TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NA FASE PRÉ-ESCOLAR: COMO IDENTIFICAR?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), trata-se de um desarranjo neurobiológico, de caráter crônico com predisposição genética, que afeta os indivíduos desde a infância até o decorrer da vida adulta (LEME, 2014). A criança que é diagnosticada pode apresentar de forma intensa sinais como desconcentração, irritabilidade e impulsividade (BRZOZOWSKI; CAPONI, 2009).

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Dentro do ambiente escolar a criança com TDAH, sente dificuldade de exercer suas atividades, obedecer às regras de convivência ou observa-se um comportamento contido, sem interação e distração (PEREIRA, 2010). Desse modo, recursos punitivos são implementados na rotina dessas crianças sem haver resultados positivos, gerando traumas e preocupação dos pais, que por vezes não sabem como ajudar.

Além disso, Sena e Souza (2013) discursam que crianças em idade pré-escolar que convivem com esse transtorno podem apresentar dificuldade de interação com os outros colegas. Por terem personalidade forte, não desenvolvem empatia, não cumprem os combinados nas brincadeiras e, sem intenção, perdem os brinquedos que foram emprestados. Dessa forma, a criança com TDAH não se sente acolhida no colégio, o que resultará em atraso no seu desenvolvimento cognitivo e social.

Acresça-se, ainda, que o TDAH acomete ambos os sexos, independente de grau de escolaridade, situação socioeconômica ou nível cultural. Em cerca de 70% dos casos, o transtorno continua na vida adulta, se não for diagnosticado e realizado um tratamento adequado, precocemente, haverá sérios prejuízos na sua qualidade de vida (SILVA, 2014). 

A partir desses constructos e trazendo essa realidade para o espaço escolar, muitos professores relatam a dificuldade de trabalhar a inclusão de crianças e adultos com necessidades especiais, incluindo, nesse leque, o TDAH. Devido à dificuldade de concentração dessas crianças, muitas não sabem ler e escrever, o que acarreta um atraso no processo de aprendizagem, tornando-os muitas vezes analfabetos funcionais. (PIMENTA; SILVA; PELLI, 2020). 

No que diz respeito ao diagnóstico, ele é o primeiro passo para a realização de um tratamento adequado, sendo realizado por um médico especialista em TDAH e segue vários critérios médicos, com o fito de determinar o nível e gravidade do transtorno. É imprescindível que, além do exame no paciente, seja realizado, simultaneamente, uma entrevista com os pais e/ou cuidadores, pois muitas vezes a criança não consegue relatar de forma precisa o seu comportamento. O tratamento se baseia na compreensão e no apoio técnico ao paciente, além de ser importante a utilização da psicoterapia para melhorar o seu comportamento cognitivo e socioemocional. Alguns indivíduos podem necessitar de terapia medicamentosa e de técnicas neuromoduladoras, como a Estimulação Magnética Transcraniana - EMT (MISSAWA; ROSSETTI, 2014). 

Sob esse viés, é de suma importância, o desenvolvimento de estudos e de pesquisas referentes a esse transtorno, com a finalidade de adequar e sistematizar o diagnóstico e o tratamento. Dessa forma, será possível construir novas estratégias e instrumentos que visem um tratamento adequado e completo, o que irá proporcionar um melhoramento na qualidade de vida desses pacientes.


REFERÊNCIAS:

BROZOZOWSKI, F.S; CAPONI, S. Transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade: classificação e classificados. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2009, v.19, n.4, p. 1165- 1187. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/Bsknx48NXNdSbDr4bs8HwCB/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 08 de julho de 2022.

LEME, L. O que é TDAH. Associação Brasileira de Déficit de Atenção, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/. Acesso em: 08 de julho de 2022.

MISSAWA, D. A; ROSSETTI, C. B. Psicólogos e TDAH: possíveis caminhos para diagnóstico e tratamento. Construção psicopedagógica, v. 22, n. 23, p. 81-90, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542014000100007. Acesso em: 08 de julho de 2022. 

PEREIRA, R. A.  A Criança com TDAH e a Escola. Associação Brasileira de Déficit de Atenção, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://tdah.org.br/a-crianca-com-tdah-e-a-escola/. Acesso em: 08 de agosto de 2022.

PIMENTA, P. C; SILVA, A. C; PELLI, A. Crianças e adolescentes com TDAH no ambiente escolar: revisão bibliográfica. Revista Contemporânea de Educação, Minas Gerais, 2020, v. 15, n. 33, p. 43-53. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/33736/pdf. Acesso em: 08 de julho de 2022. 

SENA, S.SOUZA, S.L.K. Percepção dos pais sobre amizade em crianças típicas e com TDAH. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro,  2022, v.25, n.1, p. 53-72. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pc/a/fZbPJ6xbCxwFCgfzgXVfrjN/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 08 de julho de 2022.

SILVA, A. B. Mentes Inquietas: TDAH-desatenção, hiperatividade e impulsividade. Principium, 2014. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=NTtGBQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT7&dq=tdah&ots=-7D2Jo0Dt3&sig=V9FjcryMLnoJh5bV5JV852Iaalo. Acesso em: 08 de julho de 2022.


Texto produzido por Rebeca Rodrigues da Silva, Larissa Barbosa de Freitas, Kaline Oliveira de Sousa, Maria Amélia Lopes Martins e Laísa de Sousa Marques, sob orientação do Professor Dr. José Ferreira Lima Júnior.

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