Instituição de longa permanência para Idosos

Com o crescimento da população idosa surge o comprometimento dos serviços de assistência social e saúde geriátrica que se depara com baixas aposentadorias, precariedade nos convênios médicos e famílias com diversos comprometimentos para o cuidado a pessoa idosa, levando-as a optarem pelas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) (FREITAS; SCHEICHER, 2010).
(FONTE: fisioterapiacuracomasmaos.blogspot.com.br)
As ILPI têm sua origem ligada aos asilos, com foco de atuação para o cuidado às pessoas idosas carentes que necessitam de abrigo. A grande maioria dessas instituições é filantrópica e relacionam-se à caridade cristã, contribuindo com as dificuldades em suprir as demandas institucionais, seja por carência financeira, assistência inadequada e ainda fragilidade nas políticas públicas (CAMARANO; KANSO, 2010).

Essas dificuldades contribuem para o aumento de disfunções mentais e funcionais, requerendo maior atenção das agências governamentais, pois as ILPI deveriam não somente fazer parte da assistência social, mas também da rede de assistência à saúde haja vistas à necessidade de assistência multiprofissional para o desenvolvimento de um atendimento capaz de identificar possíveis limitações, elaborando um plano assistencial frente a essas, para assim ser possível à manutenção da capacidade funcional e, portanto a qualidade de vida.

Segundo o Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), em 2010 no Brasil havia 3.548 ILPI, onde atendiam 83.870 idosos. Em um contexto histórico as instituições asilares tem como principais funções a moradia e alimentação, porém sabe-se que as necessidades apresentadas pelos idosos ultrapassam esses aspectos (FREITAS; SCHEICHER, 2010).

De acordo com o Ministério da Saúde (MS) metade da população idosa precisa de algum auxílio para desenvolver atividades cotidianas, onde 7% desse público mostram-se totalmente dependente, carecendo assim de cuidados que vão além da alimentação e moradia (BRASIL, 2002).

A dependência em idosos remete à fragilidade, condição que pode estar presente na terceira idade associada a doenças ou limitações funcionais. No entanto, esse termo está ligado na grande maioria das vezes a velhice, significando a necessidade da presença e ajuda de terceiros para que seja efetuada alguma atividade básica. A fragilidade não é necessariamente um estado permanente, podendo ser revertida, se identificada precocemente, o que limitadamente ocorre nos serviços de atenção primária à saúde, ampliando os índices de institucionalização de pessoas idosas dependentes, funcionando assim, as ILPI como “depositário” de pessoas dependentes, isentando-os do convívio no seu ambiente domiciliar.

Uma maior parte dos idosos é institucionalizada contra a sua vontade, sendo a migração do lar para uma ILPI uma grande dificuldade frente às transformações no estilo de vida, distanciamento de familiares, lar e amigos, contribuindo com os sentimentos de perda de liberdade, abandono e até mesmo proximidade da morte (JUNIOR; TAVARES, 2015).

O MS recomenda o lar como o melhor lugar para o idoso viver, no entanto as transformações socioculturais acabam por negligenciar essa recomendação. Como principais aspectos dessas transformações têm-se a ampliação do mercado de trabalho que por vir enaltecendo a integração, principalmente da mulher, proporciona uma redução de tempo hábil para cuidar dos idosos em seu lar, aumentando a institucionalização (RISSARDO et al., 2012).

Frente essa realidade, é indispensável modificar o cenário das ILPIS, embora sejam vistas como recurso para os idosos, precisam atentar para a singularidade dos mesmos. Por vezes essas entidades adotam uma rotina generalizada, onde as diferenças são ignoradas e a pessoa idosa vai perdendo sua identidade, transformando-se num sujeito passivo convivendo em um ambiente estranho. Nesse caso deve-se investir em transformações desses estabelecimentos, que contemplem os idosos, tanto na estrutura física como na assistência, lhes proporcionando condições dignas de vida e maior bem estar físico/mental (OLIVEIRA; ROZENDO, 2014).

Desta forma, apesar de as ILPI muitas vezes passarem sentido negativo, apresentam-se como solução para amparar os idosos, que por vezes encontram-se abandonados ou sem condições de cuidados, possibilitando-lhes cuidados e companhia, além de socialização e convivência, uma vez que o seu lar não se encarregou disso. A medida que o idoso se adapta a essa mudança configura seu enfrentamento, e, quanto melhor a adaptação maior será seu bem estar.

Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Guia operacional e portarias relacionadas. Redes estaduais de atenção à saúde do idoso. Brasília: Ministério da Saúde, p. 140. 2002.

CAMARANO, A. A.; KANSO, S. A. Instituições de longa Permanência para idosos no Brasil. Rev. bras. estud. popul. vol.27, n.1, pp.232-235. 2010.

FREITAS, M. A. V.; SCHEICHER, M. E. Qualidade de vida de idosos institucionalizados. Rev. bras. geriatr. gerontol. vol.13, n.3, pp.395-401. 2010.

JUNIOR, R. C. F.; TAVARES, M. F. L. A saúde sob o olhar do idoso institucionalizado: conhecendo e valorizando sua opinião. Interface - Comunic., Saúde, Educ. vol.9, n.16, pp.147-158. 2015.

OLIVEIRA, J. M.; ROZENDO, C. A. Instituição de longa permanência para idosos: um lugar de cuidado para quem não tem opção. Rev. bras. enferm. Brasília. vol. 67, n. 5, pp. 773-779. 2014.

RISSADO, L. K. et al. Sentimentos de residir em uma instituição de longa permanência: percepção de idosos asilados. Rev. enferm. UERJ. Rio de janeiro. Vol. 20, n.3, pp. 380-386. 2012.

TIER, C. G.; FONTANA, R. T.; SOARES, N. V. Refletindo sobre Idosos Institucionalizados. Rev. bras. enferm. Brasília. vol. 57, n. 3, pp. 332. 2004. 

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Rayara Ribeiro e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.

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