A Essência da Educação Permanente: Entendendo o seu Papel na Saúde Pública
A educação permanente em saúde trata-se de uma prática de
ensino-aprendizagem vista como uma política de educação na saúde. Instituída
pelo Ministério da Saúde, em 13 de fevereiro de 2004, por meio da Resolução CNS
n. 353/2003 e da Portaria MS/GM n. 198/2004 (CECCIM; FERLA, 2009), e alterada
recentemente em 20 de agosto de 2007, é compreendida como uma estratégia para
fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), com objetivo de modificar, trabalhar
e aprimorar as práticas de saúde nos setores formados por profissionais,
acadêmicos, gestores e representantes sociais.
Para muitos educadores, a educação permanente em saúde
configura um desdobramento da Educação Popular ou da Educação de Jovens e
Adultos, perfilando-se pelos princípios e/ou diretrizes desencadeados por Paulo
Freire, que contemplam educação conscientizadora, libertadora e inovadora.
No que remete ao SUS, uma gama de conhecimentos se faz
necessário para almejar a integralidade da atenção à saúde. Por tratar-se de
princípio doutrinário, o SUS precisa oferecer artifícios para que se possa
chegar na concepção entre educação e saúde, configurado pelo resultado da ação
política de indivíduos e da coletividade pela compreensão das dimensões
sociais, éticas, políticas, culturais e científicas. Portanto, a educação
permanente se enquadra para tal, pois tem como objetivo superar limites de
formação e de práticas tradicionais de saúde (CARVALHO & CECCIM, 2006).
Tende para uma relação de ensino-aprendizado, a qual se
caracteriza pela estimulação à produção de conhecimentos pelos envolvidos na
realidade e na vivência da saúde, e em seus cotidianos. Com isso, procura-se
elevar o caráter questionador de cada indivíduo, e a partir daí, problematizar
a realidade que o cerca em busca de novas ideias para aprimorar a qualidade do
sistema de saúde. Assim, busca-se entender a realidade de maneira crítica e reflexiva,
levando em consideração as experiências e vivências de cada ser humano, não havendo
superioridade entre educador e educando, sendo uma relação mútua de troca de
saberes que opõe-se ao processo mecanicista, o qual o conhecimento é
desvinculado do cotidiano e os alunos possuem papel passivo no aprendizado.
Sendo assim, na educação em saúde, não existe uma relação
desigual entre educando e educador, há um intercâmbio de informações e
percepções. Sendo necessário um “estranhamento” aos novos saberes, e em alguns
casos, um “remodelamento” dos conhecimentos e práticas que o indivíduo já
possui, arraigados às concepções de educação, sociedade e saúde, para facilitar
o intercâmbio do modo de produção. Contudo, não quer dizer que os saberes já
conhecidos estejam errados, mas sim a adoção de uma postura que vise absorver
os mais diversos ensinamentos e julgá-los dignos ou não para aprimorar o que já
se sabe, sendo fundamental para a construção de uma reflexão crítica da
realidade.
Portanto, é na vivência onde se percebe se há necessidade
desse remodelamento de conhecimento, pois a percepção de que algo está
insatisfatório funciona como alarme para o indivíduo racionalizar sobre as
melhores formas de agir.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro.
Portaria nº 198/GM/MS, de 13 de fevereiro de 2004. Brasília: MS, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde.
Resolução n. 353/2003 . Brasília: MS, 2003.
BRASIL. Ministério da Saúde.
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão
da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde /
Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde,
Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
2009. 64 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006;
v. 9).
CECCIM, R. B.; FERLA, A. A. Educação Permanente em Saúde.
In: DICIONÁRIO da Educação Profissional em Saúde.Rio de Janeiro: Fundação
Oswaldo Cruz. Escola Politécnicade Saúde Joaquim Venâncio, 2009. Disponível em:
<http://www.epsjv.fiocruz.br /dicionario /verbetes w/edupersau.html>.
Acesso em: 17 jun. 2015.
CARVALHO, Y. M. & CECCIM, R. B. Formação e educação
em saúde: aprendizados com a saúde coletiva. In: CAMPOS, G. W. S. et al.
(Orgs.) Tratado de Saúde Coletiva.
São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec/Fiocruz, 2006.
Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Paloma Gurgel e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.
Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Paloma Gurgel e pela Professora Me. Fabiana Ferraz.
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