Envelhecimento do idoso indígena
No Brasil, é crescente o número da população
idosa, aquela com idade igual ou superior a 60 anos, equivalendo a 10% da população total desse país, com
perspectiva entre 2025 a 2050 de aumento de cinco vezes a população total e
quinze vezes a população idosa (OMS, 2005).
Crescimento também acompanhado na população indígena, que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(WHO, 2010), no Brasil, há aproximadamente 71.413
indígenas com idade igual ou superior a 60 anos.
Como o envelhecimento populacional pode
vir associado à uma carga maior de doenças crônicas, incapacidades e utilização
dos serviços de atenção à saúde, é fundamental políticas de prevenção que
contemplem todos os povos da nação brasileira, com vistas a retardar o
desenvolvimento de doenças e incapacidades, e com isso, um envelhecimento ativo
e saudável, com qualidade de vida (ROSSET
et al., 2011).
(FONTE: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSI6-MgBtoKNz2rifBfK4rcSb0YV0E3XneaXnNjBlhxxvShLxX1Iw) |
Quando se trata do envelhecimento nos povos indígenas, é importante destacar que essa
população se mostra com um processo de envelhecimento ativo, devido suas
atividades naturais e culturais de sobrevivência, porém, mesmo com o estilo de
vida ativo que esses povos possuem o processo de envelhecimento pode se
caracterizar com maior vulnerabilidade ao aparecimento de doenças crônicas, bem
como limitações fisiológicas e incapacidade funcional (BORGHI;
CARREIRA, 2015).
Tais vulnerabilidades podem ser ocasionadas pela
dificuldade de comunicação entre profissionais de saúde e indígenas. A
limitação diante de costumes, valores e modo de vida dos idosos indígenas,
assim como o baixo nível de escolaridade dos mesmos, tornam-se desafios que limitam
a assistência em saúde, especificamente a assistência com enfoque preventivo,
comprometendo a detecção
precoce e adequado tratamento de doenças, contribuindo a maiores incidências de
doenças crônicas e suas complicações, nesse grupo populacional (ROSSET et al., 2011).
Uma das estratégias que possibilitam uma
melhor comunicação e relação dos profissionais com o grupo indígena é a
preservação da cultura, respeito e manutenção dos valores tradicionais no
processo de cuidado, considerando que sem esses conhecimentos não se pode
realizar o cuidado diferenciado, ou seja, culturalmente adaptado.
Compreende-se que esse cenário do
envelhecimento que gera diversas mudanças no indivíduo, como redução da sua
funcionalidade e aparecimento de doenças crônicas, exigindo práticas
assistenciais de boa qualidade ao idoso indígena. Tal assistência deve ser
voltada para a preparação do idoso indígena a enfrentar limitações que poderão ocorrer
no decorrer da vida, de maneira que as práticas estejam pautadas em estratégias
que o conduzam para um envelhecimento bem sucedido (RISSARDO et al., 2014).
Para que as práticas de cuidado ao idoso
indígena sejam qualificadas e resolutivas, foi regulamentada pelo Decreto n.º
3.156, de 27 de agosto de 1999, que dispõe sobre as condições para a prestação
de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do Sistema Único de
Saúde, com propósito garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à
saúde, e em 2002, aprovada pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, aos moldes dos princípios e diretrizes do
Sistema Único de Saúde (SUS), contemplando a diversidade social, cultural,
geográfica, histórica e política, bem como o direito desses povos à sua cultura
(BRASIL, 1999; BRASIL, 2002)
Desta forma, embora o modelo de saúde indígena venha
apresentando avanços há limitação na implantação de políticas no âmbito da
saúde indígena, bem como problemas como a falta de um sistema de informação
eficiente, que dificulta a articulação com a Rede de Atenção á Saúde do SUS,
além da limitação de profissionais capacitados para trabalhar em um contexto
intercultural, o que contribuí com a alta rotatividade desses profissionais (RISSARDO;
CARREIRA, 2014).
A fim de superar essas limitações, é
importante que a equipe de saúde valorize e articule práticas tradicionais de
saúde desses povos, com saberes científicos, para o desenvolvimento de
propostas e ações de saúde, embasadas no diagnóstico epidemiológico e social
dessa realidade de saúde (RISSARDO et al., 2014).
Portanto,
como preconiza os princípios do SUS e a própria PNASPI, torna-se necessário que
os profissionais de saúde levem em consideração tanto os aspectos científicos quanto
os diversos aspectos que permeiam essa população, principalmente o cultural,
uma vez que a cultura influencia diretamente os pensamentos, decisões e ações, especialmente as ações referente ao
cuidado, para ser possível maior eficácia na abordagem ao idoso indígena
durante o planejamento e oferta do cuidar.
Referências
BORGHI, A. C;
CARREIRA, L. Condições de vida e saúde do idoso indígena Kaingang. Escola
Anna Nery Revista de Enfermagem. v.19, n.3, p. 511-517, 2015.
BRASIL.
Fundação Nacional de Saúde. Política
Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2ª edição. Brasília:
Ministério da Saúde, 40 p. FUNASA, março/2002 pág. 6, 2002.
BRASIL.
Decreto n.º 3.156, de 27 de agosto de
1999: Dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos
povos indígenas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, pelo Ministério da Saúde,
altera dispositivos dos Decretos n.º 564, de 8 de junho de 1992, e n.º 1.141,
de 19 de maio de 1994, e dá outras providências.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pessoas
indígenas de 5 anos ou mais de idade, por sexo e localização do domicílio,
segundo a condição de alfabetização e os grupos de idade – Rio de Janeiro –
Brasil – 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/. Acessado em 13 de
novembro de 2017.
RISSARDO,
L.K. et al. Práticas de cuidado ao idoso indígena - atuação dos profissionais
de saúde. Rev Bras Enferm. v.67,
n.6, p. 920-7, 2014.
RISSARDO,
L.K; CARREIRA, L. Organização do
serviço de saúde e cuidado ao idoso indígena: sinergias e singularidades do
contexto profissional. Rev Esc Enferm
USP; v.48, n.1, p.73-81, 2014.
ROSSET, I. et al. Tendencies of studies addressing the eldest individuals
of aged population in the community: a (inter)national systematic review. Rev
Esc Enferm USP. v. 45, n. 1,p. 258-64, 2011.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, p.60, 2005.
Texto elaborado pelas Acadêmicas de Enfermagem Geísa Batista, Jorgeanny Araújo, Millane Gomes sob a orientação da Professora Ma. Fabiana Ferraz.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, p.60, 2005.
Texto elaborado pelas Acadêmicas de Enfermagem Geísa Batista, Jorgeanny Araújo, Millane Gomes sob a orientação da Professora Ma. Fabiana Ferraz.
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