Entendendo os Mediadores Inflamatórios: Por que sentimos Dor?
Em resposta a sinais hormonais a
Fosfolipase A² cliva os fosfolipídios da membrana para liberar o ácido
araquidônico, o precursor de vários eicosanóides. Eicosanóides são substâncias
parácrinas, ou seja, aquelas que agem no local próximo da sua síntese. Eles possuem
como característica definidora e em comum serem metabólitos do ácido
araquidônico, um ácido graxo com 20 átomos de carbono e quatro ligações duplas.
Eles são constituídos de três grandes grupos: as prostaglandinas, tromboxanos e
leucotrienos. As prostaglandinas possuem
diversas funções nos organismos, tais como a secreção de muco no estômago,
regulação do ciclo sono vigília, regulação do fluxo sanguíneo para determinados
órgãos, desempenham papel na inflamação e na dor, dentre outras funções.
A
cascata de ativação da Fosfolipase A² para produção de ácido araquidônico pode
ser desencadeada por mediadores inflamatórios. Esse ácido atua como substrato
para dois tipos de enzimas envolvidas nesse processo: as cicloxigenases (COX) e
as lipoxigenases (LOX). As cicloxigenases catalisam uma reação com o ácido
araquidônico, liberando como produto as prostaglandinas, prostaciclinas e
tromboxanos. Essas enzimas podem ser de dois tipos: a cicloxigenase I, também
conhecida como cicloxigenase constitutiva, e a cicloxigenase II, encontrada
tanto na forma constitutiva, quanto induzível. As lipoxigenases catalisam a
reação do ácido araquidônico em leucotrienos e lipoxinas.
Fármacos foram desenvolvidos para atuar
nessa cascata visando o controle e/ou diminuição da inflamação, esses são os
anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e esteroidais (AIES). Os AINES, por
sua vez, agem inibindo as cicloxigenases (BATLOUNI, 2010).
A COX I está ativada nas funções
fisiológicas do organismo, tais como citoproteção gastro-intestinal, agregação
plaquetária e homeostase renal. Na presença de AINES, a produção de
prostaglandinas e outros metabólitos por esta enzima estão inibidos, sendo esse
processo o responsável pelos efeitos colaterais desses fármacos.
A COX II pode ser encontrada tanto na
forma constitutiva, quanto induzível, ou seja, está ativa tanto em funções
fisiológicas quanto em patológicas. Sua ativação constitutiva é responsável
pela manutenção do fluxo sanguíneo renal e pela homeostase renal. Já a ativação
induzível é a responsável pela febre, inflamação e dor, sintomas estes que são
alvo dos efeitos farmacológicos.
Um dos principais efeitos colaterais
desses fármacos é a irritação gástrica que se dá devido a escassez de
prostaglandinas fisiológicas. Sendo assim, o ideal seria se ter a possibilidade
de fármacos cada vez mais seletivos para as COX II, aquelas responsáveis pelos
sinais negativos da inflamação. Diversos fármacos já foram desenvolvidos, inclusive
com seletividade exclusiva para as COX II, no entanto, esses medicamentos
ocasionaram efeitos colaterais graves, sendo retirados do mercado logo após sua
comercialização (KUMMER & COELHO, 2002).
Os AINES apresentam seletividades
variadas de acordo com sua afinidade para as COX I e II. Isso mostra o
potencial desses fármacos para a inflamação, ou para o objetivo terapêutico
desejado. Há casos em que se deseja a inibição das COX I, como por exemplo na
ação do ácido acetilsalicílico (AS) como antiagregante plaquetário (FONSECA, 2002).
Nesse caso, o AS se liga irreversivelmente às COX I das plaquetas, inibindo a
produção dos TXA², responsável pela cascata de agregação plaquetária. Essa
ligação é irreversível, portanto a produção só é retornada através da taxa de
rotatividade das COX’s pela formação de novas plaquetas.
Referências
KUMMER, Carmen
Luize; COELHO, Tereza Cristina R. B.. Antiinflamatórios não esteróides
inibidores da ciclooxigenase-2 (COX-2): aspectos atuais. Rev. Bras. Anestesiol., Campinas , v. 52, n. 4, p.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942002000400014&lng=en&nrm=iso>.
access on 20 May 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-70942002000400014.
BATLOUNI,
Michel. Anti-inflamatórios não esteroides: Efeitos cardiovasculares,
cérebro-vasculares e renais. Arq. Bras. Cardiol., São
Paulo , v. 94, n. 4, p. 556-563, Apr. 2010 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2010000400019&lng=en&nrm=iso>.
access on 20 May 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2010000400019.
FONSECA, Cláudia
Sampaio; VILORIA, Marlene Isabel Vargas; REPETTI, Leandro. Alterações fetais
induzidas pelo uso de antiinflamatórios durante a gestação. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 32, n. 3, p.
529-534, June 2002 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782002000300027&lng=en&nrm=iso>.
access on 20 May 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782002000300027.
Texto elaborado pelas Acadêmicas de Enfermagem Joyce de Souza e Paloma Gurgel e pelo Professor Dr. Éder Freire.
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