Gestão de Qualidade no Contexto Hospitalar: Conceitos e Reflexos

A administração hospitalar dispõe de vários modelos de gestão para o gerenciamento de suas atividades. Diante das demandas atuais, como a exigência pelo aumento da produtividade, a diminuição de gastos e a busca constante pela qualidade dos serviços ofertados que atendam as expectativas do cliente/paciente, as organizações tem o compromisso de buscar o modelo que supra da melhor forma essas necessidades. Dentre esses, a Gestão de Qualidade Total (GQT) vem sendo utilizado com frequência.
A GQT é uma representação de um modelo gerencial desenvolvido no Japão após a segunda Guerra Mundial, primariamente voltada para indústria e que aos poucos se inseriu no campo da saúde diante dos resultados positivos trazidos por ela nesse meio (BALSANELLI; JERICÓ 2005). Essa por sua vez, pode ser definida como uma maneira de fixar uma assistência pautada em um padrão de qualidade superior, que atenda aos anseios e necessidades dos que irão desfrutá-la (PERTENCE; MELLEIRO, 2010).

De acordo com Lima et al. (2009), a GQT utiliza preceitos como planejamento, identificação, controle de processos, organização do ambiente, preparo de trabalhadores e autoavaliação para tornar a organização melhor, devendo esses preceitos fundamentar-se em uma ampla percepção da organização, que auxiliará na precisão de corte de custos desnecessários sem que afete a excelência do serviço (GURGEL JÚNIOR; VIEIRA, 2002).

A qualidade enfatizada nesse modelo administrativo tem por objetivo alcançar os interesses internos da empresa, a satisfação de seus clientes/consumidores e também a reestruturação e redução de carências encontradas nos hospitais, priorizando assim, o ser humano em si e a busca permanente por aperfeiçoamento, além de possibilitar o gerenciamento participativo com compartilhamento e descentralização do poder, potencializando mudanças que oportunizam a obtenção das necessidades dos pacientes, considerando suas expectativas, o que vem motivando a utilização da GQT nessas instituições de saúde (BALSANELLI; JERICÓ, 2005).

No entanto, é preciso destacar que nem tudo são aspectos positivos, algumas características contribuem para que possa haver inviabilidade de uma gestão de qualidade estável, como: análise superficial do ambiente institucional; limitação à identificação dos problemas sem descrição das possíveis soluções; enfoque na eficiência pautada no lucro, entre outras (GURGEL JÚNIOR; VIEIRA, 2002).

Além dos pontos negativos, os mesmos autores alegam que algo prejudicial a efetivação da GQT é a divergência entre o que foi planejado e o que realmente é executado (contrariedade entre “o fazer e o pensar”) característico da Gerência Taylorista e permanência do Modelo Flexneriano que ainda resiste nos hospitais onde a clínica biologicista é priorizada em detrimento de outros aspectos, inclusive os administrativos.

Diante do exposto percebe-se que a GQT apresenta fatores que podem beneficiar várias organizações hospitalares desde que seja levada em conta a complexidade da instituição e análise profunda das características internas, no entanto, sua implantação requer um planejamento adequado e avaliações constantes para que esses obstáculos sejam superados e os ganhos na qualidade possam ser obtidos.

Referências:
BALSANELLI, A. P.; JERICO, M. C. Os reflexos da gestão pela qualidade total em instituições hospitalares brasileiras. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 18, n. 4, p. 397-402, dez. 2005.

GURGEL JUNIOR, G. D.; VIEIRA, M. M. F. Qualidade total e administração hospitalar: explorando disjunções conceituais. Ciênc. saúde coletiva, São Paulo, v. 7, n. 2, p.325-34, 2002.

LIMA, G. O. et al . Metodologia para implantação de um sistema de gestão da qualidade em um centro de diálise. Acta paul. enferm., São Paulo,  v. 22, n. spe1, p. 580-2, 2009.

PERTENCE, P. P.; MELLEIRO, M. M. Implantação de ferramenta de gestão de qualidade em Hospital Universitário. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 44, n. 4, p.1024-31, 2010.

Texto elaborado pelo Acadêmico de Enfermagem Mike Douglas e pela Professora Ma. Fabiana Ferraz.

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