Intoxicação exógena por acidentes com escorpiões
O
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX - criado em
1980 e vinculado à Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ - é responsável pela coleta,
análise e divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento registrados pela
Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica – RENACIAT. O
envenenamento ocorre quando o indivíduo entra em contato com uma substância tóxica,
seja por inalação, ingestão ou acidentes com animais peçonhentos e que causam
danos bioquímicos e fisiológicos podendo levar até a morte.
(FONTE: http://www.dddrin.com.br/wp-content/uploads/2014/06/Escorpiao-amarelo.jpg) |
Existe
uma série de animais e insetos que podem causar risco à saúde humana. Os
animais ao sentirem-se ameaçados utilizam de seus mecanismos para se defender e,
alguns desses mecanismos pode ser o veneno, como é o caso de algumas espécies
de cobras que utilizam a mordida como forma de defesa, algumas espécies de
abelhas, vespas, escorpiões e aranhas que injetam veneno quando atacam suas
presas ou quando se defendem de supostos agressores. Com o avanço das cidades e
desmatamento os acidentes com animais peçonhentos são comuns devido às
construções ficarem mais próximas das matas e os animais perdendo o seu espaço
natural acabam migrando para a zona urbana.
Neste contexto, destacam-se os acidentes com animais peçonhentos causados por escorpiões (escorpionismo), tendo em vista o aumento de quase 600% no número de acidentes e mortes causados por esses animais nos últimos 15 anos (BATISTA, 2016).
Como já referido, este aumento, assim como os outros casos de acidentes com animais peçonhentos está relacionado à expansão urbana sobre áreas antes ocupadas por matas e ao acúmulo de lixo e entulho que atraem insetos que servem de alimento para os escorpiões. Também colabora para isso a capacidade desses animais de se adaptarem a ambientes variados que vão das florestas úmidas até os desertos. Dentro dos domicílios os escorpiões podem se esconder em armários, calçados ou sob peças de roupas deixadas no chão, aumentando o risco de acidentes (BATISTA, 2016; BRASIL, 2014).
De acordo com o Ministério da Saúde, os escorpiões provocaram a maior parte do acidentes com animais peçonhentos no país, com 74.598 casos registrados e causaram mais mortes (119) que as serpentes (107), em 2015 (BATISTA, 2016).
Entre as cerca de 160 espécies de escorpião encontradas no Brasil, apenas 10 causam envenenamento em seres humanos, destes os escorpiões de importância médica que causam envenenamento pertencem ao gênero Tityus, com quatro espécies principais: Tityus serrulatus (escorpião-amarelo); Tityus bahiensis (escorpião-marrom); Tityus stigmurus (escorpião-amarelo do Nordeste); e Tityus obscurus (escorpião-preto da Amazônia) (BATISTA, 2016; BRASIL, 2014).
Sobre o mecanismo e ação do veneno contendo toxinas que é inoculado através do aparelho inoculador (ferrão/aguilhão) desses animais, sabe-se que tal veneno, formado por proteínas, enzimas, lipídeos, ácidos graxos e sais, tem ação sobre o sistema nervoso, causando dor intensa e dormência muscular no local da picada. Com menor frequência se observam efeitos sistêmicos como vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, sudorese intensa, agitação e sonolência. A dificuldade de respirar caracteriza os quadros mais graves, verificados principalmente em crianças. As picadas por Tityus obscurus, comum na região amazônica, podem causar também efeitos neurológicos, com espasmos, tremores e uma sensação de choque elétrico (BRASIL, 2009).
Na maioria dos casos, onde há somente quadro local, o tratamento é sintomático e consiste no alívio da dor por infiltração de anestésico como lidocaína 2%, ou analgésico sistêmico, como dipirona. O tratamento específico consiste na administração do soro antiescorpiônico (SAEsc) ou soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus) (SAA). Devendo-se utilizar prioritariamente o SAEsc, pois o SAA é indicado em casos de impossibilidade de diferenciação entre os acidentes com aranhas do gênero Phoneutria e escorpiões do gênero Tityus, ou em situação de falta do SAEsc (BRASIL, 2014).
No escorpionismo, o tempo entre o acidente e o início de manifestações sistêmicas graves é relativamente mais curto do que nos acidentes ofídicos. Sendo assim, em especial quanto às crianças, faixa etária onde os casos graves e óbitos são mais freqüentes, o diagnóstico e o tratamento em tempo oportuno são cruciais na reversão do quadro de envenenamento. Nos adultos em geral a maioria dos casos tem evolução benigna.
Destarte a busca da assistência imediata em hospitais é uma estratégia essencial de prevenção da morte por acidente com escorpião e além disso deve-se atentar para a prevenção de ocorrência de acidentes com esses animais através da limpeza dos terrenos que possam abrigar escorpiões, assim como evitar o acúmulo de lixos em domicílios e imediações.
Referências
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/intoxicacoes_envenenamentos.htm> Acesso em 22/08/17.
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/acidentes-por-animais-peconhentos> Acesso em 24/08/17.
BATISTA, E. L. Por que os escorpiões agora preocupam. Revista Pesquisa FAPESP, n 247. junho 2016. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/revista/ver-edicao-editorias/?e=247> Acesso em 24/08/17.
CALDAS, E. P. de.; DOURADO, F. S.; RECKZIEGEL, G. C. Escorpionismo. In: Guia de Vigilância em Saúde. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. p. 723-725.
BRASIL. Manual de Controle de Escorpiões. In: Epidemiológica. editor. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009. p. 72.
Texto elaborado pelos Acadêmicos de Enfermagem Isadora Roberta, Pedro Tiago, Francley Gonçalves, Enfermeiro Rubens Félix e pelo Prof. Dr. Eder Freire.
Neste contexto, destacam-se os acidentes com animais peçonhentos causados por escorpiões (escorpionismo), tendo em vista o aumento de quase 600% no número de acidentes e mortes causados por esses animais nos últimos 15 anos (BATISTA, 2016).
Como já referido, este aumento, assim como os outros casos de acidentes com animais peçonhentos está relacionado à expansão urbana sobre áreas antes ocupadas por matas e ao acúmulo de lixo e entulho que atraem insetos que servem de alimento para os escorpiões. Também colabora para isso a capacidade desses animais de se adaptarem a ambientes variados que vão das florestas úmidas até os desertos. Dentro dos domicílios os escorpiões podem se esconder em armários, calçados ou sob peças de roupas deixadas no chão, aumentando o risco de acidentes (BATISTA, 2016; BRASIL, 2014).
De acordo com o Ministério da Saúde, os escorpiões provocaram a maior parte do acidentes com animais peçonhentos no país, com 74.598 casos registrados e causaram mais mortes (119) que as serpentes (107), em 2015 (BATISTA, 2016).
Entre as cerca de 160 espécies de escorpião encontradas no Brasil, apenas 10 causam envenenamento em seres humanos, destes os escorpiões de importância médica que causam envenenamento pertencem ao gênero Tityus, com quatro espécies principais: Tityus serrulatus (escorpião-amarelo); Tityus bahiensis (escorpião-marrom); Tityus stigmurus (escorpião-amarelo do Nordeste); e Tityus obscurus (escorpião-preto da Amazônia) (BATISTA, 2016; BRASIL, 2014).
Sobre o mecanismo e ação do veneno contendo toxinas que é inoculado através do aparelho inoculador (ferrão/aguilhão) desses animais, sabe-se que tal veneno, formado por proteínas, enzimas, lipídeos, ácidos graxos e sais, tem ação sobre o sistema nervoso, causando dor intensa e dormência muscular no local da picada. Com menor frequência se observam efeitos sistêmicos como vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, sudorese intensa, agitação e sonolência. A dificuldade de respirar caracteriza os quadros mais graves, verificados principalmente em crianças. As picadas por Tityus obscurus, comum na região amazônica, podem causar também efeitos neurológicos, com espasmos, tremores e uma sensação de choque elétrico (BRASIL, 2009).
Na maioria dos casos, onde há somente quadro local, o tratamento é sintomático e consiste no alívio da dor por infiltração de anestésico como lidocaína 2%, ou analgésico sistêmico, como dipirona. O tratamento específico consiste na administração do soro antiescorpiônico (SAEsc) ou soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus) (SAA). Devendo-se utilizar prioritariamente o SAEsc, pois o SAA é indicado em casos de impossibilidade de diferenciação entre os acidentes com aranhas do gênero Phoneutria e escorpiões do gênero Tityus, ou em situação de falta do SAEsc (BRASIL, 2014).
No escorpionismo, o tempo entre o acidente e o início de manifestações sistêmicas graves é relativamente mais curto do que nos acidentes ofídicos. Sendo assim, em especial quanto às crianças, faixa etária onde os casos graves e óbitos são mais freqüentes, o diagnóstico e o tratamento em tempo oportuno são cruciais na reversão do quadro de envenenamento. Nos adultos em geral a maioria dos casos tem evolução benigna.
Destarte a busca da assistência imediata em hospitais é uma estratégia essencial de prevenção da morte por acidente com escorpião e além disso deve-se atentar para a prevenção de ocorrência de acidentes com esses animais através da limpeza dos terrenos que possam abrigar escorpiões, assim como evitar o acúmulo de lixos em domicílios e imediações.
Referências
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/intoxicacoes_envenenamentos.htm> Acesso em 22/08/17.
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/acidentes-por-animais-peconhentos> Acesso em 24/08/17.
BATISTA, E. L. Por que os escorpiões agora preocupam. Revista Pesquisa FAPESP, n 247. junho 2016. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/revista/ver-edicao-editorias/?e=247> Acesso em 24/08/17.
CALDAS, E. P. de.; DOURADO, F. S.; RECKZIEGEL, G. C. Escorpionismo. In: Guia de Vigilância em Saúde. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. p. 723-725.
BRASIL. Manual de Controle de Escorpiões. In: Epidemiológica. editor. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009. p. 72.
Texto elaborado pelos Acadêmicos de Enfermagem Isadora Roberta, Pedro Tiago, Francley Gonçalves, Enfermeiro Rubens Félix e pelo Prof. Dr. Eder Freire.
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