Compreensão de quedas em Idosos

Considerada uma Síndrome Geriátrica complexa de natureza multifatorial, a queda define-se como um evento não intencional que tem como resultado, a mudança da posição do indivíduo para um mesmo nível ou nível mais baixo, decorrente de uma junção de todos os fatores que geram na pessoa idosa a chamada “incapacidade funcional”, caracterizando-se uma síndrome de grande importância para o cenário do envelhecimento humano por acometer de maneira significativa as pessoas acima de 60 anos colaborando com a fragilização e o comprometimento psicossocial (GASPAROTTO; FALSARELLA; COIMBRA, 2014).
(FONTE: idosofeliz.com.br/index.php/2015/06/25/dia-mundial-de-prevencao-de-quedas-de-idosos/)
A incapacidade funcional implica no comprometimento vivido pela pessoa idosa para decidir e atuar em sua vida e cotidiano de forma independente, influenciado por fatores demográficos, socioeconômicos, culturais e psicossociais que se caracterizam fatores de risco preexistentes, que tendem a aumentar a ocorrência de quedas nessa população.

Dentre os fatores de risco que mais se associam a ocorrência de quedas citam-se problemas com equilíbrio postural e de marcha, acuidade visual comprometida, declínio cognitivo, fraqueza, tontura, diabetes, incontinência urinária, uso de medicações psicoativas e polifarmácia (SOARES et al., 2014).

De fato, um dos principais fatores que limitam a vida do idoso é o desequilíbrio corporal. A perda de massa muscular traz dificuldade de locomoção como levantar-se e sentar-se. As quedas são uma das consequências mais perigosas, seguidas de fratura, que acabam por deixar o idoso hospitalizado e muitas vezes acamado por longos períodos de tempo, sendo responsáveis por altos índices de mortalidade. Somente no Brasil, 29% dos idosos que caem uma vez por ano, entre 5% e 10% sofrem de lesões como: fraturas, traumatismos cranianos e lacerações reduzindo sua mobilidade, elevando o número de hospitalizações por fratura de quadril, principalmente (VIEIRA; APRILEB; PAULINO, 2014).

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) considera queda em idosos um relevante problema de saúde pública, pois é alta sua incidência e consequências, contribuindo para incapacidade, institucionalizações e mortes, além de um marcador de fragilidade. O mesmo classifica como causas mais comuns para essa ocorrência a fraqueza/distúrbio de equilíbrio e marcha, tontura/vertigem, alteração postural/hipotensão ortostática, síncope, redução da visão e lesão do sistema nervoso central. Podendo essa classificação ser por fatores intrínsecos e extrínsecos.

Cunha e Lourenço (2014) caracterizam fatores intrínsecos, como: idosos com mais de 80 anos, sexo feminino, quedas precedentes, imobilidade, equilíbrio diminuído, marcha lenta, doença de Parkinson, polifarmácia, hipnóticos, sedativos e ansiolíticos. Já os fatores extrínsecos estão relacionados a atividades de vida diária e de comportamento, assim como também tem relação direta com o ambiente como ausência de corrimões em banheiros e corredores, pisos escorregadios, calçados inadequados, ruas esburacadas e mal iluminadas, representando os principais fatores desencadeantes para quedas.

É nítida a influência que os fatores ambientais têm no desenvolvimento de quedas em idosos, principalmente quando estiverem associados ao estado funcional e de mobilidade do mesmo. Obstáculos ambientais podem não ser problemas para idosos saudáveis, mas podem em questão de minutos transformarem-se em uma grande ameaça a segurança de idosos com alteração de marcha e equilíbrio (CUNHA; LOURENÇO, 2014).

Existe uma necessidade de construção de medidas que visem à melhoria de cuidados e orientações a respeito dos fatores desencadeantes de quedas, buscando com isso a sensibilização da pessoa idosa e de seus familiares e cuidadores, pois intervenções nesse sentido podem reduzir as altas taxas de quedas encontradas nessa população.

Segundo Soares et al., (2014) as quedas afetam aproximadamente 30% das pessoas com 60 anos ou mais a cada ano, dentre as pessoas acima de 65 anos 40% sofrem pelo menos uma queda por ano, aumentando esse número para 50% aos 80 anos ou mais. Quanto ao gênero, as mulheres idosas tendem a cair mais que os homens até os 75 anos, igualando-se os percentis a partir dessa idade (CUNHA; LOURENÇO, 2014).

Daí, a necessidade de intervenções preventivas para a ocorrência de quedas, como o incentivo a prática de atividades físicas que podem minimizar as alterações decorrentes do envelhecimento e ainda contribuir na redução de peso, aumentando a massa e força muscular, melhorando a capacidade funcional, além de contribuir com a melhora do sono, aumento da autoestima e redução da necessidade de utilização de medicamentos, enaltecendo a promoção, prevenção e reabilitação como pilares essenciais para se garantir uma qualidade de vida às pessoas idosas.

Referências
CUNHA, A. A.; LOURENÇO, R.A. Quedas em idosos: prevalência e fatores associados. Revista HUPE, Rio de Janeiro, vol.13, n.2, p.21-29, 2014.

GASPAROTTO, L. P. R.; FALSARELLA, G. R.; COIMBRA, A. M. V. As quedas no cenário da velhice: conceitos básicos e atualidades da pesquisa em saúde. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, vol.17, n.1, p. 201-209, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Cadernos de Atenção Básica nº 19. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Cap. 12. Quedas; p. 67-70.
               
SOARES, W. J. S. et al. Fatores associados a quedas e quedas recorrentes em idosos: estudo de base populacional. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, Rio de Janeiro, vol.17, n.1, p.49-60, 2014.

VIEIRA, A. A. U.; APRILEB, M. R.; PAULINO, C. A. Exercício Físico, Envelhecimento e Quedas em Idosos: Revisão Narrativa. Rev. Equilíbrio Corporal Saúde, São Paulo, vol. 6, n. 1, p. 23-31, 2014. 

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Lana Lívia Linard e pela Professora Ma. Fabiana Ferraz.

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