Diagnóstico do câncer de próstata: o toque pela vida
A próstata é uma glândula masculina localizada na parte
inferior do abdômen, frente à bexiga, envolvendo
a uretra, que é o canal que transporta a urina. É a maior glândula sexual
acessória do homem e tem função na parte reprodutiva produzindo parte do
liquido seminal que transporta os espermatozoides provindos
dos testículos. A próstata varia de tamanho ao longo dos anos, mas a
partir dos 40 anos de idade o crescimento das células dessa glândula é maior.
Dessa forma, o Câncer de Próstata
é um tumor que se forma através da divisão e multiplicação desordenada das
células da glândula. Geralmente essa divisão acontece de forma lenta,
onde não surgem sinais e não traz prejuízos à vida do homem, porém alguns desses
tumores crescem de forma rápida podendo levar à morte, por isso torna-se tão
importante ser feito o diagnóstico precoce da doença.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em
2014 foi estimado 68.800 novos casos de Câncer
de próstata. Este aumento significativo nas taxas de incidência no ano
de 2014 pode estar relacionado ao aumento da expectativa de vida, aos métodos
de diagnóstico e às constantes campanhas ofertas pelo Ministério da Saúde.
Porém, mesmo com
as constantes sensibilizações sobre a importância da prevenção desse tipo de
câncer, a população masculina ainda procura somente o serviço especializado quando
a doença já está avançada. Os exames mais realizados para se detectar esse tipo
de câncer são: o toque retal, o exame do Antígeno prostático específico (PSA) e
o exame de ultrassonografia transretal.
O
cuidado e a descoberta prévia do câncer de próstata, métodos fundamentais para
o seu controle, apresentam como quesitos primordiais o conjunto de ações
educacionais permanentes, obstinadas e ágeis para os homens, valorizando os
seus valores culturas e crenças, visando, com isso, a quebre de certos tabus.
Julga-se que essas atividades educativas devam sensibilizar os homens, com
vistas ao empoderamento dos saberes que envolvem os aspectos do câncer de
próstata (PAIVA et al., 2010).
Entende-se
que os valores culturais são uns dos principais motivos para que o homem não
procure o serviço de atenção integral. Há no imaginário da população masculina,
que os mesmos são fortes e inabaláveis, sendo incapazes de adoecer e demonstrar
fraqueza, e consequentemente limitações com o autocuidado.
Moscheta
e Santos (2012), acrescentam ainda que os elementos socioculturais, incluindo
os estereótipos de gênero, valores e crenças que definem o que é ser masculino,
têm sido entendidos como empecilhos na implementação de ações
de cuidado em saúde. Desta forma, o exame do toque retal, embora muito eficaz
quando associado com o exame de sangue na detecção precoce do tumor de
próstata, ainda é relativamente pouco realizado, provavelmente por estancar em
preconceitos atrelados aos estereótipos de gênero.
A
resistência surge, então, porque veem o toque retal como algo que “conspiraria”
contra a noção de masculino. Nesses casos, a masculinidade é usada como
estrutura para a formação da identidade, ditando conceitos a serem seguidos
para que sejam reconhecidos como “machos” e não serem questionados por aqueles
que possuem as mesmas crenças (SOUZA, et al., 2011).
Os obstáculos encontrados pelo homem
que ocasiona em maior incidência de casos de Câncer de Próstata são a carência
de informação da população, os fatores culturais e o desconhecimento da
importância do toque retal, além do medo e o constrangimento. Para evitar esses
problemas são necessários maiores esclarecimentos por parte do serviço de saúde, que devem oferecer um
bom acolhimento, consultas, e informações sobre os exames para
diagnóstico e o seu tratamento, sempre considerando os aspectos emocionais
envolvidos pelo homem e o apoio familiar como base para que o mesmo sinta-se
seguro e pronto para cuidar da sua saúde.
Logo,
as ações educativas em saúde devem contribuir para a transformação de uma
prática cuidativa preventiva e melhorar percepção dos homens sobre sua
relevância no cuidado à saúde. A partir do respeito à singularidade e à
dignidade humanas, os profissionais poderão restringir os constrangimentos e os
medos dos homens para que eles sejam mais autônomos e participativos na
produção de sua saúde (BELINELO et al., 2014).
Referências
BELINELO,
R. G. S. et al. Exames de rastreamento para o câncer de próstata: vivência de
homens. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 18, n.
4, p. 697-704, Dez. 2014.
BRASIL.
Instituto Nacional De Câncer. Próstata.
Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata>. Acesso em:
11 nov. de 2015.
MOSCHETA,
M. S; SANTOS, M. A. Grupos de apoio para homens com câncer de próstata:
revisão
integrativa da literatura. Ciência &
Saúde Coletiva, 2012.
PAIVA, E. P; MOTTA, M. C. S; GRIEP, R. H. Conhecimentos,
atitudes e práticas acerca da detecção do câncer de próstata. Acta Paul
Enferm., 2010.
SOUZA, L.M; SILVA, M.P; PINHEIRO, I.S. Um toque na
masculinidade: a prevenção do câncer de próstata em gaúchos tradicionalistas. Rev. Gaúcha Enferm., 2011.
Texto elaborado pela Acadêmica de Enfermagem Marília Torres e pelo Professor Me. Marcelo Costa
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