Aumento dos casos de HIV/AIDS em idosos: despertar de profissionais de saúde

Com o avanço da ciência a expectativa de vida aumentou, e o número de idosos também. Esse avanço além de permitir que as pessoas vivam mais, desenvolveu estimulantes sexuais que permitem a prática sexual ativa, apesar da idade avançada (SILVEIRA et al., 2012). O que anteriormente era um assunto ignorado passa a ser tratado como problema de saúde pública tendo em vista o grande número de idosos contaminados com o vírus HIV.
(Fonte:agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/20103#.V2wIV9IrLIX)
Segundo dados do Ministério da Saúde (2006) entre os anos de 1996 – 2005 observou-se um aumento de HIV/AIDS entre pessoas acima de 50 anos. Na faixa etária de 50-59 anos os homens tiveram um aumento de 18,2% para 29,8%, e entre as mulheres de 6,0% para 17,3%. Crescimento esse que também pôde ser observado nesse mesmo período em pessoas com mais de 60 anos, passando de 5,9% para 8,8% nos homens e de 1,7% para 4,6% nas mulheres.

Esse aumento de contaminação pelo HIV/AIDS entre os idosos dá-se devido à resistência existente referente ao uso do preservativo, seja pelo medo de perder a ereção, por não saberem usar ou achar necessário apenas nas relações extraconjugais. Tendo em vista que essa faixa etária não tem o hábito de usar o preservativo desde o início da sua vida sexual, emerge um fator que dificulta a adesão para o uso do mesmo, facilitando as contaminações por infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) (OLIVEIRA; LIMA; SALDANHA, 2008).

Outro fator que pode colaborar com essas contaminações, gira em torno do mito que ainda existe na área da saúde e sociedade, de que as pessoas idosas são seres assexuados, suscitado um repensar das práticas assistenciais, na perspectiva de um agir integral que auxilia na compreensão e percepção da pessoa idosa como ser vulnerável ao risco de IST’s, para assim planejar ações assistenciais e preventivas que particularize a individualidade de cada ser (PEREIRA; BORGES, 2010).

É de grande relevância que os serviços de saúde possam desenvolver ações voltadas para HIV/AIDS, pois os idosos deixam de buscar os serviços de saúde por vergonha de serem visto recebendo informações sexuais, por ainda trazerem a cultura de que falar sobre sexo é errado e vergonhoso, tornando-os mais susceptíveis a contaminação, que quando presente leva a estigmatização e descriminação (PRAÇA; SOUZA; RODRIGUES, 2010).

Salienta-se a importância de investimentos públicos na educação para a saúde, apesar das conquistas legislativas já alcançadas, a educação em saúde ainda não é priorizada, tornando-se necessário a criação de recursos informativos direcionados as pessoas idosas com envolvimento e participação direta dos mesmos (PEREIRA; BORGES, 2010).

Desta forma, é fundamental ter consciência que os idosos são sexualmente ativos, cabendo aos profissionais de saúde esclarecê-los sobre prevenção, contaminação, transmissão e outras questões relacionadas ao HIV/AIDS, desacorrentando-os de um agir direcionado as doenças próprias do processo de envelhecimento.

Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. O controle da DST no Brasil. Programa Nacional de DST e AIDS. 2006.

GARCIA, G. S; et al. Vulnerabilidade dos idosos frente ao HIV/Aids: tendências da produção científica atual no Brasil. Rev. J. bras. de doenças sex. transm., Rio de Janeiro, v. 24; n. 3, pág. 183-188, 2012.

PEREIRA, G. S; BORGES, C. I. Conhecimento sobre HIV/AIDS de participantes de um grupo de idosos, em Anápolis-Goiás. Rev. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, pág. 720-725, 2010.

PRAÇA, N. S; SOUZA, J. O; RODRIGUES, D. A. L. Mulher no período pós-reprodutivo e HIV/AIDS: percepção e ações segundo o modelo de crenças em saúde. Rev. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 19, n. 3, pág. 518-525, 2010.

SILVEIRA, M.M; et al. Sexualidade e Envelhecimento: discussões sobre a AIDS. Rev. Káiros Gerontologia, São Paulo, v. 14, n. 5, pág. 205-220, 2011.

OLIVEIRA, J. S. C; LIMA, F. L. A; SALDANHA, A. A. W. Qualidade de vida em pessoas com mais de 50 anos HIV+: um estudo comparativo com a população geral. Rev. J. bras. doenças sex. transm., Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, pág. 179-184, 2008.

Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Sara Samirys Santana e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.

Comentários

  1. Tema bastante importante e que merece ser mais divulgado. A educação em saúde é imprescindível para a promoção da saúde.

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