A importância da avaliação do risco de quedas em idosos hospitalizados

 

       Na contemporaneidade, o crescimento da população idosa tem se dado de forma exacerbada e estatísticas demonstram que, em 2021, aproximadamente 31,2 milhões de pessoas compreendiam a população idosa residente no Brasil (IBGE, 2022). Tal crescimento dá-se pela redução da taxa de natalidade e aumento da expectativa de vida.

            Mediante tal dado, o aumento desta população expõe a necessidade de atenção para tomada de decisões, seja na execução dos cuidados ou na realização de estudos, que impliquem a promoção e manutenção da saúde, assim como o bem-estar global da pessoa idosa. 



O processo de envelhecimento vem acompanhado de diversas modificações, sejam físicas, fisiológicas ou biológicas, que implicam na qualidade de vida da pessoa idosa a tornando propensa a desenvolver doenças crônico-degenerativas (FREITAS, 2013; CASH, WARBURTON, HODGKIN, 2018), implicando em prejuízos para a execução de algumas atividades do dia a dia, como deambular, aumentando o risco de quedas, que torna o idoso suscetível a hospitalizações (VENTURA et al., 2018).

            Apesar de a hospitalização ser necessária em determinadas situações, ela pode resultar em distúrbios não relacionados a causa inicial da internação, como as complicações advindas de quedas no ambiente hospitalar, que correspondem ao terceiro evento prejudicial à saúde mais advertido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que destaca a notificação de mais de 12 mil quedas em um período de três anos, tendo como principal causa a falta de equilíbrio dos pacientes (PROQUALIS, 2017).

            A avaliação do risco de quedas é um dos indicadores de análise da eficácia da assistência hospitalar, no que se refere à segurança do paciente hospitalizado e a sua qualidade de vida pós hospitalização (SBGG, 2019). Tal fato demonstra a importância da realização da avaliação do risco de quedas, tanto para o paciente, profissional, como também para os hospitais.

            Alguns fatores determinantes para o risco de quedas, podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos relacionam-se a deformidades nos pés e ou alteração na marcha, diminuição na audição, bem como visão e sensibilidade, além de fraqueza muscular, polifarmácia e reflexos mais lentos. Já os fatores extrínsecos, remete aos riscos do ambiente que podem ser modificados, como mobiliário, chinelos ou sapatos com solados escorregadios ou mal calçados, tapetes, objetos no chão que o idoso possa tropeçar e até mesmo sua inserção em um ambiente pouco conhecido (YUASO, 2021).

            Diante dessa realidade, é de suma importância a adaptação hospitalar com foco no desenvolvimento e aplicação de medidas preventivas como identificação dos pacientes de risco, realização de ações de educação em saúde com pacientes, acompanhantes e profissionais de assistência à saúde, fiscalização para uso contínuo das barras de segurança do leito e piso isento de objetos ou conteúdos que favoreçam a queda, disponibilização de utensílios e equipamentos que auxiliem a prevenção de quedas, como a inserção de barras de segurança nos corredores e banheiros (LUZIA et al., 2018).

            Além dessas medidas, o desenvolvimento de uma tecnologia cuidativo-educacional representa a criação de uma ferramenta eficaz para diminuição desses eventos adversos, além de ser um ótimo instrumento de auxílio na corresponsabilização do cuidado. Dessa forma, a utilização das tecnologias cuidativo-educacionais voltadas especificamente para prevenção das quedas em idosos hospitalizados se torna imprescindível, por estimular o paciente no processo de autonomia e autocuidado, além de ser uma forma de aprendizagem lúdica e atrativa para o paciente, acompanhante e também profissionais (XIMENES et al, 2019).

            Diante do exposto, a importância da avaliação do risco de quedas, bem como da identificação da mesma é indispensável, tendo em vista sua influência na tomada de decisões e na adoção de medidas que minimizem a ocorrência desses acidentes. Portanto, é necessário compreender o contexto em que o idoso se encontra para viabilizar sua adaptação no ambiente hospitalar, utilizando estratégias do cuidado elaboradas de acordo com o plano de cuidados proposto pela equipe multiprofissional, considerando as individualidades de cada pessoa idosa, o que resultará em alternativas eficazes para ações de educação em saúde, promoção da qualidade de vida e prevenção de efeitos adversos.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FREITAS, E. V. et al. Epidemiologia e o envelhecimento no Brasil. [Livro] Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

CASH, B.; WARBURTON J.; HODGKIN S. Expectativas de cuidado dentro do casamento para casais mais velhos. Australasian Journal on Ageing. 2018. doi: 10.1111/ajag.12590. Available from: https:/onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/ajag.12590

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População cresce, mas número de pessoas com menos de 30 anos cai 5,4% de 2012 a 2021. Estatísticas Sociais. Rio de Janeiro. 2022.

LUZIA, M. F. et al. Características Das Quedas Com Dano Em Pacientes Hospitalizados. Rev Gaúcha Enferm. v. 40(esp): e20180307, 2019. doi:10.1590/1983-1447.2019.20180307

PROQUALIS [Internet]. Rio de Janeiro: Fiocruz; c2017-2018. Breves I. Queda é um dos eventos adversos evitáveis mais notificados no país. 

SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Quedas em idosos: prevenção. SBGG. São Paulo. 2019. Available from: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/queda-idosos.pdf

VENTURA, H. N. et al. The health of elderly people bearing Alzheimer’s disease: an integrative review/Saúde do idoso com doença de Alzheimer: revisão integrativa. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online. v. 10, n. 4, p. 941-944, 2018.

XIMENES, M. A. M. et al. Construction and validation of educational booklet contente for fall prevention in hospitals. Acta Paul Enferm. v.32, n. 4, p. 433-41, 2019.

YUASO, D. R. Síndromes geriátricas e a reabilitação da pessoa idosa. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Atenção à pessoa com deficiência I: transtornos do espectro do autismo, Síndrome de Down, pessoa idosa com deficiência, pessoa amputada e órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. Atenção à Pessoa Idosa com Deficiência. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.



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