Ácidos Graxos Insaturados – ômega-3 e ômega-6
As gorduras e óleos são as principais formas de armazenamento da maioria dos organismos e derivam de estruturas denominadas ácidos graxos, capazes de produzir grande quantidade de energia quando oxidados, devido a sua estrutura composta por hidrocarbonetos muito reduzidos (NELSON; COX, 2011).
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas de comprimento variando de 4 a 36 carbonos. Algumas delas possuem uma cadeia totalmente saturada (sem duplas ligações) e outros possuem uma ou mais ligações duplas, sendo estas chamadas de insaturadas. As características físicas dessas substâncias são influenciadas a partir do comprimento e grau de insaturação da cadeia (SANTOS; et al., 2013).
(FONTE:http://www.alimentacao.net/wp-content/uploads/2015/06/oelo-de-peixe.jpg) |
Os ácidos graxos insaturados são frequentemente encontrados em estado líquido à temperatura ambiente. Apesar do ser humano produzir alguns ácidos insaturados, existem os chamados ácidos graxos essenciais, que devem ser obtidos pela ingestão na dieta, por sermos incapazes de sintetizá-los. O ácido linolênico (ômega-6) e o ácido linoléico (ômega-3) são exemplos de ácidos graxos insaturados essenciais. O primeiro está presente em grande quantidade nos óleos de milho e soja, enquanto o segundo, em vegetais de folhas verdes, no óleo de linhaça e nos óleos de peixes marinhos. Esta nomenclatura (ômega-3 e ômega-6, ou ω3 e ω6) indica a posição da ligação dupla mais próxima da extremidade metila (quando contamos os carbonos a partir da mesma), uma vez que o papel fisiológico dos ácidos graxos poli-insaturados está mais relacionado a esta dupla ligação.
A relevância destes ácidos graxos está na sua capacidade de se transformar em substâncias mais ativas, com funções de extrema importância, como no equilíbrio homeostático, como componentes estruturais das membranas celulares e do tecido cerebral e nervoso. A alimentação humana balanceada deve ser constituída de uma proporção entre ácidos graxos ômega-6 e ômega-3, de 4:1, entretanto o ritmo de vida acelerado de grande parte da população mundial não permite uma escolha criteriosa da alimentação, tampouco o seu balanceamento. A alimentação é um dos principais fatores que podem levar o homem a desenvolver doenças cardiovasculares, contudo é comprovado cientificamente que a ingestão balanceada de ácidos graxos insaturados, principalmente os monoinsaturados, pode baixar consideravelmente os níveis de CT, LDL-C, TAG e aumento de HDL-C e assim proporcionar uma redução nos riscos, segundo avaliações realizadas por Lelis 2016.
O elevado consumo de gorduras saturadas associado a obesidade e inatividade física, contribui para o aumento da concentração de colesterol no sangue em forma de lipoproteínas de baixa densidade, LDLs (que possuem concentrações elevadas de colesterol e fosfolipideos), que consistem em um fator importante na etiologia da aterosclerose (HALL, 2011; SANTOS et al., 2013).
Os seres humanos necessitam de certas quantidades de ácidos graxos insaturados, que devem ser obtidos por meio da dieta para prevenção de doenças cardiovasculares e redução dos níveis de colesterol, uma vez que eles atuam na melhora da função autonômica, como antiarrítmicos, na diminuição da agregação plaquetária e da pressão arterial, contribuem para a melhoria da função endotelial e para a estabilização da placa de ateroma e de triglicérides (NELSON; COX, 2011; HALL, 2011).
Portanto, evidencia-se a importância dos ácidos graxos essenciais como o ácido linolênico (ômega¬6) e o ácido linoléico (ômega¬3), pois como exposto estes são extremamente importantes para o equilíbrio homeostático e para a composição dos tecidos cerebrais e do sistema nervoso. Vale salientar que é importante que se difunda a necessidade do consumo balanceado destas substâncias pela população, bem como as fontes alimentares como óleos (milho, soja, linhaça, peixe marinhos dentre outras), folhas verdes e peixes marinhos como salmão, sardinha e atum, pelo essencialidade dos ácidos graxos insaturados presentes nestes alimentos, que tornam necessário o cuidado de termos em nossa alimentação as fontes citadas, dada a importância destas biomoléculas para a saúde humana.
Referências
KROMHOUT, D.; BOSSCHIETER, E.B.; COULANDER, C.J. 1985. The inverse relation between fish consumption and 20 year mortality from coronary heart disease. TheNewEnglandJournalofMedicine, 312(19): 156-161. Disponível em: <http://www.infobibos.com/artigos/2007_3/acidosgraxos/index.htm>
LOPES, L. L.; PELUZIO, M. do C. G.; HERMSDORFF, H. H. M. Ingestão de ácidos graxos monoinsaturados e metabolismo lipídico. J Vasc Bras. 15(1), p. 52-60, Jan.-Mar., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jvb/v15n1/1677-5449-jvb-15-1-52.pdf> Acesso em 29 de outubro de 2017.
SANTOS, R.D. et al . I Diretriz sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular.Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 100, n. 1, supl. 3, p. 1-40, Jan. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2013000900001&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Oct. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2013000900001.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lipídeos. In: ______. Princípios de bioquímica de Lehnninger. Porto Alegre: Artmed, 2011. cap. 10, p. 343-370.
HALL, J. E. Metabolismo dos Lipídios. In: ______. Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. cap. 68, p. 861-70.
Texto elaborado pelos Acadêmicos de Enfermagem Isadora Roberta, Pedro Tiago, Mateus Andrade, Enfermeiro Rubens Félix sob a orientação do Prof. Dr. Eder Almeida Freire.
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