PREJUÍZOS TRAZIDOS PELA COVID-19 PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE (TB)
A Tuberculose, infecção causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é uma doença milenar e possui incidência de até 70 mil novos casos por ano no Brasil. Trata-se de uma patologia esquecida pela população e, com escasso investimento do governo para o estímulo de campanhas e novos métodos de diagnóstico, como é o caso do Teste Rápido Molecular - TRM-TB, ainda pouco encontrado em alguns estados (MACIEL et al., 2020).
O SARS-COV-2, vírus causador do coronavírus (COVID-19) foi detectado pela primeira vez em 2019 na China, e possui sintomas semelhantes à Tuberculose como: febre, tosse e falta de ar que acometem prioritariamente os pulmões. Ambas são doenças respiratórias, transmitidas através das vias áreas, possuem clínica semelhante, e quando apresentadas simultaneamente, o paciente apresenta maior chance para um desfecho negativo e óbito (SILVA et al., 2021).
Após o primeiro caso registrado no Brasil em fevereiro de 2020, e a chegada da pandemia, o país passou por restrições severas para conter a doença, dessa forma aconteceu uma brusca queda na contabilização dos casos de TB quando comparado aos anos anteriores. Em 2020 e 2021, as notificações de casos novos e retratamentos tiveram uma grande queda, totalizando 10.528 a menos que 2019. Entre 2020 e 2025 é previsto 1,4 milhões de mortes adicionais por TB em consequência da pandemia (BRASIL, 2022), situação que põe em risco o Plano Nacional pelo fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública, que possui objetivo de alcançar redução na incidência e no número de mortes pela doença no país até 2035, em comparação com dados de 2015 (MACIEL et al., 2020).
Ao se tratar da forma de encerramento da doença, no ano de 2021 foram contabilizados que 0,6% dos casos de TB foram notificados apenas após o óbito, indicador que mostra falha no diagnóstico da doença. Com relação à cura, em 2020, dados mostram 68,4% dos casos, no mesmo ano, houve um aumento de 4,0 e 3,5% respectivamente com abandono e encerramento ignorado/em branco no tratamento pelos pacientes com TB pulmonar, fato que pode ser explicado pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde durante o período pandémico (BRASIL, 2022).
No caso das testagens e coleta de escarro para baciloscopia, o serviço tornou-se centralizado durante a pandemia, trazendo lentidão para o diagnóstico da TB, condição contribuinte para um desagradável prognóstico para os pacientes positivados e infectados concomitantemente pela COVID-19 (SILVA et al., 2021). Por isso, como forma de amenizar o prejuízo dos últimos dois anos de pandemia, é necessário efetividade no diagnóstico clínico, e rapidez para colher amostras para obtenção de resultados. Como também, a otimização do tratamento, realização de busca ativa em contatos íntimos de pacientes positivados e em pessoas com sintomas de TB.
REFERÊNCIAS
MACIEL, E. L. N; JÚNIOR, E. G; DALCOLMO, M. M. P. Tuberculose e coronavírus: o que sabemos?. Epidemiologia e serviços de Saúde, v 29, n2, e 2020128, 2020.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico de Tuberculose. Ministério da saúde, 2022.
SILVA, R.S; MELLO, F.C.Q; D’AMBROSIO, L; CENTIS, R; DALCOLMO, M.P; MIGLIORI, G.B. Tuberculose e COVID-19, o novo dueto maldito: quais as diferenças entre Brasil e Europa?. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Porto Alegre, v 47, n 2/2021.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Tuberculose na atenção primária à saúde: Protocolo de Enfermagem. Brasília,: Ministério da Saúde, 2022.
Texto produzido pela acadêmica de enfermagem Francisca Brigyda Alves Pereira e orientado pela Professora Drª. Rayrla Temoteo
Eixo temático: Tecnologias cuidativo-educacionais, tuberculose e saúde coletiva
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