Além de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva, é fator de risco para doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se manifestam, predominantemente, por doença isquêmica cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal. Em decorrência de cardiopatia hipertensiva e isquêmica, é também fator etiológico de insuficiência cardíaca. Déficits cognitivos, como doença de Alzheimer e demência vascular, também têm HAS em fases mais precoces da vida como fator de risco. Essa multiplicidade de consequências coloca a HAS na origem de muitas doenças crônicas não transmissíveis e, portanto, caracteriza-a como uma das causas de maior redução da expectativa e da qualidade de vida dos indivíduos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Os fatores de risco não-modificáveis são aqueles cuja a presença não depende das escolhas dos indivíduos, como:
• Idade avançada: Com o envelhecimento, a PAS torna-se um problema mais significante, resultante do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias. Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam HA, e deve-se considerar a transição epidemiológica que o Brasil vem sofrendo, com um número ainda maior de idosos (≥ 60 anos) nas próximas décadas.
• História familiar prematura de doença cardiovascular (homens > 55 anos e mulheres > 65 anos): Os fatores genéticos podem influenciar os níveis de PA entre 30-50%.
• Sexo: Em faixas etárias mais jovens, a PA é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. Assim, na sexta década de vida, a PA entre as mulheres costuma ser mais elevada e a prevalência de HA, maior.
• Etnia: Prevalência em pessoas de raça negra.
Já os modificáveis, podem ser evitados, reduzidos ou até eliminados a partir de mudanças no estilo de vida do indivíduo. Os fatores de risco modificáveis incluem:
• Excesso de peso: circunferência da cintura > 102 cm nos homens e > 88 cm nas mulheres.
• Obesidade: Índice de massa corporal maior ou igual a 30 kg/m2;
• Ingestão de álcool: Há maior prevalência de HA ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingeriam seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres (ROERECKE, M. et al., 2017; FUCHS, F. D; CHAMBLESS, L. E; WHELTON, P. K; NIETO, F. J; HEISS, G, 2001).
• Ingestão de sal: A ingestão elevada de sódio tem-se mostrado um fator de risco para a elevação da PA, e consequentemente, da maior prevalência de HA. A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a DCV e AVE, quando a ingestão média é superior a 2 g de sódio, o equivalente a 5 g de sal de cozinha. Estudos de medida de excreção de sódio mostraram que naqueles com ingestão elevada de sódio, a PAS foi 4,5 mmHg a 6,0 mmHg maior e a PAD 2,3 mmHg a 2,5 mmHg em comparação com os que ingeriam as quantidades recomendadas de sódio (MENTE et al., 2018).
• Sedentarismo: Há uma associação direta entre sedentarismo, elevação da PA e da HA.
• Dislipidemia: triglicerideos > 150 mg/dl; LDL-C > 100 mg/dl; HDL-C < 40 mg/dl.
• Estresse;
• Hiperglicemia;
• Uso de anticoncepcionais hormonais orais;
• Tabagismo.
Sendo assim, para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas e reduzir os riscos trazidos por elas, é recomendado pela OMS manter adequação do peso corporal, da hiperglicemia e da dislipidemia; reduzir a ingestão de sal, açúcar, alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas; ter controle do estresse aproveitando momentos de lazer; cessar o tabagismo; substituir anticoncepcional hormonal oral por outro método contraceptivo, além de praticar ao menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa por pelo menos 3x por semana (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014; BARROSO et al., 2021).
REFERÊNCIAS:
BARROSO, W. K. S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial–2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 116, p. 516-658, 2021.
ELLIOTT, P. et al. Intersalt revisited: further analyses of 24 hours sodium excretion and blood pressure within and across populations. Intersalt Cooperative Research Group. BMJ. v. 312, n. 7041, p. 1249-53, 1996.
FUCHS, F. D; CHAMBLESS, L. E; WHELTON, P. K; NIETO, F. J; HEISS, G. Alcohol consumption and the incidence of hypertension: the Atherosclerosis Risk in Communities Study. Hypertension. v. 37, n. 5, p. 1242-50, 2001.
MENTE, A. et al. Urinary sodium excretion, blood pressure, cardiovascular disease, and mortality: a community-level prospective epidemiological cohort study. Lancet. v. 392, n. 10146, p. 496–506, 2018.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Cadernos de Atenção Básica, n. 37. 128 p, 2014.
ROERECKE, M. et al. The effect of a reduction in alcohol consumption on blood pressure: a systematic review and meta-analysis. Lancet Public Health. v. 2, n. 2, p. e108–e120, 2017.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010.
Texto produzido pela acadêmica de enfermagem Erlaine da Silva Andrade e orientado pela Professora Dra. Elisangela Vilar.
Eixo temático: Tecnologias cuidativo-educacionais, condições crônicas cardiovasculares e saúde coletiva.
Linha de pesquisa: Tecnologias cuidativo-educacionais desenvolvimento e inovação no campo da saúde.
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