O uso indiscriminado de anticoncepcionais orais e suas consequências


A pílula anticoncepcional é um dos métodos mais utilizados na prevenção da gravidez. Após a menarca (primeira menstruação da mulher) e início da vida sexual, muitas mulheres optam pela contracepção oral sem conhecimento prévio ou consulta médica, banalizando o uso do anticoncepcional oral e tornando provável a ocorrência de problemas de saúde ou de gravidez indesejada. A facilidade na aquisição e no uso, assim como o baixo custo são fatores atrativos que induzem o uso indiscriminado.

(FONTE: https://oatual.com.br/pilula-anticoncepcional-esqueci-de-tomar-e-agora-delas-responde-2/)


O conhecimento acerca do uso correto e ocorrência de efeitos adversos é fundamental para garantir a eficácia do fármaco. O contraceptivo oral combinado apresenta boa eficácia e segurança desde que não apresente alguma contraindicação, como doença intercorrente, ou tratamento com outros fármacos que possam interagir com a pílula contraceptiva oral combinada (RANG et al, 2016).


A ação fisiológica dos anticoncepcionais orais combinados (AOCs) se dá impedindo o pico do hormônio luteinizante (LH) e, com isso, bloqueando a ovulação. Esse método apresenta como contraindicações a presença de trombofilia, o uso de anticonvulsivantes, o tabagismo em mulheres com mais de 35 anos, a hipertensão arterial sistêmica não controlada e a história de AVC ou de doença cardiovascular. Faz-se necessário ressaltar ainda que todas as contraindicações estão relacionadas à relação dos AOCs com eventos trombóticos.

Nos casos de contraindicação dos AOCs, pode haver uso das Pílulas só de Progestagênio (PSPs), porém esse método pode não inibir a ovulação em 14 a 80% dos ciclos, pois seu mecanismo de ação inclui outras barreiras à concepção, como o espessamento do muco cervical, a atrofia endometrial e a redução da motilidade tubária. Constitui-se como boa opção para tabagistas e durante a amamentação (BEREK & HILLARD, 2012).

A gravidez indesejada é uma das consequências do uso imprudente ou desconhecimento. A pílula contraceptiva oral combinada deve ser tomada durante 21 dias consecutivos com intervalo de 7 dias sem uso (RANG et al, 2016). Quando a utilização é inadequada ou equivocada, a eficácia do anticoncepcional (cerca de 99,7%) é comprometida culminando em gestação não planejada e, por conseguinte, aumento no número de abortos induzidos (ALMEIDA e ASSIS, 2017).

A indicação do uso de AO por parte dos profissionais de saúde faz parte do planejamento familiar, para que se possa evitar uma gravidez indesejada, inibindo a ovulação ou usada na finalidade de controlar o ciclo menstrual. Atualmente, evidencia-se que há uma quantidade significativa de mulheres que iniciam o uso sem mesmo fazer uma consulta médica ou de enfermagem, e saber dos riscos, histórico familiar, como deve ser usado para que haja eficácia (SOUZA, et al. 2016).

Os critérios de elegibilidade de um método anticoncepcional são definidos pelo conjunto de características apresentadas pela candidata ao uso de um determinado método e indicam se aquela pessoa pode ou não o utilizar. A Organização Mundial de Saúde montou um grupo de trabalho que classificou estas condições em quatro categorias, assim dispostas, conforme sua última edição do ano de 2009, sendo na 1 o método utilizado sem restrição, na 2 os benefícios superando os riscos, na 3 os riscos superando os benefícios e na 4 sendo inaceitável o uso (FINOTTI, 2015).

De acordo com o Souza (2016) há uma grande facilidade para aquisição dos AO, considerando que desde a sua introdução no mercado, em 1960, não é exigida a prescrição. Muitas mulheres apenas pesquisam na internet em sites que nem sempre são confiáveis e utilizam da forma que estava descrita, pouco se lê sobre a bula negligenciando suas contraindicações e seus efeitos adversos, e a probabilidade de sua ocorrência destes, considerando os aspectos individuais de cada mulher.

Os contraceptivos hormonais combinados são os de maior preferência pelas mulheres, pois trazem muitos benefícios como, por exemplo, em muitos casos: a redução da acne, diminuição de dores uterinas e fluxo no período menstrual, como também a redução do crescimento de pelos (MACHADO, SERRANO, 2014).

No entanto, como todo medicamento possui seus efeitos colaterais e podem trazer vários riscos à saúde da mulher, como o aumento da pressão arterial sistêmica, acidente vascular encefálico, Diabetes Mellitus tipo II, infarto agudo do miocárdio e a trombose venosa profunda que associada a outros fatores de risco principalmente o uso do cigarro e o histórico familiar contribuem para o seu surgimento. Ou seja, estes fatores podem se manifestar ou não, dependerá de fatores de risco individuais, e histórico familiar, por isso a necessidade de uma consulta prévia antes de iniciar o uso (SOUZA, ÁLVARES, 2018).

Tendo em vista os riscos associados ao uso da indiscriminado da pílula, conclui-se que que é de suma importância uma consulta inicial com profissionais da saúde, quando iniciar uma vida sexual ativa ou para outros fins como por exemplo a redução da acne, e aderir esse método deve ser feito esse acompanhamento para que possa ser indicado um AOC que se adeque ou para que possa ser alertado que não é viável.

Referências:

ALMEIDA, A. P. F.; ASSIS, M. M. Efeitos colaterais e alterações fisiológicas relacionadas ao uso contínuo de anticoncepcionais hormonais orais. Revista Eletrônica Atualiza Saúde, v. 5, n. 5, p. 85- 93, 2017.

BEREK, J. S.; HILLARD, P. J. A.Berek&Novak’sGynecology 14th: Ed. Tehran: Artinteb, 2012.

FINOTTI, M.Manual de anticoncepção. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015.

MACHADO,A.; SERRANO,F., Contracepção hormonal e sexualidade feminina.Acta Obstet. Ginecol. Port., v.8, n.2,p.169-175, 2014.

RANG, H. P. et al. Rang&Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

SOUSA I. C. A.; ÁLVARES, A. C. M. A Trombose Venosa Profunda como reação adversa do uso contínuo de Anticoncepcionais Orais Rev. Cient. Sena Aires. v. 7, n. 1, p.54-65, 2018.

SOUZA, G. G., et al. Conhecimento e uso de anticoncepcionais hormonais: o que é certo ou errado? Temas em saúde, v. 16, n. 4, 2016.

Texto elaborado pelas acadêmicas de Enfermagem Janielle Tavares Alves e Irlla Jorrana Bezerra Cavalcante, pelo acadêmico de Medicina Antônio Wellington Grangeiro Batista de Freitas e pela docente Dra. Maria Berenice Gomes Nascimento Pinheiro

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