TUBERCULOSE RESISTENTE: DEFINIÇÃO E AÇÕES DE COMBATE

A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium Tuberculosis. A transmissão da TB ocorre por via respiratória, pela inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com TB ativa pulmonar ou laríngea para outras suscetíveis. Geralmente manifesta-se nos pulmões (tuberculose pulmonar), mas também pode afetar laringe, faringe, pleura, rins, meninges, gânglios linfáticos, ossos, pericárdio, testículos, pele, olhos dentre outros órgãos (tuberculose extrapulmonar) (BRASIL, 2019).


Fonte: Google imagem.

A bactéria causadora da TB pode evoluir para formas resistentes aos fármacos antituberculostáticos, as quais: monorresistência (resistência a um dos antibacilares de primeira linha); polirresistência (resistência a mais de um dos antibacilares de primeira linha, exceto isoniazida e rifampicina); multirresistência (resistência simultânea a isoniazida e rifampicina, os dois mais importantes fármacos para o tratamento da TB); resistência extensiva (resistência à rifampicina, isoniazida, qualquer fluoroquinolona e a pelo menos um de três dos fármacos injetáveis de segunda linha – capreomicina, kanamicina e amicacina). Assim, ao evoluir para uma forma resistente, a TB torna-se uma doença com cada vez menos possibilidades de tratamento e altas chances de transmissão (WHO, 2018).

Dentre os fatores que podem influenciar o surgimento de agentes etiológicos resistentes estão a falta de adesão ao tratamento ou irregularidades no tratamento,  esquema de tratamento elegido de forma incorreta, vulnerabilidade social (insegurança alimentar, subnutrição, moradia e desigualdade econômica) e imunodeficiência. Além disso, o uso de fármacos de baixa qualidade pode potencializar o surgimento de formas resistentes (WHO, 2018). 

 Para monitorar os pacientes com tuberculose drogarresistente (TBDR) e tornar efetivo e eficaz o controle dos fármacos antituberculose, surgiu o Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de Tuberculose (SITE-TB). O SITE-TB foi desenvolvido pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga e pelo projeto Management Sciences for Health/Brasil, sendo implantado em 2013 em todas as Unidades da Federação (BARTHOLOMAY, 2019).

Dessa forma, todos os casos de tuberculose confirmados devem ser notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), e em situações nas quais se faz necessário tratamento com esquema especial, o caso é encerrado no Sinan e notificado no SITE-TB. Profissionais das unidades de referência para tuberculose resistente fazem a notificação e acompanhamento desses casos no sistema, assim como o controle dos medicamentos contra a TB (BARTHOLOMAY, 2019).

Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam ações prioritárias de controle e combate contra a TB resistente, como a prevenção do desenvolvimento de resistência aos antibióticos através de escolha adequada dos fármacos utilizados baseada em testes de sensibilidade; adoção de testes de detecção rápida à resistência medicamentosa e aos novos casos; garantia do acesso imediato ao atendimento incluindo o fornecimento das medicações; implementação de medidas de controle de transmissão de TB direcionadas ao paciente, aos familiares e comunidade, dentre outras ações (WHO, 2015).

Além disso, vale destacar a estratégia de tratamento DOTS (Directly Observed Treatment Short-Course), uma ação de combate à TB capaz de promover uma reorganização da assistência oferecida aos pacientes em tratamento, mostrando-se capaz de transformar a prática de atenção ao paciente por meio da ampliação das formas de intervenção, no âmbito individual e coletivo.

O DOTS viabiliza a eficácia da adesão ao tratamento, redução de transmissão e vigilância dos pacientes. A estratégia consiste no acompanhamento realizado por profissionais de saúde na administração das drogas e monitoração das necessidades que podem ser efetivadas na unidade de referência da Atenção Primária à Saúde (APS) ou até mesmo na residência do paciente, garantindo assim a adesão ao tratamento e diminuindo as chances de evolução para as formas resistentes da doença (WHO, 2015).


REFERÊNCIAS 


BARTHOLOMAY, P. et al . Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de Tuberculose (SITE-TB): histórico, descrição e perspectivas. Epidemiol. Serv. Saúde,  Brasília,  v. 28, n. 2, e2018158,  jun.  2019.   

http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742019000200002.


BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Manual de Recomendações para Controle de Tuberculose no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. [Internet]; 2019.


WHO. World Health Organization (Genebra). Implementing The End TB Strategy: The Essentials.  [Internet]; 2015. 


WHO. World Health Organization. Multidrug-Resistant Tuberculosis (MDR-TB). (Infográfico). [Internet]; 2018. 


WHO. World Health Organization (Genebra). WHO Global TB -Brazil. (Infográfico). [Internet]; 2018.


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