JULHO VERDE: MÊS DO COMBATE AO CÂNCER GINECOLÓGICO
A sociedade é habituada ao modelo biomédico centralizado apenas no diagnóstico e cura, como também o modelo verticalizado onde não há trocas de informações entre o paciente e o profissional. Para Costa, Santos e Mariano (2019), o câncer ginecológico representa uma grave problemática social, as condições de detecção precoce e tratamento muitas vezes são de difícil acesso e baixa adesão da população feminina. É através da Atenção Primária que os profissionais podem praticar a educação em saúde e trabalhar estas demandas.
O mês de julho é destinado a campanhas de prevenção de alguns tipos de câncer, incluindo os ginecológicos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil mais de 40% dos casos de câncer são de colo uterino, ovário e endométrio. No entanto, ainda pode afetar outras partes que compõem o sistema reprodutor feminino: vulva e vagina. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os cânceres ginecológicos são responsáveis no mundo por 19% dos diagnósticos dessa condição em mulheres, sendo o tumor do colo de útero o terceiro mais frequente nas mulheres no Brasil. Contudo, o câncer de ovário apresenta-se como a segunda neoplasia ginecológica mais comum em mulheres e a mais letal, ultrapassando o de mama.
Os fatores de risco variam para o desenvolvimento dessas neoplasias. No câncer de colo uterino, da vulva e vagina pode citar a infecção persistente pelo papiloma vírus humano (HPV), podendo ser prevenida por uso de preservativo durante relação sexual e, também, por vacinação contra a infecção. Nesse caso, o exame de Papanicolau é fundamental.
Já no câncer de ovário, na maioria dos casos, é detectado em estágio avançado. Isto pois, é considerado um tumor silencioso e de difícil rastreio. Sendo fatores de risco para o seu surgimento: idade superior a 40 anos, histórico familiar, não ter tido filhos após os 30 anos, uso contínuo de anticoncepcionais e reposição hormonal. Os exames que podem diagnosticar essa neoplasia são: a transvaginal e exame de sangue do marcador ovariano. Neste caso, pode ser prevenido por dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos e acompanhamento do ginecologista habitualmente.
E, por fim, o câncer de endométrio, sendo o que aparece mais comum em mulheres na menopausa. Entretanto, pode ocorrer em mulheres de qualquer faixa etária, portadoras do diabetes e que convivem com a obesidade. Além disso, é um tipo de câncer que pode estender-se e acometer outros órgãos. A prevenção se dá por acompanhamento médico regular e dieta equilibrada.
O INCA alerta para os sinais e sintomas desses tipos de cânceres: dores pélvicas persistentes, não restritas ao período pré-menstrual, inchaço abdominal, dor lombar persistente, sangramento vaginal anormal, febre recorrente, dores de estômago ou alterações intestinais, perda de peso acentuada, anormalidades na vulva ou na vagina e fadiga.
De acordo com esse Instituto, em 2022 são esperados cerca de 16.710 casos novos de câncer do colo de útero, sendo o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres (INCA, 2021). Contudo, segundo Santos et al 2019, o câncer do colo de útero possui progressão lenta até atingir os primeiros estágios da doença,e comparando a outras neoplasias é altamente prevenível, utilizando medidas simples de rastreamento a partir do exame citopatológico. Segundo a OMS, destaca- se que entre 30% e 50% podem ser prevenidos, incluindo o câncer do colo de útero. Portanto, a implementação de medidas seguras de prevenção nas comunidades são fundamentais para a diminuição de casos, detecção precoce e tratamento, e dessa forma a diminuição da incidência global.
Uma importante ferramenta no combate ao câncer ginecológico é a educação em saúde, nela o profissional de saúde executa a prática de humanização visando a construção do pensamento crítico da população feminina sobre o câncer ginecológico. E nessas ações de educação em saúde voltadas à comunidade possibilita-se uma melhor adesão das mulheres em busca dos serviços de saúde e estabelece uma relação de confiança profissional- paciente, visto que o câncer ginecológico possui altos índices de cura quando detectados de forma precoce. Bem como, é importante que as mulheres adquiram o autoconhecimento sobre seu próprio corpo e estejam atentas aos sinais e sintomas que ele pode apresentar, contribuindo, assim, para a detecção precoce dessas neoplasias tão prevalentes nas mulheres.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Câncer de ovário. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. 2022.
BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. 2022.
BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Incidência. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde. 2009.
CARVALHO. F. de K; C. L. M. O; F. F. R. A relação entre HPV e câncer de colo de útero: um panorama a partir da produção bibliográfica da área. Revista Saúde em Foco, n.11, 2019. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2019/02/021_A-RELA% . Acesso em: 27 jun. 2022.
COSTA, E. S; SANTOS, M. K. A; MARIANO, F. N. Educação em saúde como forma de prevenção do câncer de colo de útero e de mama: um relato de experiência. Ciências Biológicas e de Saúde Unit. Aracaju, v. 5, n. 3, p. 55-60, out. 2019.
SANTOS. S. J. et al. Educação em saúde como estratégia de prevenção do câncer do colo do útero: um enfoque na atuação do enfermeiro. Braz. J. Surg. Clin. Res, v.27,n.1, 2019, Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190607_205050.pdf. Acesso em: 24 jul 2022.
Texto produzido pelas acadêmicas Ana Beatriz Vasconcelos Fernandes de Oliveira, Ana Clara de Sousa Cavalcanti , Rafaela Amaro Januário e orientado pela Profa. Dra. Maria Berenice Gomes Nascimento.
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