de conter a propagação da infecção podem ocasionar efeitos psicológicos pontuais a longo prazo, sendo o medo, a ansiedade e a raiva os sentimentos mais comuns diante da situação atual, associados a um sentimento de encarceramento, devido a quarentena (RUBIN; WESSELY, 2020).
Embora todos os grupos populacionais estejam sendo afetados, pode-se dizer que a população idosa, sendo o grupo que tem mais risco de desenvolver complicações da doença (BRASIL, 2020), acaba se tornando uma das mais afetadas pela quarentena.
Muitos idosos sentem falta da interação e do contato com a família e amigos, e ficar em casa acaba sendo desanimador e muitas vezes angustiante, considerando que é uma mudança abrupta na rotina, especialmente para aqueles que tinham o hábito de sair de casa todos os dias, fosse para resolver assuntos pessoais, passear, visitar amigos ou para se exercitar.
Diante da situação e dos possíveis sentimentos negativos que a quarentena pode causar, torna-se importante utilizar de outros métodos de entretenimento como forma de prevenção de possíveis problemas, a fim de manter saudável a saúde mental.
Assim, sugere-se o uso de jogos (de mesa ou no próprio celular), assistir TV, ter conversas online e chamadas de vídeo com amigos e familiares como alguns dos métodos que podem ser eficazes no auxílio para manter um bom estado mental, pois em tempos difíceis, manter "a cabeça no ocupada" com ações que causam sensações de prazer é fundamental.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. Boletim Epidemiológico Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV) – Semana Epidemiológica 16. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

COOMES, E. A.; LEIS, J. A.; GOLD, W. L. Quarantine. CMJA. 2020.

LIMA, C. K. T.; CARVALHO, P. M. M.; LIMA, I. A. A. S.; NUNES, J. V. A. O.; SARAIVA, J. S.; SOUZA, R. I.; SILVA, C. G. L. e NETO, M. L. R. The emotional impact of Coronavirus 2019-nCoV (new Coronavirus disease). Psychiatry Research. V. 287, 2020.

QIAN, M.; WU, Q.; WU, P.; HOU, Z.; LIANG, Y.; COWLING, B. e YU, H. Psychological responses, behavioral changes and public perceptions during the early phase of the COVID-19 outbreak in China: a population based cross-sectional survey. MedRxiv. 2020.

RUBIN, G J; WESSELY, S. The psychological effects of quarantining a city. BMJ, 368, 2020.

SMITH, A. W; FREEDMAN, D. O. Isolation, quarantine, social distancing and community containment: pivotal role for old style public health measures in the novel coronavirus (2019-nCoV) outbreak. Jornal of Travel Medicine, p. 1-4, 2020.

VASCONCELOS, C.S.S. et al. O novo coronavírus e os impactos psicológicos da quarentena. Desafios. revista Interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins, v. 7, n. Especial-3, p. 75-80, 2020.

Texto elaborado pela Enf. Alêssa Cristina Meireles de Brito, orientado pela Prof. Dra. Fabiana Ferraz Queiroga Freitas.



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