Síndrome da fragilidade em Idosos: Processo do Envelhecimento

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera idoso, aquele com 60 anos ou mais de idade nos países em desenvolvimento e 65 anos ou mais nos países desenvolvidos. O Brasil, país em desenvolvimento, possui uma população idosa crescente a cada ano, no último censo realizado pelo IBGE, em 2010, a população de idosos passou a representar 10,8% do povo brasileiro, ou seja, mais de 20,5 milhões de pessoas estão na faixa etária acima de 60 anos. A estimativa é de que nos próximos 20 anos esse número mais que triplique, resultando em uma expectativa de vida maior a cada ano (IBGE, 2010). Essa nova realidade gera desafios para a melhoria e manutenção da qualidade de vida, bem como para a promoção do envelhecimento ativo e saudável dessa população.
(FONTE: noticias.band.uol.com.br/cidades/amazonas/noticia/100000619057/secretaria-de-saude-abre-curso-para-quem-precisa-cuidar-de-idoso.html)
O processo de envelhecimento em populações com expectativa de vida cada vez maior requer dos sistemas de saúde pública, modificações apropriadas para o tratamento, promoção e recuperação da saúde e prevenção de doenças. Essa população é caracterizada por um índice de vulnerabilidade elevado que ao passar dos anos, pode apresentar aumento nas mudanças fisiológicas, motoras e psicológicas que não representam em si doença, mas sim um processo esperado decorrente da velhice, inerente a todos os indivíduos da referida faixa etária.

Nesse contexto, o envelhecimento é considerado um processo progressivo e dinâmico, no qual ocorrem modificações de ordem física, bioquímica, funcional, social, cultural e psicológica, com relativa perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, assim como maior prevalência para o desenvolvimento de processos patológicos associados a essas condições. Desta forma, o envelhecimento leva a uma dependência funcional, o qual acarreta vulnerabilidade a fatores internos e externos, predispondo a riscos de morbimortalidades (LANA, L.D; SCHNEIDER, R.H, 2014).

Existem alguns conceitos fundamentais para avaliar o envelhecimento, como o nível de fragilidade e de incapacidade funcional de idosos. Linck e Crossetti (2011) definem fragilidade como uma consequência praticamente inevitável do envelhecimento, sendo caracterizada como síndrome clínica evidenciada por sinais e sintomas como: perda involuntária de peso, relato verbal de fadiga, diminuição da velocidade da marcha, diminuição e/ou perda da força muscular de preensão, assim como diminuição das relações sociais, que podem ocasionar situações adversas, como: quedas, dependência, doenças crônicas, hospitalizações e morte.

Para Tribess e Oliveira (2011) existe uma dificuldade entre os estudiosos de se chegar a um consenso de caracterização da fragilidade humana, ocasionando barreiras na comunicação entre os especialistas da área. A não padronização do conceito de fragilidade em idosos inviabiliza as generalizações em virtude dos inúmeros instrumentos de avalição utilizados para identificar a síndrome da fragilidade em pessoas idosas. Portanto, há a necessidade de se encontrar métodos de avaliação que possam subsidiar os mecanismos de prevenção de incapacidades e promoção de saúde.

Diferentes instrumentos são utilizados por profissionais da saúde para avaliar e rastrear declínios funcionais em idosos, na tentativa de qualificar e identificar a presença da síndrome da fragilidade. A mensuração dessa síndrome pode ser feita de diferentes formas dentre as quais ressalta-se a Escala de Katz, que avalia as atividades básicas de vida diária (ABVD); Escala de Lawton, para atividades instrumentais de vida diária (AIVD); Mini Exame do Estado Mental (MEEM); Escala Internacional de Eficácia de Quedas (FES); e a Medida de Independência Funcional (MIF) que avalia a capacidade funcional de idosos. Sendo estes procedimentos avaliativos de suma importância para a caracterização desta síndrome.

Entretanto, Lana e Shneider (2014) contextualizam afirmando que as escalas acima citadas, não enfocam na temática da fragilidade no idoso, o que poderia ser explicado pela Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE), na qual avalia a qualidade de vida de idosos. Essa avaliação feita pela EFE, constituída por nove domínios confirma com maior clareza, a fragilidade de idosos, sendo estes: estado geral de saúde, independência funcional, desempenho funcional, cognição, humor, utilização de medicamentos, nutrição e continência, os quais estão diretamente relacionados ao estilo de vida, educação, saúde, transporte e moradia.

Estudos feitos em diversos países comprovam uma maior suscetibilidade de fragilidade em idosos do sexo feminino, com renda socioeconômica baixa, baixo nível de escolaridade e morbidades preexistentes (CORDEIRO et al., 2015; LANA; SCHNEIDER, 2014; FHON et al, 2012; TRIBESS; OLIVEIRA, 2011). Outro facilitador para o desenvolvimento da síndrome de fragilidade é a institucionalização de idosos, que se relaciona a qualidade de vida anterior a institucionalização e a forma de entrada na instituição e o avanço da idade que pode associar-se a maior debilitação para realização das atividades de vida diária (Cordeiro et al., 2015).

Assim, evidentes são as dificuldades encontradas para identificação e avaliação de fragilidades em idosos, principalmente no que concerne ao seu conceito e aplicação, devido aos inúmeros métodos avaliativos existentes. Seria necessária para subsidiar melhor as condições de manejo da fragilidade, a padronização do conceito desta síndrome entre os estudiosos, que embora não pareça, é comum em toda sociedade, suprindo carências teóricas e práticas, uma vez que a compreensão e identificação da Síndrome da Fragilidade em Idosos possibilita um cuidado ao idoso frágil de maneira mais singular e segura sobre sua vulnerabilidade, possibilitando um cuidado individual e atenção integral.

Referências
CORDEIRO et al. Qualidade de vida do idoso fragilizado e institucionalizado. Acta Paul Enferm, Fortaleza (CE); vol. 28, n. 4, p. 361-6, 2015.

FHON, J.R. S et al. Síndrome de fragilidade relacionada à incapacidade funcional no idoso. Acta Paul Enferm, Ribeirão Preto (SP), 2012; 00 (0): 000-0.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.  
LANA, L.D, SCHNEIDER, R.H. Síndrome de fragilidade no idoso: uma revisão narrativa. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, Rio de Janeiro; vol. 17, n. 3, p. 673-680, 2014.

LINCK, C.L; CROSSETTI, M.G.O. Fragilidade em Idosos: o que vem sendo produzido pela enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS); vol. 32, n. 2, p. 385-95, 2011.
NETO, J.B.F. Carta Aberta À População Brasileira. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2014. Disponível em:<http://sbgg.org.br/envelhecimento-no-brasil-e-saude-do-idoso-sbgg-divulga-carta-aberta-a-populacao-2/>. Acesso em: 06 de junho de 2016.

TRIBESS, S E OLIVEIRA, R.J. Síndrome da fragilidade biológica em Idosos: revisão sistemática. Rev. salud pública, Uberaba (MG), vol. 13, n. 5, p. 853-864, 2011.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Lana Lívia Linard e pela Professora Ma. Fabiana Ferraz.

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