Depressão na adolescência e papel da família

A adolescência possui inúmeras características específicas dessa fase da vida, como as mudanças de humor, hábitos e amizades, entre outras que compõe as transformações físicas, sociais e psicológicas. Entende-se, nesse contexto que a família é ainda o apoio para acompanhar os adolescentes nessas modificações, de forma que seja base para o direcionamento da formação de personalidade e para as tomadas de decisões em suas vidas. Contudo, vale salientar que os jovens desenvolvem estados sentimentais multifatoriais em meio às novidades, buscando uma nova e autêntica identidade, podendo alguns deles, não sabendo controlar esse misto de sentimentos, desenvolverem quadro depressivo.
(FONTE: http://www.radioonlinehits.com/img/noticias/apagar_151.jpg)
Há um misto de sintomas aflorados na adolescência, dentre eles: fobias; ansiedades (separação e generalizada); pânico; perturbação obsessiva-compulsiva; entre outros que levam ou são base para o desenvolvimento de um quadro depressivo (BRITO, 2011). Desta feita, a depressão é definida por transtorno de humor grave, prejudicando a função mental e com interferência na maneira pela qual o indivíduo vivencia e compreende a realidade, podendo acometer todas as faixas etárias, com maior intensidade nos jovens e idosos (MIRANDA et al., 2013).

Em relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 2017, mostra que em nível mundial o número de casos de depressão aumentou em 18% entre 2005 e 2015, sendo que no Brasil a quantidade alcança 5,8% da população, em torno de 11,5 milhões de pessoas (ONU, 2017). Segundo a World Health Organization (2014), a depressão é tida como a doença mais frequente em adolescentes com faixa etária de 16 anos de idade. Despertando aos órgãos de saúde preocupação, pois a mesma é considerada problema de saúde pública apresentando altas taxas de reincidência, podendo ocasionar limitações que perdurem pelo resto da vida. 

Ao que remete o adolescente com depressão, este apresenta-se irritável e instável, com crises explosivas em seu comportamento. As questões de saúde desencadeantes para tal acometimento podem estar relacionados a autoestima, a massa corporal, a insatisfação com o corpo, problemas no sono, o humor deprimido, baixa vontade de aprender e a falta de esperança (RAWANA; MORGAN, 2011).

Entretanto, entende-se que outros fatores estejam relacionados à depressão. Condições de vulnerabilidades, principalmente sociais, corroboram para o acometimento de crianças e adolescentes, fator este de extrema importância para a escolha adequada na forma de tratamento (FERNANDES; MILANI, 2010).

O tratamento para depressão em adolescentes irá condizer com a fase de desenvolvimento a qual este se encontra, levando-se em conta o desempenho cognitivo, enfrentamento social, relação com familiares, desempenho acadêmico e escolar, e a capacidade em manter a atenção. Avaliando assim, as condutas e as quantidades de sessões por profissionais capacitados (médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, entre outros), com o uso da psicoterapia e da farmacoterapia.

Contudo deve-se atentar as fases dos sintomas da depressão que variam: aguda; leve; moderada; grave e a fase de continuidade e manutenção do tratamento. Atrelado a todas essas ferramentas, têm-se o apoio familiar, social e no âmbito da escola, de modo que seja levado em consideração o convívio estabelecido e tido nesses diversos ambientes, de forma que possam estar colaborando para a cura ou amenização dos sintomas (BIRMAHER et al. 1998).

Portanto, é necessário que as famílias estejam sempre presentes e acompanhem os adolescentes em todos os momentos de suas vidas, transmitindo apoio e procurando compreender situações de adversidades de ideologias e atitudes, de forma que ambas as partes possam encontrar-se em equilíbrio. A depressão pode ser entendida de forma errônea e/ou assustadora por todos, mas é importante que a família possa encarar esta situação, não encobrindo possíveis situações, mas expondo e proporcionando espaços de diálogo e debate.

Referências
BIRMAHER, et al. Practice Parameters for the Assessment and Treatment of Children and Adolescents with Depressive Disorders. J.Am. Acad. Child Adolesc. Psychiatry, supplement, october, 1998.

BRITO, I. Ansiedade e depressão na adolescência. Rev. Port Clin Geral, v. 27, 208-214, 2011.

FERNANDES, A.M.; MILANI, R.G. A depressão infantil, o rendimento escolar e a autoeficácia: uma revisão da literatura. Revista Cesumar, v. 15, n° 2, 381-403, 2010.

MIRANDA, M.V.,  et al. Depressão infantil: aspectos gerais, diagnóstico e tratamento. Cadernos Pesquisa, v. 20, n° 3, 2013.

ONU. Organização das Nações Unidas no Brasil. OMS registra aumento de casos de depressão em todo o mundo; no Brasil são 11,5 milhões de pessoas. UNIC, Rio de Janeiro, fev. 2017. Seção Direitos Humanos. Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-registra-aumento-de-casos-de-depressao-em-todo-o-mundo-no-brasil-sao-115-milhoes-de-pessoas/. Acessado em 05 de Novembro de 2017.

RAWANA, J.; MORGAN, A. The relation between eating-and weight-related disturbances and depressive symptoms among early and late adolescents. J. Nutr. Disorders Ther S. v. 2, 2161-0509, 2011.

WHO – World Health Organization. Health for the world’s adolescents: a second chance in the second decade. Geneva: World Health Organization, 2014.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Geisa Batista Leandro sob orientação do Professor Dr. Marcelo Costa.

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